Os Guerreiros do Norte é o primeiro livro da saga O Conquistador Nórdico do autor Ricardo Henares lançado em 2017 pela Editora Chiado.
Richardson foi o escolhido por Ymir, o Deus de Gelo, para ser o grande conquistador nórdico. Sua tarefa é libertar o seu povo e trazer a paz e a igualdade em uma época violenta e regada a sangue. A missão de Richardson inicia-se com a união de todos os povos filhos de Ymir. Uma vez rei de Kshar, Northland, Volthar e Volga, Richardson lidera um grande exército e inicia sua marcha contra o mundo civilizado, que escravizou e roubou durante décadas o povo nórdico.
A Lenda do Deserto Glacial é o pano de fundo para a história de Richardson, que após ser o único a sobreviver ao grande deserto de gelo, recebe então sua grande missão de vida. Ele passa a assinar seu nome na história, um guerreiro até então desconhecido, declarando guerra ao grande império. A partir daí, devido ao seus improváveis feitos ao decorrer dos anos, passasse a nascer uma série de mitos acerca do nome de Richardson e em pouco tempo, o rei nórdico já é uma lenda. Esta reputação acaba virando uma arma essencial para o seu avanço, tanto como um estimulo para os seus soldados, quanto um certo receio para seus oponentes.
Vamos mostrar ao resto do mundo que ninguém nunca mais irá sobrepujar nossas nações, a partir de hoje iremos mostrar a inferno ao mundo civilizado. […] grande parte da riqueza deles foi feita à custa de nossa desgraça e nossa humilhação, agora eles irão cair sob nossas espadas e nossos machados […].
Para que nos situemos melhor dentro da trama, o autor adaptou os continentes da Europa e da África para contar sua história. Cada pais recebe um novo nome na história, mas conforme vamos lendo descobrimos que estes reinos também receberam características bastante semelhantes com os países que correspondem em nossos mapas atuais.
Com uma narrativa em terceira pessoa, podemos acompanhar os dois lados da guerra, tanto os planos e estratégias de Richardson e dos seus generais, quanto também o lado do império que vem sendo atacado e precisa lidar com o exército implacável dos nórdicos. Gostei muito de receber estas duas perspectivas durante a leitura e principalmente de acompanhar as lendas e mitos que se criaram em cima dos nórdicos, um povo tachado como bárbaros selvagens e desprovidos de inteligência, quando na realidade, se provam muito mais estratégicos do que se imagina.
Particularmente, eu gosto muito de histórias que se passam no recorte histórico onde ocorreram as reais invasões nórdicas do século IX, e mesmo que adaptada, aqui teremos um cenário bem próximo disso. Leitores que apreciam uma leitura cheia de ação, batalhas sangrentas e com muitas táticas de guerra, com certeza vão se interessar por O Conquistador Nórdico. O ritmo é frenético e cheio de reviravoltas. Não há uma página se quer monótona, o que contribui para que a leitura flua super bem pelas mais de 350 páginas do livro.
Nisso posso garantir que Ricardo Henares vai direto ao ponto, sem enrolação ou voltas desnecessárias, porém pode ser que devido a isso, alguns personagens ganhem pouco aprofundamento. Existe apenas uma ressalva que é necessária mencionar, durante a leitura, acompanharemos Richardson conquistando diversos povos e travando várias batalhas, com a exceção de três ou quatro atos, me pareceu tudo meio que repetitivo. Os reinos também demonstravam poucos hábitos culturais distintos, mas quanto a esta parte, acredito que acabe ganhando uma maior atenção do autor nos próximos volumes, visto que tudo indica que teremos reinos africanos sendo explorados daqui pra frente.
Falando um pouco mais sobre Richardson, o protagonista e quem dá o nome de O Conquistador Nórdico para a saga, neste primeiro volume já é possível identificar várias facetas e nuances do grande guerreiro que ele é. Richardson acredita ser o escolhido de Ymir, mas muitas vezes percebemos o verdadeiro homem por trás de todas as lendas que o cercam. Ele é um homem muito inteligente, honrado e estratégico, que muito provavelmente, conta mais com sua sabedoria e com o apoio de seus amigos e generais de guerra. Sem dúvidas é um personagem marcante, que cativa o leitor, o autor humaniza o herói ao ponto de que não condenemos qualquer um de seus atos durante a trama.
A edição lançada pela Chiado está com uma diagramação ótima e logo no início teremos um glossário de pronuncias. Conforme a história vai avançando, contamos com a atualização dos territórios conquistados por Richardson e a ilustração da capa é bastante bonita, traz os nórdicos em ação em uma de suas tantas batalhas. Existem alguns erros na revisão, mas também nada que desvirtue o entendimento do enredo, com certeza é algo que será corrigido nas próximas edições. No prólogo seremos apresentados a todos os reinos dessa civilização junto as características de cada um. A apresentação de todos os principais personagens logo no início do livro também é feita, todos ganham uma breve descrição de seus portes físicos e traços de suas personalidades, eu particularmente achei bastante interessante conhecê-los antes deles propriamente entrarem na história.
Os Guerreiros do Norte termina de uma forma intrigante, o cliffhanger necessário para instigar o leitor para as continuações. Posso dizer que a jornada de Richardson apenas começou e que muitos obstáculos e batalhas ainda serão travadas. Gostei muito do que me foi apresentado e fiquei ansiando pelos possíveis desfechos de cada personagem. É impossível não torcer pela glória de Richardson e pelos feitos desse povo, mesmo quando ainda há muito sangue para ser derramado, mesmo assim, é possível perceber que só existe a busca pela paz e da justiça prometida. Recomendo.
- O Conquistador Nórdico
- Autor: Ricardo Henares
- Tradução: -
- Ano: 354
- Editora: Chiado
- Páginas: 354
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