Acho que todos devem conhecer Jennifer Brown, e se não conhecem, pelo menos já ouviram falar do livro A Lista Negra. Neste livro, a autora confronta o leitor com uma série de problemas recorrentes em nossa sociedade, mais precisamente sobre o bullying nas escolas e as consequências que isso pode causar. Em Amor Amargo a autora aborda outro problema real e tão comum quanto o bullying.

Alex é uma garota prestes a se formar no ensino médio, ela, juntamente com seus dois melhores amigos, Bethany e Zach, planejam há meses uma viagem ao Colorado. Alex queria muito fazer a mesma viagem que sua mãe quis fazer quando acabou falecendo num trágico acidente de carro. Só assim ela poderia entender o porquê de algumas escolhas da mãe e enfim curar as feridas do passado.
Basicamente é este o pano de fundo da história, até o dia que Cole chega na sua cidade. Novo na escola, ele passa a ter aulas de reforço com Alex. Cole se prova um rapaz amável, querido e completamente atencioso com ela, e inevitavelmente os dois acabam se envolvendo. Conforme o relacionamento fica mais sério, Alex acaba descobrindo a base familiar quebrada de Cole, e a descobrir um lado diferente dele, um lado contrário daquele que ela conheceu.

Amor Amargo fala sobre relacionamento abusivo, um tema até então, pouco explorado na literatura jovem contemporânea. Depois de terminar a leitura, eu vi o quanto este tema é importante para ser debatido e explorado, principalmente, por jovens que estão começando a se relacionar. Quanto a narrativa do livro, toda ela é feita através da visão de Alex, então é muito importante que nós entendamos, para a conclusão obra, todas as fases desse tipo de relacionamento, que vai do encantamento, a compreensão, a decepção, a não-aceitação, para enfim, a violência e a tentativa de justificativa para tais atos. Ah…e claro, por fim, e principalmente, veremos as consequências de tudo isso.
Se há um personagem que me fez refletir, este personagem foi Cole. Na minha cabeça eu não queria aceitar tais atitudes, uma pessoa que era tão doce no começo e do dia para a noite mudou completamente. A verdade é que Cole não mudou, ele sempre foi assim. Este tipo de questionamento me fez pensar se eu não seria uma possível vítima. Se eu estava com tal receio, imaginei o tanto de pessoas (eu digo pessoas, por que não são apenas mulheres que sofrem em relacionamentos abusivos) que estão ou estiveram em um relacionamento assim e não sabiam.
Não é apenas a agressão que classifica o relacionamento abusivo como um, existe um leque de sintomas que podem ajudar familiares e amigos a identificarem tal comportamento, como: ciúme excessivo e necessidade de controle. Tomem cuidado também com outras coisas que parecem “bobas” como, exigir senhas de redes sociais entre outros. Não confundam confiança e ciúmes com amor, por favor.

Com certeza Jennifer Brown escreveu outro livro essencial para nossas vidas, porém, algumas coisinhas me incomodaram nesta história, que poderiam ter sido guiadas por outro caminho. Um exemplo disso foi quando a autora resolveu apresentar a ciclo familiar de ambos personagens protagonistas. De um lado temos a família desestruturada de Cole, como justificativa de seus atos. Claro que isso é um agravante sim, mas também não, e é estes dois lados que o leitor deve compreender. Já do outro lado, temos a morte trágica da mãe de Alex, sua irmã que resolveu deixar o luto de lado e seguir em frente e seu pai totalmente relapso, ou seja, é como se autora criasse um padrão para as pessoas que podem sofrer em relacionamentos abusivos, que estas pessoas ,necessariamente, são mais fragilizadas, o que é uma ideia totalmente errada. Qualquer pessoa pode ser uma vítima de relacionamento abusivo. Infelizmente eu acho que faltou isso no livro, a certeza que a vítima é universal.

É claro que isso não tira, de jeito nenhum, a grandiosidade e o mérito desse livro. A mensagem que ele consegue passar é clara, então, com certeza, Amor Amargo e um dos livros que me marcaram, que cativaram um espaço na minha lista de melhores leituras. É um daqueles livros que melhor passam, uma mensagem relevante, recorrente e real para nossas vidas. Denunciem o abuso! A maioria das vítimas não são capazes de denunciar por acreditarem numa ilusão de melhora, que raramente acontece.

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