Cabeças De Ferro, da Carol Sabar, é um lançamento do segundo semestre, terceiro livro da autora publicado pela editora Jangada.
Maria Luiza, ou Malu, é uma das calouras da concorridíssima UPN, lá estudam apenas os Cabeças De Ferro, os melhores dos melhores. Entre os veteranos estão seu melhor amigo, Nicolas e seu arqui-inimigo Artur Cantisani, ambos aprovados em primeiro lugar em seus cursos no semestre passado. Apesar de proibidos nas universidades, Malu está preparada para os trotes vexatórios e é claro que o responsável de aplicar o seu, é Artur.
No fatídico dia, no dia em que os veteranos jogariam uma mistura podre e fedorenta nas cabeças dos calouros, algo dá muito errado. Mariana, uma das calouras, acaba recebendo a garrafa com a substância destinada a Malu e acaba sofrendo um choque anafilático. Se não recebesse os primeiros socorros de Artur, a garota não resistiria e agora, mais do que envolvidos, Malu e Artur percebem que podem estar no meio de uma grande armação. Mas com qual propósito alguém trocaria a substancia da garrafa destinada a Malu? Seria alguém querendo incriminar Artur ou alguém querendo machuca-la?
Artur e Malu estão diante da questão mais complicada que receberão em suas vidas e de nada vai adiantar terem sido escolhidos em primeiro lugar na universidade. Desta vez, serem os melhores, acabou os tornando vítimas.
O plot da história é bastante interessante e prende o leitor logo nas primeiras páginas. Estaremos envolvidos a uma investigação e teremos muitas doses de ação e suspense ao longo do young/new adult, identifico desta maneira, por que não consegui classificar corretamente o gênero o livro. Apesar de se passar na faculdade e de tocar em assuntos como sexo e drogas, senti que os personagens eram infantis demais pelo que representavam. Mais precisamente Malu.
Além da personagem, comecei a ter problemas com a trama logo depois do começo. Apesar de estarmos dentro de uma investigação policial e de crimes estarem acontecendo dentro do campus, não senti nenhum teor de preocupação vindo dos personagens, nem mesmo quando a vida de alguns é colocada em risco e isso me preocupa, pois não há como ter uma ligação mais forte com os personagens quando nem eles parecem se importar.
Dilemas bobos, aleatórios e elogios aos corpos perfeitos dos personagens masculinos me pareceu tomar mais destaque na história em alguns momentos. E evidentemente, se eu percebi isso é por que o humor da narrativa não funcionou comigo, o que é uma pena. Porém, Malu não parou de me fazer revirar os olhos por aí. A situação complica quando a autora mudou drasticamente as atitudes da personagem após ela começar a namorar. Ela passa a dever satisfações e se limita a falar com outros meninos por achar que não pegaria bem. Achei um equívoco, visto que estamos diante de um período de empoderamento feminino e não gostei de ver algo do tipo num livro destinado para jovens.
O fato de todos os personagens serem superdotados também não pesou em nada para mim na história. Serem ou não, não mudaria o rumo que a trama tomaria, tudo funcionaria perfeitamente igual e até evitaria que eu, por vezes, questionasse a inteligência de alguns.
Com certeza, Cabeças De Ferro deve ganhar uma continuação, pois a história termina com algumas pontas soltas e outros problemas parecem terem se resolvido facilmente. Apesar de tudo que falei, é verdade que a Carol Sabar sabe manter o ritmo do livro, a narrativa da história é rápida o que tornou a leitura bem dinâmica. O quarto final do livro foi o que mais me instigou e o final faz com que eu tenha vontade de ler um próximo, pois a autora não percorreu o caminho que seria óbvio e isso é bom.
Ainda não sei dizer se comecei com o pé esquerdo, já que este foi meu primeiro contato com a autora, ou se me tornei uma leitora mais exigente com o tempo, mas Cabeças De Ferro não me convenceu totalmente. Achei que a autora se perdeu nos elementos do livro, não amadureceu os personagens para a história que ela queria contar, e todo o mistério, a investigação e os crimes que aconteceram no livro pareceram não casar muito bem com tudo isso.
Em suma, sei que Cabeças De Ferro não é um livro para ser levado muito a sério, é para entreter e divertir, a própria autora nos avisa sobre isso, porém, infelizmente, esta foi minha experiência com o livro, mas isso não significa que a história não agrade outros leitores. Eu até gostaria que outras pessoas viessem debater comigo sobre a história, eu adoraria conhecer e entender um pouco do porquê a história não ter me agradado tanto, visto que eu o solicitei justamente pela quantidade de elogios que cercavam a obra.
- Cabeças De Ferro
- Autor: Carol Sabar
- Ano: 2016
- Editora: Jangada
- Páginas: 304
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