Gervase Ashford, Conde de Rosthorn, se aproxima de Morgan motivado apenas pela vingança. Obviamente que num primeiro momento ele a acha atraente, porém, muito nova. Mas na realidade, nada disso importaria diante suas reais intenções com a dama. Ao saber que Morgan é a irmã mais nova de Wulfric Bedwyn, a quem culpa pelos seus nove anos longe da Inglaterra, Gervase dedica boa parte do seu tempo para conquistar a moça, para que depois possa arruiná-la.
Tenho que lhe roubar um beijo. E já que a senhorita, de forma tão corajosa, alegou que não permitirá que lhe roube um segundo ou um terceiro, devo fazer o melhor possível no primeiro.
Apesar de todo plot principal, que envolve o desejo de vingança de Gervase e o envolvimento dele com Morgan, também seremos agraciados pelos acontecimentos históricos da época e pelas subtramas que envolverão personagens secundários e um em especial, muito querido por nós. E nossa… como Mary me deixou aflita neste livro, como ela conseguiu judiar do meu coração em tão poucas palavras e me emocionar com grandes atos de Morgan.
Anotem este nome. Morgan Bedwyn disparou na frente como minha Bedwyn preferida, o duque que me desculpe, mas ela com apenas 18 anos se mostrou uma mulher madura e de personalidade, muito mais que Freyja poderia ser. A jovem, apesar da época, onde a sociedade não perdoava mesmo em tempos de guerra, não se abala pelas fofocas e esquece totalmente as ditas convenções sociais do qual uma jovem dama deveria se regrar. Ela simplesmente faz o que é necessário pelos outros, por ela e por sua família.
Apesar de nascida em berço de ouro, Morgan, não aceita o rótulo de “inocente demais” para as atrocidades da guerra e na Bélgica, perto das trincheiras de ingleses, franceses o do resto da Europa, é que Morgan entende a importância das mulheres na guerra, do lamento e do luto das noivas e das esposas que se despedem dos seus maridos sem saber se um dia os verão novamente. É com esta realidade que Morgan cresce durante a trama e se prova uma das mulheres mais viscerais e corajosas de toda esta série. Ser, provavelmente, dona de um dos maiores dotes da Inglaterra, não impede que Morgan arremangue suas mangas e ajude homens que vêm lutando por sua pátria. Diferente do resto da nobreza, ela não foge, ela luta à sua maneira, alcançando um simples copo d’água, fazendo curativos, amputando membros, segurando a mão daqueles que estão partindo. Pequenos gestos que engrandecem esta pequena mulher.
As atitudes impulsivas e caridosas de Morgan chamam não só atenção da população, mas também surpreende Gervase que logo percebe ter julgado mal e direcionado erroneamente sua prestação de contas contra Wulf para ela. De fútil a uma mulher respeitável, com fibra e determinação. É assim que ele começa a enxergá-la.
Uma coisa interessante de ser ver é, diante este conflito entre Gervase e Wulfric, a autora abordará um assunto pouco visto em livros históricos e provavelmente na própria Europa do século XIX. Eu não vou falar que desfecho é este, pois seria um baita spoiler, mas fiquem atentos quando a verdade do problema desses dois, que aflorou o desejo de vingança de Gervase, vier à tona. Achei o assunto relevante e interessante para os leitores.
- Slightly Tempted
- Autor: Mary Balogh
- Tradução: Ana Resende
- Ano: 2016
- Editora: Arqueiro
- Páginas: 288
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