Uma coisa sabemos bem sobre o universo DC, o estúdio não tem medo de errar. Após o sucesso que foi o Batman – O Cavalheiro das Trevas, a pressão para os próximos filmes foi grande, principalmente quando o estúdio coirmão estava anos luz a frente. A verdade que filme a filme isso vem mudando, vem-se criando uma identidade sólida para o gênero, e hoje vim falar sobre o filme que pode ser a melhor adaptação da companhia até agora. Após os medianos, Superman, Batman vs Superman: A Origem da Justiça e o fracasso que foi Esquadrão Suicida, Mulher Maravilha tinha sob suas costas a responsabilidade de levantar a moral do estúdio em um filme solo. E eu lhes afirmo que Mulher Maravilha não só consegue dar um novo tom para o novo universo da DC, mas como Gal Gadot consegue provar que é a mulher maravilha que esta personagem tão extraordinária precisava.
Aqui teremos mais um filme de origem, porém desta vez, muito bem contextualizado e na medida certa para o público, sem ser repetitivo, mas diferente do que já vimos. Voltaremos ao passado de Diana, onde ela e outras amazonas vivem em segredo na Ilha de Themyscira. Ainda criança, Diana passou a receber um treinamento pesado de Antiope, mesmo depois dos protestos da Rainha Hipólita que a afastava das atividades.
A jornada de Diana inicia com a chegada de Steve Trevor, um espião britânico, e junto com ele os nazistas que o perseguiam. Com a descoberta do mal que assola o mundo, Diana descobre seu proposito e vê a oportunidade de honrar a missão de todas as Amazonas, garantir a paz e a segurança dos humanos contra as mãos de Ares, o Deus da guerra. Assim ela parte com Steve para o coração da guerra, onde acredita que poderá trazer a paz para a terra novamente.

Com início, meio e fim, mas que ao mesmo tempo não deixa de ter conexão com o material entregue até agora, em um roteiro acertado, entenderemos como Diana surgiu quais suas motivações e também quais são seus objetivos. Mulher Maravilha mostra como um filme de origem deve ser criado e o que realmente é ser um super-herói, desde o início até efetivamente se tornar um. Finalmente, uma história fechadinha para a inserção da personagem no universo DC que integrará a Liga da Justiça, próximo lançamento do estúdio.

Diana é uma personagem muito imponente e mesmo assim, sua inocência e seu senso de justiça a confrontarão a todo momento conforme o filme vai se desenrolando. A situação do mundo no ápice da Primeira Guerra Mundial é opressora demais e Diana precisa aprender e aceitar a forma que os homens se posicionam e agem diante o conflito. Os dilemas e todo esta luta interna devido as descobertas que faz são passados com extrema clareza para o público, permitindo que o próprio se compadeça da personagem e até relembre a situação do mundo naquela época.
Os diálogos entre Diana e Steve são ótimos, com um equilíbrio bom, é possível compreender todas as facetas desses dois personagens. Ambos interagindo com Etta, secretária de Steve, funciona com um alivio cômico para a trama, que quase beira o bobo, mas que de forma alguma estraga o ritmo do filme, pelo contrário, traz um tom mais humano para Diana que desbrava os detalhes mais simples da vida mundana.
Gosto da paleta escura que é utilizada nos filmes da DC e esta é uma das características que mais prezo. Em contraste temos as cores e a presença da Mulher Maravilha que se destacam, causando um conforto e um certo equilíbrio aos olhos do público. As cenas de ação surpreendem pela forma que foram arquitetadas, empolgantes e extremamente bem coreografadas, Gal Gadot consegue passar graça e força em seus movimentos, provando que nunca houve a necessidade de quilos de músculos para interpretar a heroína.A direção do filme é de Patty Jenkins, e sim meus queridos, apenas uma mulher dirigindo um longa com uma heroína mulher, poderia trazer coerência para a mensagem que o filme quer passar. Sem recorrer a objetivação do corpo feminino, a diretora opta por outros tipos de closes. Gal Gadot preenche a tela, o que reflete numa presença em cena muito forte. A atriz pode não ter entregue uma atuação excelente, mas sua expressão, sua postura e sua desenvoltura em cena são totalmente condizentes com o visual e com a proposta da personagem.
Ainda falando sobre a parte técnica, os figurinos receberam um cuidado especial, principalmente tratando-se das vestimentas de guerreiras Amazonas e de um cenário do início do século XIX. Os efeitos especiais por alguns momentos, deixaram a desejar, porém a grandiosidade de todo o material é tanta que é um detalhe completamente deixado de lado no fim das contas. Por fim, deixei o que realmente se destaca, o responsável por harmonizar tudo, atuação, coreografias e até trazer a emoção desejada quando é preciso. A trilha sonora que já se mostrava um destaque desde a música tema da Mulher Maravilha em Batman Vs Superman, agora muito mais enxuta, recebe os cuidados de Rupert Gregson-Williams.
A DC Entertarinment, enfim acertou o tom neste filme. A história de Diana está em boas mãos e muito bem representada. Mulher Maravilha não só se concretizou como um simbolo durante décadas entre as mulheres e fãs dos quadrinhos, mas como agora, com sua nova roupagem deve atrair milhares de novos e novas fãs para o universo dos super-heróis. Mulher Maravilha se destaca por ser um filme que realmente traz uma heroína, se destaca pela importância da sua personagem e de seu amor pela humanidade, Mulher Maravilha se destaca por toda sua representatividade.

  • Wonder Woman
  • Lançamento: 2017
  • Com: Gal Gadot, Chris Pine, Connie Nielsen, Robin Wright
  • Gênero: Ação, Aventura, Fantasia
  • Direção: Patty Jenkins

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