Este foi o último livro que li em 2014 e infelizmente não foi tudo o que esperava. Assim que vi as divulgações sobre ele, logo me interessei, achava que era um NA profundo e bem explorado, mas errei feio. Eu dificilmente acho um livro ruim, eu sempre tento tirar algo de bom do enredo e mensagens positivas mas a mensagem de Willow está tão escondida em volta de tantas ladainhas que foi extremamente complicado a leitura para mim. O que era para ser lido em no máximo dois a quatro dias, durou quinze e ainda passei algumas leituras na frente.
Willow é uma menina de 17 anos e um acidente fatal marca para sempre sua família, seus pais acabam falecendo e como ela guiava o carro, se culpa inteiramente pela morte de ambos. Culpa, vítima, responsável, culpa. Willow se martiriza com isso o livro todo, durante as 150 primeiras páginas nada acontece, nós ficamos presos a uma narrativa desgastante e aos relatos repetitivos de Willow sobre sua condição atual.
Na medida do possível, Willow tenta retomar sua vida, ou parte do que restou dela. O problema é que ela não se abre com ninguém, muito menos com David, seu irmão mais velho e nem com Cathy sua cunhada. Ela também se afastou totalmente de sua melhor amiga Markie, resultado? Ela se culpa por suas próprias conclusões. Ela se acha um fardo para o irmão e acaba realmente sendo.
É difícil manter um segredo quando ele está escrito por todo o seu corpo.
Em uma nova cidade e escola, Willow fingi muito bem, estar bem. Mas ela se tortura tanto em seus pensamentos, revive tantas vezes o acidente em sua mente que logicamente, como qualquer adolescente com traumas, acaba sofrendo com isso, ela bloqueia totalmente a dor e o luto que deveria sentir e foi assim que Willow começou a se mutilar, os cortes são nos pulsos, nas pernas, ou em qualquer parte do corpo que estivesse disponível e curado para o seu ato.
Inevitavelmente ela acaba conhecendo alguns colegas de aula e dentre eles, ela acaba conhecendo Guy, que mais tarde acaba descobrindo seu terrível segredo. Sensato que é, Guy fica atormentado com o que descobre e não consegue simplesmente seguir sua vida. O que ele não imagina é que diante toda sua preocupação com Willow, ele acabaria despertando coisas novas que ela pensou ter morrido junto com seus pais.
Resumindo, é isso que acontece no livro todo gente. Ela é uma personagem chata, tem consciência de seus problemas, sabe que poderia ter ajuda mas não quer. A sensação que eu sentia era que ela gosta de se sentir assim. A narrativa é em terceira pessoa, mas eu nunca li nada assim, eu me perdia facilmente nos acontecimentos e alguns evoluíam rápido demais. Na mesma linha nós pulávamos de uma cena romântica e bonitinha para depois presenciar ela se cortando, com litros de sangue derramado e nenhum ponto dado.
Não consegui ver uma evolução na história, infelizmente Julia Hoban tentou passar algo da maneira errada, pelo menos comigo não funcionou. Ela até tentou contornar e incluir na trama relações com Shakespeare e suas obras mas não rolou, é até fofo estas partes com Guy, admiro o personagem, mas se eu pudesse falaria para ele fugir dali. Sinceramente eu não entendo sobre a doença e o motivo que leva as pessoas a fazerem este tipo de coisa, até por que nunca passei por nenhum trauma semelhante, mas mesmo assim não vi força de vontade em Willow, a única coisa que vi, foi alguém que teve sim, um problema grave em sua vida, que não conseguiu encarar isso e resolveu se esconder atrás da sua doença e gostar disso e querer isso desesperadamente.
O que salva o livro é Guy e David. Pois se excluíssemos todos os outros personagens teríamos a mesma história, nenhum deles conseguiu ser imprescindível. Entre trancos e barrancos o final é satisfatório e real mas me deixou sem esperanças…uma pena que só no fim a personagem conseguiu enxergar e tomar certas atitudes para sua própria vida e principalmente saúde.
A diagramação é boa, fonte em tamanho bom mas os capítulos são muito extensos o que dificultou ainda mais a leitura, mas a capa é linda, eu gostei. Me admirei lendo as resenhas do SKOOB, muitas pessoas gostaram da história, deram nota máxima e se rasgaram de elogios, mas eu achei o livro bem fraco, em todos os sentidos. Quem quiser se arriscar e dar uma oportunidade, leiam e depois me contem o que acharam, talvez eu tenha lido num momento errado.
- Willow
- Autor: Julia Hoban
- Tradução: Regina Cazzamatta
- Ano: 2014
- Editora: Leya
- Páginas: 352
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