No comecinho deste ano, eu recebi o livro Comprometida. Naquele momento eu já era apaixonada pelo trabalho da maravilhosa Elizabeth Gilbert, e confesso que me considerava uma grande fã dos livros dela, mesmo tendo lido apenas uma de suas obras. Foi por esse motivo que, quando esse pequeno livro apareceu na minha casa, eu fiquei extremamente feliz e ansiosa para começar a leitura. Hoje eu posso dizer com todas as letras que sou sim uma amante das obras da autora, essa obra foi uma maravilhosa surpresa.
Comprometida, apesar de ser conhecido, e até mesmo tratado como uma “continuação” de Comer, Rezar, Amar (resenha aqui), é extremamente diferente do livro best seller da autora. Esta obra está muito mais direcionada a temática de um livro de pesquisa, ou até mesmo uma conversa com a autora, do que um livro de memórias e experiências, como foi o caso de Comer, Rezar, Amar. Apesar desta grande diferença, e mesmo com uma pesquisa pesada realizada para a criação dessa obra, nós podemos ver muito bem a autora em todas as palavras, em todas as virgulas e pontos.Elizabeth Gilbert possuí a capacidade de se colocar em suas próprias palavras, seu texto não é distante e difícil de entender, pelo contrário, é leve, fluído e extremamente interessante, o que deixa o leitor próximo da autora, faz com que compartilhemos nossas opiniões com ela. A obra também abre espaço para que possamos nos identificar com esta ou aquela passagem, ou quem sabe com o livro inteiro, e na opinião de uma leitora que ataca em quase todos os gêneros, esse é um detalhe maravilhoso.
E só para ser clara: o livro que você tem nas mãos também não é uma história realista sobre homens masculinos fazendo coisas masculinas. Nunca diga que não foi avisado!
Mas deve estar se perguntando: “tudo bem, se esse livro é uma conversa com a autora, mas ao mesmo tempo é um livro de pesquisa, o que ele aborda?! E o que foi que levou a autora a escrever esse livro?!”. Pois eu lhes digo, pequenos gafanhotos e libélulas, para entender qual a abordagem do livro e seu tema, primeiro você precisará saber o que aconteceu, na vida de Elizabeth Gilbert, para que ela se lançasse em uma vasta pesquisa e acabasse escrevendo mais um ótimo livro.
Aqueles que já tiveram a oportunidade de ler Comer, Rezar, Amar, ou aqueles que já assistiram ao filme, sabem que no final da história (que por ser real, ainda está longe de acabar) Elizabeth faz as pazes com o amor e deixa para trás todo o sofrimento que carregava consigo, bem como as mágoas causadas por um divórcio turbulento. Ela também encontra uma pessoa maravilhosa e querida, que ilumina seus dias e os equilibra com sua presença. Com o tempo, Elizabeth e Felipe assumem uma posição de “quase casados”.Eles passam a viver juntos e dividem as responsabilidades domésticas em uma pequena casa nos Estados Unidos e seguem com suas profissões, da maneira como casados fariam. Porém um dia Felipe é barrado pela Alfandega, e esta decide que ele não poderá mais entrar no país, e muito menos receber um visto de trabalho ou turista, ele estava, basicamente, sendo botado para fora do país. É durante sua detenção na Alfandega, que um oficial declara o óbvio, se eles quisessem continuar vivendo juntos nos Estados Unidos, eles deveriam se casar e oficializar sua união para que Felipe tivesse livre acesso ao país.
Talvez estivesse pondo uma carga de expectativa muito mais pesada no casco velho e decrépito do matrimonio do que essa estranha embarcação era capaz de aguentar.
