Na cidade de Atlanta, no ano de 1991, as três filhas do casal Sam e Helen Carroll vivem com seus pais. Julia é a mais velha e é conhecida pela sua desenvoltura, seus trabalhos voluntários e por ser uma ativista muito bela. A família Carroll vê sua vida mudar quando ela desaparece sem deixar vestígios e as autoridades cogitam que ela tenha fugido com algum namorado ou entrado para um grupo de hippies. Esse desaparecimento destrói toda a família e acaba os fragilizando. Cada um parte em busca do seu pedaço que foi perdido junto com Julia.
Após 24 anos, cada um dos integrantes tomou um rumo. Claire, a caçula, casou com Paul Scott, um engenheiro bem sucedido, e leva uma vida confortável e sem muitas surpresas, pois, seu marido nerd e organizado sempre dá um jeito de controlar e organizar tudo, incluindo a vida de Claire.
A filha do meio, Lydia, conhecida pelo seu temperamento difícil e por um longo histórico com drogas, provou que conseguia mudar de vida e agora, depois de 17 anos sóbria, ela é dona do seu próprio negócio, tem uma filha que está despontando para um futuro brilhante e um namorado. As duas irmãs não mantêm mais contato, pois desde que Lydia acusou o cunhado de uma tentativa de estupro e não obteve a credibilidade de ninguém, essa relação foi quebrada.
Tudo muda quando Paul é assassinado em um assalto tentando proteger sua esposa Claire. Após o velório, Claire encontra filmes perturbadores no computador do marido e passa a se perguntar como não percebeu que convivia com um mentiroso por quase metade da sua vida.
Segredos em uma trama cheia de mentiras onde nada é o que parece, duas irmãs passando por cima do passado para desvendarem juntas algo muito maior e assustador. Uma teia de mentiras e mentes doentias trabalhando juntas há muitos anos. Elas adentram em um mundo obscuro onde a verdadeira face de quem as rodeia será revelada, onde nem tudo é o que parece.
Esse é, com certeza, um dos livros que vai para a minha lista de favoritos. Não sei por onde começar os elogios. Todo esse drama entre a família, o afastamento entre as duas irmãs, o vício em drogas que é superado, uma mãe que bebe para esquecer a filha que nunca vai voltar e que passa a negligenciar as outras, um pai que nunca perdeu as esperanças e dedicou até os últimos dias de sua vida a essa longa e dolorosa espera por notícias de sua pequena Julia.
Lydia é maravilhosa! Engraçada, destemida e desbocada. Os melhores diálogos são os que ela está presente. A narrativa fluiu muito rapidamente e o livro não demora e engrenar e prender o leitor, a história vai desenrolando e vamos ficando cada vez mais presos. A narrativa alterna entre o que está acontecendo no presente e relatos tirados do diário do pai delas, Sam, como se fossem cartas dirigidas diretamente a Julia. Esses relatos são cheios de emoção e mostram o esforço de um pai que nunca desistiu e não se conforma com o desaparecimento de sua filha. A eterna esperança, a tortura que é não ter uma resposta.
É importante ressaltar a crítica que a autora faz, quando fala que Julia era vista muito bem pelos outros até desaparecer, quando ela sumiu passaram a especular sobre a sua vida e viram apenas defeitos nela, nada do que ela fez de bom pareceu contar para eles. O eterno erro de sempre culpar a vítima. O livro é carregado de críticas a essa cultura do estupro e sobre a insegurança que as mulheres sentem diariamente.
Eu gostaria de recomendar Flores Partidas para todas as pessoas, não apenas pelo tema que trata e que é algo muito importante de ser discutido nessa sociedade machista e que insiste em culpar a vítima, mas também pela sensibilidade existente na narrativa e que faz com que nos emocionemos com todos os dramas passados por essa família que foi destruída e como que elas chegam a um final que, mesmo não sendo dos mais felizes, acaba por trazer certo conforto para quem restou.

  • Pretty Girls
  • Autor: Karin Slaughter
  • Tradução: Caroline Caires Coelho
  • Ano: 2016
  • Editora: Harper Collins
  • Páginas: 461
  • Amazon

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