Os Invernos da Ilha é o romance de estreia de Rodrigo Duarte Garcia, escritor que visivelmente se inspira em grandes mestres como Melville e Conrad e nos traz uma aventura que inclui uma ilha isolada, um corsário holandês e um tesouro escondido. Tais elementos já poderiam despertar a curiosidade daqueles leitores que apreciam uma boa narrativa de aventura, mas o livro de Garcia vai além disso: trata-se também de uma jornada de amadurecimento do protagonista.
Percebe-se, então, que o texto situa-se em dois momentos históricos, tendo a ilha como pano de fundo: um é o passado – no caso, o séculos XVI, em que o leitor acompanha as aventuras dos piratas holandeses. O outro momento é o tempo presente, em que Florian questiona o caminho a qual deve seguir se o de aventureiro, buscando o tesouro escondido, ou se o de religioso, tornando-se monge.
Florian Links interessa-se pelo diário de Oliver Van Noort e vai acompanhando as pesquisas do professor e ajudando-o a desvendar o grande mistério do tesouro, cuja pista principal foi decodificada a partir de um poema. Florian Links, que é formado em letras clássicas, fica fascinado por essa história, porém, esse fascínio demonstrado por Links não se dirige apenas ao diário, o nosso protagonista começa a se interessar por Cecilia Von Lockenhaus, médica e habitante da ilha. Então, o trio formado por Florian Links, Philippe Rousseau e Cecilia Von Lockenhaus embarca na aventura de buscar um tesouro do qual nem sabem se ele existe.
A impressão que tive era que ele compartilhava com o leitor de uma forma tão intensa esses sentimentos, que acabávamos por sentir o que Florian Links sentia. Ao mesmo tempo que esta pode ser uma qualidade da linguagem deste escritor, já que o leitor acaba se envolvendo com o clima de tristeza criado protagonista, se o leitor não for persistente, poderá acabar desistindo da leitura. Contrastando essa linguagem mais intimista e monótona, encontramos, no diário do pirata, um ritmo mais interessante. Aqui, o escritor aproxima-se das renomadas narrativas de aventura do século XIX como A Ilha do tesouro, de Stevenson e Moby Dick, de Melville, e, particularmente, foi a parte de que mais gostei.
- Os Invernos da Ilha
- Autor: Rodrigo Duarte Garcia
- Tradução: -
- Ano: 2016
- Editora: Record
- Páginas: 462
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