Conforme avançamos com a leitura do livro, e conhecendo pouco à pouco a história de Elizabeth e Felipe, nós iremos descobrir que existe uma grande burocracia para se casar com qualquer pessoa de outra nacionalidade. São necessários meses de espera em meio a incerteza de que o processo será realmente aceito pelo governo, são necessários diversos documentos do país de origem, do país que lhe concedeu nacionalidade, entre vários e vários detalhes e dores de cabeça.E foi em meio a espera, em meio a busca por todos os documentos necessários, que o nosso querido casal decide permanecer juntos até o final daquela espera, até que o processo fosse encerrado e que os dois pudessem voltar a sua rotina e vida normal. Para isso eles decidiram se lançar em meio a uma viagem que duraria o tempo que fosse necessário, e é assim que nossa nova história começa.
Foi durante essa longa fase de espera que Elizabeth Gilbert se volta para a complexa, delicada e tão conhecida instituição do casamento. Durante aqueles meses que passou longe de casa, ela pesquisou diversos aspectos do casamento. O que ela fez foi tentar entender o que é realmente essa instituição tão conhecida e ao mesmo tempo tão confusa conhecida, o que ela queria era fazer as pazes com essa instituição e estar preparada para sua segunda chance. Esse livro está recheado por sua pesquisa, para ser sincera, ele transborda, transpira pesquisa e informações, mas também
está recheado por opiniões, medos, ideias, confusões e pensamentos.É nessa obra maravilhosa e gostosa de ler, que a autora comenta sobre a história do casamento, sobre como, durante anos e mais anos, a instituição oprimiu mulheres ao redor de todo o mundo. A autora nos apresenta estatísticas interessantíssimas, mas também nos conta como foi ficar meses e meses esperando pelo dia em que poderia se casar com o homem que ama. Ela nos conta suas dúvidas, seus anseios e porque tinha medo de se casar novamente. Mas também nos preenche com amor, esperança e entendimento, e é isso o que mais encanta.
está recheado por opiniões, medos, ideias, confusões e pensamentos.É nessa obra maravilhosa e gostosa de ler, que a autora comenta sobre a história do casamento, sobre como, durante anos e mais anos, a instituição oprimiu mulheres ao redor de todo o mundo. A autora nos apresenta estatísticas interessantíssimas, mas também nos conta como foi ficar meses e meses esperando pelo dia em que poderia se casar com o homem que ama. Ela nos conta suas dúvidas, seus anseios e porque tinha medo de se casar novamente. Mas também nos preenche com amor, esperança e entendimento, e é isso o que mais encanta.
Então, por que não lhes dar as boas-vindas? Porque não recrutá-los aos montes para que, com asas heroicas. Salvem a velha instituição puída e debilitada do matrimonio de um bando de heterossexuais inúteis, apáticos e imprestáveis como eu?
Esse livro é muito mais do que um texto onde uma mulher faz as pazes com o casamento. É muito mais forte e poderoso do que um monte de pesquisas e informações reunidas em uma obra leve e fluída. Esse livro é uma conversa aberta sobre o que o casamento já foi e o que é hoje, é uma discussão aberta sobre os prós e os contras do casamento ao longo dos anos. Aqui percebemos a instituição como ela verdadeiramente é, complexa, confusa, por vezes opressora, mas também encantadora, bela e repleta de amor.
Após terminar a leitura de Comprometida eu me vi comovida, modificada, transformada. Não esperava gostar, e talvez até mesmo me identificar tanto com um livro sobre casamento, não esperava encontrar uma história da forma como foi desenvolvida, mesmo assim acredito que não existiria forma melhor para que essa obra fosse escrita. Elizabeth Gilbert não teve medo de apontar todas as falhas e erros dessa instituição milenar, porém, foi sábia em todos os aspectos positivos que levantou. No final das contas, o casamento é algo que todos buscamos, faz parte de nós como humanos, não sei dizer exatamente porquê, mas talvez o maior mistério e a maior tarefa humana, seja encontrar e recuperar a nossa metade roubada.
Em certo ponto da história, parece que esse homem maravilhoso percebeu que a minha vida não teria mais um enredo coerente sem ele no centro.
- Committed: a Skeptic Makes Peace with Marriage
- Autor: Elizabeth Gilbert
- Tradução: Maria Beatriz de Medina
- Ano: 2010
- Editora: Objetiva
- Páginas: 232
- Amazon