Em janeiro resenhei por aqui Alice no País das Armadilhas (resenha), uma releitura do clássico. Nesta versão, depois da Insurreição, grande parte da população mundial virou mordedores. Os sobreviventes se organizaram em diversas sociedades, mas alguns ainda caiam nas mãos das forças governamentais que reinam em terra, aqueles que controlam a maior quantidade de comida e suprimentos.
Contextualizados sobre alguns detalhes do primeiro livro, preciso dizer que está resenha poderá conter spoilers sobre os desfechos do primeiro volume da série, dito isso, continue a leitura da resenha por sua conta em risco.
Alice e as Armadilhas do Outro Lado do Espelho, inicia depois de dois anos. Após Alice, a Rainha Amarela dos mordedores e dos humanos em pessoa, conseguir uma trégua temporária com a Guarda Vermelha. Aparentemente, parece possível a paz entre humanos e mordedores, sendo assim, as duas comunidades fundaram o País da Maravilhas baseado na profecia de um velho livro, um lar onde humanos e mordedores poderiam viver sem se preocuparem em lutar e sem se preocuparem com as ameaças da Guarda Vermelha.
Porém, a paz dura pouco e Alice começa a enfrentar as primeiras dificuldades do seu reinado. Dentre tantos problemas democráticos no País das Maravilhas, começam a acontecer ataques de mordedores, causando a revolta e a exclusão por parte dos humanos, seus antigos parceiros. Aqueles por quem ela lutou por liberdade, agora estão prestes a lhe virarem as costas. Alice também precisa aprender a lidar com seus conflitos internos e neste turbilhão de acontecimentos, para contornar a situação, Alice não vê alternativa a não ser voltar para o País das Armadilhas, investigar a causa dos ataques e conhecer uma ameaça ainda maior, a Rainha Vermelha.

Pode ser maravilhoso viver numa sociedade em paz, mas apenas se o povo nunca se esquecer como se faz uma guerra, caso ainda tenha que lutar.

O autor continua pesando a mão nas críticas sociais e políticas e isso continua sendo um dos pontos altos do livro. Porém, desta vez, me preocupo pela abordagem tão rasa, principalmente no quesito político. Neste volume além da China e do País das Armadilhas, a antiga Nova Déli, seremos apresentados a um novo governo. O universo é bastante ampliado, mas penso que agora teremos muitas informações para um próximo volume e com isso a narrativa possa ser corrida demais.

Confira a série Alice in Deadland

Alice que já mostrava bastante habilidade nas cenas de ação e combate, neste volume, nota-se uma atenção maior por parte do autor nestas cenas, afinal, agora além de suas habilidades ela carrega a força de uma mordedora. Estas cenas são ainda mais dinâmicas, tornando a leitura nestas passagens fluida e instigante. Os personagens secundários também são mais explorados e mais interessantes neste volume, ganham destaque e maior importância no desenrolar da trama.
Como qualquer livro que aborde um mundo distópico, Mainak Dhar continua incitando o leitor para refletir sobre a nossa real sociedade em sua obra. Apesar de fictício, o autor traz questionamentos atuais o que sem dúvidas, é a cereja do livro. Como o primeiro, o livro tem um final aceitável, mas se você deseja mais, se deseja obter respostas que ainda não foram reveladas, sugiro que aguarde o terceiro volume e torça que o autor corresponda nossas expectativas.

  • Through the Killing Glass
  • Autor: Mainak Dhar
  • Tradução: Amanda Moura
  • Ano: 2016
  • Editora: Única
  • Páginas: 256
  • Amazon

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