Ella Harper perdeu sua mãe recentemente e tem apenas um nome e um relógio como lembrança de seu pai. Meses burlando a assistência social, Ella tenta concluir o ensino médio à sua maneira. Para pagar suas contas e o apartamento que vive, ela trabalha como stripper usando uma identidade falsa, porém, ela tem apenas 17 anos.

Seu destino começo a mudar quando Callum Royal, melhor amigo do seu pai, se apresenta para Ella como seu tutor e agora ela deverá parar de fugir e passar a viver com ele e seus cinco filhos. Callum é o patriarca da família Royal, e se Ella colaborar em sua estadia até a conclusão dos seus estudos, ela ganhará uma boa mesada, de quebra ainda poderá conhecer mais sobre a vida do seu pai, um rico investidor que deixou uma boa herança para ela.

Ao chegar na mansão Royal, Ella descobre que nada será tão fácil. Os irmãos Royals estão dispostos a dificultar sua vida, pois acham que ela é apenas mais uma oportunista de olho no dinheiro da família. Os irmãos são liderados por Reed, o quarto irmão, e sua palavra é lei, tanto dentro de casa quanto em Astor Park, o colégio particular em que ela está agora matriculada. Basta um simples aviso e todos estão proibidos de socializar com Ella, tudo por que ela não é bem-vinda. O que Reed não sabe é que ela é uma sobrevivente e está disposta a entrar no jogo, e se possível com as mesmas armas.

O destino é para os fracos, pessoas que não têm poder ou força para moldar a vida como precisam que seja.

A leitura de Princesa de Papel é arrebatadora. As páginas te consomem rapidamente, pois o enredo do início ao fim, se mostra bastante envolvente e com um cenário surpreendente. Mas isso não é algo ruim, nem mesmo algo surreal, mas sim algo que te intriga e aguça sua curiosidade. O envolvimento de Ella nesta nova realidade é como um mar revolto, que te envolve em cada página por uma nova onda de acontecimentos. Há muito mais envolvido do que uma simples birra entre tutelada e irmãos postiços, há um conflito bastante complexo de interesses, supostamente, muito maior do que podemos enxergar.

As autoras desenvolvem a história mesclando a história real com um pano de fundo de intrigas adolescentes e uma trama sexy. Tudo é bastante envolvente e com um desenrolar cheio de mistério também. É inegável que as autoras não perdem tempo em sua narrativa e para isso não medem palavras para as reações que querem causar nos leitores. Por este motivo senti todos os sentimentos possíveis pelos personagens durante a minha leitura.
É verdade que a trama também tem seus problemas, principalmente tratando-se de exagero, tanto em estereótipos quanto na introdução de clichês previsíveis. Também existe uma cena em especial, que eu achei extremamente desnecessária e que me causou bastante incômodo. Por este motivo tirei uma estrela da classificação final do livro, porém se ignorarmos este acontecimento em particular e focar no entretenimento, os louros pela história não mudam. O livro é um pageturner sem igual, e não é à toa que cativou o topo da lista de mais vendidos do The New York Times.

Esta casa é uma ilusão. É polida e bonita, mas o sonho que Callum está tentando me vender é frágil como papel. Nada fica brilhante para sempre neste mundo.

Sobre os personagens, todos, sem exceção, se mostram intrigantes e bem construídos. É possível perceber o quanto cada um esconde alguma coisa. Isso sem dúvidas é genial, acho que eu poderia pontuar personagem por personagem pelos nomes, pois todos são interessantes. Os irmãos Royals são a perdição em forma de músculos apesar de jovens, eles sabem do poder que têm, as emoções que causam e principalmente em Ella. Eles usam desse golpe baixo para também tirarem vantagens para seus interesses. Entretanto, não só de maldade são feitos os Royals, aos poucos são revelados os problemas maus resolvidos com o pai, reflexo da morte da sua mãe que era o elo fundamental dessa família, revelando assim as nuances que estes cinco rapazes provam ter.

Ella por sua vez é uma personagem bastante intrigante. Ela não baixa a cabeça para nenhum membro da nobreza metido, ela enfrenta todas as armadilhas que encontra pela frente. É a personagem perfeita para este tipo de trama, que também sabe usar da sua inteligência e principalmente do seu corpo neste jogo, porém não podemos esquecer que ela é apenas uma adolescente, que também vai fraquejar.
Erin Watt é o pseudônimo das autoras Elle Kennedy, da já conhecida série Amores Improváveis, e Jen Frederick. A série, atualmente conta com mais quatro volumes, ainda sem previsão de estreia no Brasil. As capas das edições são bastante interessantes, são lindas e depois que conhecemos o enredo, sabemos que ela foge completamente do trabalho gráfico que costumamos encontrar em histórias semelhantes no mercado, o que para mim é um grande atrativo.

Para os leitores iniciantes e os mais críticos também, o enredo de Princesa de Papel pode chocar, pela verdade que há encrustada entre as páginas. As autoras não medem palavras e nem atitudes. Não deixem com que a capa bonitinha te engane, a história abordara, com bastante malícia, relacionamentos com segundas intenções e uma trama cheia de intrigas e segredos baixos e sujos.

Por vezes a leitura me lembrou After, com todas suas reviravoltas, as quebras de confiança e com toda a sacanagem envolvida, tanto no sentido literal e figurado da coisa. Como qualquer livro que tenha protagonistas jovens adultos, no livro encontramos temas fortes como drogas, sexo, bullying e o preconceito e a hierarquia social dentro e fora do colégio. O império dos Royals, aos poucos se prova mais frágil do que aparenta e provavelmente entenderemos nos próximos volumes muito mais sobre o que está por trás das máscaras desses personagens e o que está em jogo nesta disputa de vantagens.

  • Paper Princess
  • Autor: Erin Watt
  • Tradução: Regiane Winarski
  • Ano: 2017
  • Editora: Essência
  • Páginas: 368
  • Amazon

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