Eu não sou escritora, não sei se conseguiria colocar em palavras todas as histórias que eu já criei na minha cabeça. Só de pensar em organizar tudo, lapidar os personagens e finalizar um livro eu fico um pouco tonta e ao mesmo tempo, completamente encantada. Pensando um pouquinho, e olhando o pouco que eu entendo sobre livros e suas histórias, ouso dizer que o mais difícil de escrever em uma série literária é o último e o segundo livro. Penso assim pois, quem foi fisgado pelo primeiro livro de uma série vai sair correndo para devorar o segundo, mas se este volume não estiver a altura do primeiro, e não for capaz de satisfazer quem o lê, acredito que dificilmente o leitor continuará com a da série. Por sorte, não é essa situação que encontramos em Dezessete Luas, segundo livro da série Beautiful Creatures.
O segundo livro da série nos apresenta mais detalhes, histórias e segredos do mundo Conjurador, além de nos agraciar com detalhes inesperados sobre a família de Ethan. É através deste volume que somos introduzidos e percebemos todas as consequências das escolhas realizadas no primeiro livro. Toda a história nos reserva grandes acontecimentos, novos personagens e retorno de outros, queridos ou não.
Vemos o mundo, conhecemos os sentimentos e observamos os acontecimentos através das percepções e relatos de Ethan Wate, o personagem principal da história. Para mim, esse pequeno detalhe, o simples fato de que todas a história ser narrada por Ethan, foi capaz de salvar uma boa parte do livro, pois a Lena apresentada nesse livro foi capaz de me irritar demais. Por sorte é tanta coisa acontecendo que a irritação sempre passava, pois Lena não é o foco da história.
O triste final do primeiro livro trouxe várias consequências, não apenas para Ethan Wate, meu querido e adorado personagem principal, mas também para Lena Duchanes e muitos outros personagens que se importam não apenas com a jovem Conjuradora, mas também com nosso querido mortal.
Após o enterro de Macon Ravenwood, realizado em um cemitério mortal com um caixão vazio, tudo começa a mudar. Logo no começo somos apresentados a um misterioso novo personagem, John Breed, um inacreditável híbrido de Conjurador e Incubus. Devido aos atos, de certa maneira, impensados de Lena durante o seu décimo sexto aniversário, sua Invocação foi interrompida, fazendo com que ela não descobrisse seu caminho. Por causa disso Lena precisa ser invocada, para as Trevas ou para a Luz, porém essa escolha é dura e cruel. Este detalhe, unido a morte de seu
tio, faz com que Lena se afaste mais e mais de Ethan.
tio, faz com que Lena se afaste mais e mais de Ethan.
Apesar de tudo, apesar do afastamento e mudança de comportamento de Lena, nós percebemos nitidamente que Ethan ainda a ama e quer fazer o possível para ajudá-la, para mostrar o melhor caminho a seguir. Porém como mortal ele mal sabe por onde começar, e não ajuda em nada estar totalmente afastado do mundo Conjurador. Assim, Ethan se volta para dois pontos importantíssimos nessa história, Link, seu melhor amigo desde sempre, e a Biblioteca de Gatlin.
É durante seu trabalho da biblioteca que Ethan conhece Olivia, a nova assistente da bibliotecária. Porém, aos poucos, Ethan descobre que Liv é muito mais do que uma simples assistente, ela é uma aprendiz de Guardiã. Marian Ashcroft, a bibliotecária de Gatlin e Guardiã da Lunae Libri a está treinando, desta forma ela sabe muito sobre o mundo de Lena, além de se tornar uma grande aliada durante toda a história desse livro!
Na minha mais sincera opinião, devo dizer que uma das melhores coisas exploradas neste volume da série é o fato de que nele nós descobrimos muito mais sobre os segredos do mundo Conjurador e da Lunae Libri. Através das descrições e acontecimentos nós somos transportados para diversos ambientes, as descrições e a escrita são capazes de fazer com que o leitor sinta os lugares, os espaços e a história, de uma forma mágica.Como eu havia comentado no começo da resenha, neste livro, nós descobrimos detalhes sobre a família de Ethan, percebemos o quanto sua família está ligada ao mundo de Lena, e o quanto o mundo Conjurador está intimamente interligado ao mundo mortal. Além disso, nós descobrimos novas espécies de conjuradores, novos seres das trevas além de conhecermos o grande antagonista
da série. Quem pensou que Sarafine, a mãe de Lena, seria a vilã da história estava muito enganado, ela não está sozinha, faz parte de um time muito maior e mais poderoso do que eu imaginava.
da série. Quem pensou que Sarafine, a mãe de Lena, seria a vilã da história estava muito enganado, ela não está sozinha, faz parte de um time muito maior e mais poderoso do que eu imaginava.
Esse livro me trouxe enormes surpresas e contentamentos, pela primeira vez em muitos anos um certo vazio dentro do meu coração foi aos poucos, a cada virada de página, preenchido. O sentimento de falta e perda que o trio Harry, Rony e Hermione deixaram foi, pela primeira vez, preenchido graças a esse livro. Em diversas cenas eu não poderia deixar de comparar o novo trio que se formava com aquele que conhecemos tão bem durante toda a saga de Harry Potter. Não estou dizendo que as autoras tivessem a intenção, ou quisessem que pontos da história se assemelhassem a algo, mas inevitavelmente, Link, Ethan e Liv se tornaram um trio tão querido quanto!
Acredito que o único ponto que realmente me irritou e decepcionou foi a Lena. A personagem mudou muito nesse livro, e na minha humilde opinião, mudou para pior. Neste volume Lena ficou muito vulnerável e influenciável, o que fugiu um pouquinho da personalidade que ela tinha no primeiro livro. Mas por sorte ela não é o foco principal do livro, que nos apresentou muita coisa do mundo dos conjuradores e abordou de maneira mais leve o romance, dando prioridade para o caos que se instalava na vida dos personagens e grandes acontecimentos do mundo Conjurador. No final das contas toda a minha irritação com Lena sumiu quando eu terminei o livro, conforme o final foi se aproximando eu entendi algumas atitudes da personagem e outras eu simplesmente relevei.
Por fim devo dizer que gostei muito do livro, realmente minha única crítica foi com Lena, os demais pontos da história me encantaram, cada ponta solta deste e do primeiro livro foram aos poucos se encaixando, assim como novas perguntas surgiram e pairam no ar. Agora eu estou muito ansiosa e tenho certeza de que uma ótima continuação me espera no terceiro livro. Eu sei que o livro é longo, quem olha para as 457 páginas pode se assustar um pouquinho, mas eu garanto que a leitura é bem fluida e quando você vê já virou 100 ou 150 páginas!
Como último detalhe eu só gostaria de destacar uma coisa. Ao longo da leitura eu fiz algumas comparações com outras séries, como Harry Potter, que eu citei nesta resenha. Existem sim, pequenos detalhes que se assemelham, ou nos lembram de outras histórias, como um acontecimento específico da série Instrumentos Mortais. Porém, acredito ser mera coincidência, mas com histórias como essas, que sem querer esbarram em pontos comuns, acredito ser inevitável ocorrerem comparações. Não é nada grave, mas acho bem interessante como uma história pode nos fazer lembrar de outra, ou ainda preencher aquele vazio e deixar saudade de outras sagas que já lemos.
- Beautiful Darkness
- Autor: Margaret Stohl, Kami Garcia
- Tradução: Regiane Winarski
- Ano: 2011
- Editora: Record
- Páginas: 457
- Amazon