Esta semana tive a oportunidade de ver, em uma cabine de imprensa, a adaptação de Como eu era antes de você da autora Jojo Moyes. Estrelado por Emilia Clarke como Louisa e Sam Claflin como Will Traynor. Se você ainda não leu esta história, com certeza, já ouviu falar, o livro virou um bestseller mundial e ganhou ainda mais destaque assim que as filmagens começaram.
Neste caso, a grande sacada da autora foi recriar um tema marcante numa roupagem totalmente encantadora com personagens cativantes.
Lou é uma pessoa acomodada, tem um namoro estável, apesar dos pesares, e tem poucos atributos. Sozinha sustenta sua família que atualmente enfrenta problemas financeiros, até que as coisas mudam, quando a cafeteria que ela trabalha, há anos, fecha as portas. Ela se vê obrigada a conseguir um novo emprego e o mais rápido possível. É quando ela consegue a vaga como cuidadora de um jovem rapaz que, há dois anos, ficara tetraplégico em um acidente, este jovem é Will Traynor e é aí que começa nossa história.
Sobre a fidelidade da obra com o filme, não poderíamos esperar nada, além de algo mais fiel possível, contando apenas com pequenos ajustes na narrativa. Ajustes estes, que pouco pesaram no rumo da história. Tal feito só seria possível tendo a própria autora como roteirista do filme, e foi o que ela fez nos presenteando com muitos diálogos do original. O filme começa exatamente onde o livro começa, e a cena em questão é igual como imaginei durante a leitura.
Já no começo percebi que seria presenteada com uma adaptação incrível e sem dúvida emocionante. Eu estava certa, mas ainda não sei dizer se o filme consegue passar toda a riqueza de detalhes e a profundidade que a obra original passa. É algo que nos toca a alma, porém o filme permite uma conexão sem igual e extremamente rápida com os personagens. A verdade é que a adaptação é fiel dentro dos seus limites, mas em alguns aspectos ela pode sim, superar a obra. Se você já leu o livro e tem ele como um dos seus queridinhos, sem entreguem a adaptação, vai valer a pena.
Agora, depois de ter assistido, é difícil imaginar outros atores para desempenharem tais papeis. Emilia Clarke é a Louisa, sem tirar nem por. A atriz conseguiu transmitir todas as peculiaridades da personagem, a personalidade e a aparência (pontos para o figurino). Ela é engraçada quando tem que ser, atrapalhada quando precisa e, incrivelmente, emotiva quando as cenas mais profundas clamam. Sentimos uma valorização e um apego na personagem e, por isso, Emilia Clarke merece destaque com todas suas expressões faciais exageradas e até, por vezes caricatas. Eu ouso dizer que é exatamente isso que sustenta o filme, a forma humana e inocente de Lou com o cinismo e a depressão de Will. Existe um equilíbrio entre o humor e o drama que torna o longa extremamente sensível.
Já Sam Claflin consegue manter o ritmo de humor, mesmo que na maioria das cenas ele precise passar toda a angustia e infelicidade que o Will carrega preso na sua cadeira de rodas. Ele consegue passar toda a dor que o personagem sente, percebe-se uma entrega absoluta ao personagem. A preocupação do filme pelos simples detalhes, o cabelo longo e sem corte, a barba por fazer, a posição da mão que pouco se movimenta… tudo é tão bem trabalho que realmente podemos acreditar que Sam Claflin é um deficiente físico.
Os personagens secundários merecem um destaque, conseguimos nos apegar a eles e entender suas angustias, como no caso dos pais de Will, interpretados por Janet McTeer e Charles Dance. A família de Lou é uma atração à parte, o que reflete na personalidade de Lou. Seu namorado Patrick, interpretado pelo Mattew Lewis é igualmente marcante e recebe seu destaque no longa, ele ajuda a revelar a você que está assistindo um lado de Lou, um lado mais imaturo e talvez mais passivo.
As cenas em que envolvem, com muita sutileza, os cuidados com Will, principalmente as que mantém o personagem Nathan (Stephen Peacocke) em cena, que é o fisioterapeuta, chamaram totalmente a minha atenção. Percebemos que houve um cuidado para passar a realidade dos deficientes físicos fora da ficção. Alguns exemplos disso é a impotência ao desempenhar uma simples tarefa, entrar em restaurantes, ir a lugares públicos até as atividades corriqueiras que o paciente deve fazer, como sair da cama, tomar banho, etc.
O filme como um todo é bastante engraçado, o que funciona muito como desvio cômico, pois o filme traz à tona um clima emocional, às vezes, pesado. Contém um elenco incrível, um roteiro redondo e uma linda e espetacular fotografia. A direção é muito boa, a forma como algumas cenas são filmadas contribui que você sinta mais a emoção que deve ser passada. Os cenários, as locações, tudo trabalho junto a grande mensagem do filme. Quanto a isso, o filme entregou o que se precisa ver. O filme é emocionante, aborda um tema polêmico e absurdamente comovente, mas acima de tudo, vai passar uma mensagem importante para nossas vidas.
Viva intensamente, viva com ousadia e supere limites. Este é o carro chefe na divulgação do filme, é muito importante aprendermos mais sobre a liberdade e o direito de escolha. Estas são as principais lições que tiramos ao conhecer a história de Lou e Will. Como eu era antes você é um filme que vai te emocionar, que vai fazer você sair do cinema com esta reflexão na cabeça, mas também com um sorriso no rosto.