Quando 172 Horas na Lua apareceu na lista de lançamentos da Novo Conceito, meus olhos brilharam e minha vontade de ler o livro cresceu. Minhas expectativas com relação ao livro estavam no infinito, e pedi para a nossa querida Joi, se poderia solicitar o livro para conhecer de vez essa história. Imaginem vocês, qual foi a minha surpresa ao descobrir que tudo o que eu esperava dessa história, era mera ilusão.
Sempre me interessei pela temática espacial, adoro livros que nos mostrem viagens espaciais, novos planetas e situações que dão totalmente errado. Era isso que esperava desse livro, mas não foi tudo isso que recebi em troca. Confesso que me decepcionei um pouquinho, mas também recebi uma história envolvente e misteriosa, que me surpreendeu bastante.
A verdade é que… o que encontramos lá não é o tipo de descoberta que alguém pagaria para continuarmos pesquisando. Seríamos convidados a ignorar o assunto. Então fingimos que nunca existiu… e, de todo modo, o sinal desapareceu.
A história do livro se inicia através da reunião das maiores cabeças pensantes; comandantes e pessoal de marketing da NASA. O motivo dessa reunião importante e extremamente secreta era apenas um. Ali, naquela sala com apenas pessoas confiáveis e escolhidas a dedo, seria decidida a nova missão espacial da NASA, estaria em jogo o futuro dessa instituição tão conhecida e importante. A nova missão consistia em levar três adolescentes, sorteados entre inscritos do mundo inteiro, além de astronautas experientes, para a Lua. A viagem duraria 172 horas, e em seu objetivo de fachada, seria reconhecida mundialmente por se tratar de uma missão de coleta de amostras e realização de experimentos na superfície lunar.
É logo no início da narrativa que encontramos algumas informações sobre qual será o direcionamento desse livro. Mas é também logo no início da história que percebemos o quanto tudo isso não faz sentido algum, considerando uma história baseada em algo real e verdadeiro. Primeiramente, não acredito que a popularidade da NASA para com o público leigo e o mundo inteiro, seja um fator relevante para iniciar um sorteio mundial de seleção de três adolescentes que irão participar de uma viagem espacial (isso aqui não é a Fantástica Fábrica de Chocolates minha gente).Em segundo lugar, por mais que a equipe de marketing adorasse essa ideia maluca, eu duvido que a diretoria da instituição fosse aprovar uma ideia dessas, sem falar no fato de que o treinamento desses adolescentes deveria considerar uma idade maior do que acima de 14 anos. Querendo ou não, dependendo do adolescente, quatorze anos ainda é uma idade onde se fazem muitas burradas, vocês acreditam que a NASA confiaria em três adolescentes dentro de uma nave espacial cheia de botões e comandos?! E foi aí que o livro me perdeu, mas justamente quando eu pensava que tudo estaria perdido, é que o livro nos mostra que ainda possui algumas cartas na manga.
A isso seguiu-se outro pensamento que ela nem tinha ideia de onde viera, mas abriu caminho à força em meio à sua consciência e deixou-a apavorada: No espaço, ninguém pode te ouvir gritar.
Após conhecer a temática geral de 172 Horas na Lua, nós iremos entrar na vida dos três adolescentes escolhidos para a tão esperada e comentada, viagem à Lua! É no momento em que conhecemos as personalidades, os medos, anseios, e desejos de Antoine, Mia e Midori, que começamos a nos identificar com este ou aquele personagem, e passamos a desejar o bem a esse grupinho que teve a sorte (ou talvez, azar) de serem escolhidos para conhecerem o espaço. Acontece que a Lua guarda um segredo sombrio, um segredo guardado a sete chaves pela equipe da NASA, e é justamente em direção a esse segredo que nossos astronautas e adolescentes irão.
172 Horas na Lua não é um livro sobre o espaço. Não espere encontrar ficção científica, informações inteligentes e interessantes sobre os treinamentos, equipamentos e astronautas da NASA, ou ainda, situações em que os adolescentes precisarão utilizar todo o seu conhecimento sobre física, mecânica ou matemática para solucionar os problemas que surgirão ao longo de sua jornada. O foco dessa história está no mistério que cerca o satélite natural da Terra, e todas as missões fracassadas que a NASA realizou. Nossa chave de ouro se esconde no suspense que toma conta da narrativa assim que os astronautas iniciam sua jornada espacial, e está, no pequeno toque de terror que o autor soube aproveitar de tantos e tantos filmes e histórias criados e pensados até os dias de hoje.
Foi aí que ele sentiu. A mesma sensação que tinha agora, parado no corredor da DARLAH 2. A sensação de que não havia esperança. E de que nem toda a bondade do mundo poderia salvá-lo do mal bem ali, próximo dele.
Johan Harstad soube direcionar e montar muito bem sua história. O autor sabia o que queria desde o início, e foi capaz de utilizar diversas fórmulas, já velhas amigas dos amantes de terror e suspense, de uma forma primorosa, porém sem grande inovação. O livro segue uma fórmula simples, porém consegue fisgar o leitor desde o início, já que possuí tensão e mistério na medida certa. Tudo aqui foi muito bem pensado para te deixar confuso, apreensivo, ansioso para descobrir o que virá a seguir, qual será o mistério que espreita todas as frases dessa história. O problema é que, a partir do momento em que o mistério é desvendado, você saberá o final, e a história perde um pouco do brilho.
Mas onde a história perde o brilho, a edição duplica, triplica, quadruplica o brilho perdido. A Novo Conceito não está só de parabéns pela edição desse livro, ela deveria receber uma honraria, um título que destacasse todo o carinho demonstrado pela editora para com esse livro. Não tenho palavras para expressar o quanto esse volume está perfeito, lindo, maravilhoso. É de encher os olhos! Parabéns Novo Conceito, por nos trazer uma obra impecável e que deixa qualquer leitor com orgulho.
172 Horas na Lua é um livro que conseguiu unir o tema do espaço e de viagens espaciais de uma forma interessantíssima com os gêneros de suspense e terror. Esse é o tipo de livro que faz com que o leitor busque terminar a leitura o quanto antes, ele nos deixa ansiosos, cheios de teorias, porém, uma vez descoberta a verdade por trás de todos os acontecimentos, o final se torna muito simples e conhecido. Gostaria de ter visto mais originalidade do autor, pois já vi essa fórmula sendo utilizada muitas e muitas vezes. Mesmo assim, é uma leitura que vale a pena por ser instigante, além de ser uma ótima pedida para aqueles que querem ingressar aos poucos nos gêneros do terror e suspense. Desvende os segredos do lado escuro da Lua com essa história instigante.
O carregador apertou o botão do elevador e olhou para o painel iluminado, indicando que o elevador estava descendo, algo que já vira centenas ou milhares de vezes. Esta seria a última.
- 172 Hours on the Moon
- Autor: Johan Harstad
- Tradução: Camila Fernandes
- Ano: 2015
- Editora: Novo Conceito
- Páginas: 285
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