Finalmente, tenho em mãos Príncipe Partido, o segundo volume da série The Royals, portanto, está resenha conterá spoilers sobre o desfecho do livro anterior.

Reed avisou Ella sobre o seu passado, falou sobre seus hábitos destrutivos e pediu que ela se afastasse enquanto tivesse tempo. Nada disso foi o suficiente e aos poucos ela foi conquistando todos os Royals. Sua presença dentro de casa os acolhia, transmitia um tipo de sentimento completamente extinto. Cada vez mais aceita pela sua nova família, Ella já se sentia uma verdadeira Royal, porém, um dos fantasmas do passado de Reed vem à tona e o conto de fadas de Ella termina muito antes começar. Deixando tudo para trás, Ella foge sem deixar pistas e agora Reed precisa desesperadamente reencontra-la e restabelecer o equilíbrio de suas já ferradas vidas.
Narrado em sua maioria pela perspectiva de Reed, Príncipe Partido ganha um novo tom. Através de sua visão vamos descobrir realmente como funciona este mundo onde o dinheiro compra poder e ordem. Descobriremos também mais do passado obscuro de Reed e conhecê-lo profundamente sem todo o deslumbramento de Ella permite que o leitor dê uma segunda chance ao personagem e descubra que ele é muito mais do que um menino birrento de personalidade dúbia. Aqui muitos de seus atos ganhem uma justificativa e mesmo que não seja a mais satisfatória isso ajuda a construir as diversas facetas que Reed precisa assumir ao longo desta história.

Meus instintos me gritaram dizendo que ela era um problema. Meus instintos estavam errados. Ela não era o problema. Eu fui. Ainda sou. Reed, o destruidor.

Acompanhar a família Royal desmoronado com a fuga de Ella também é uma surpresa. Desde Princesa de Papel sabemos da relação problemática que Callum tem com seus filhos, porém os garotos sempre foram muito unidos e agora esta é uma realidade completamente diferente. Gideon culpa Reed por não conseguir manter o controle, Easton o afasta e os gêmeos estão indiferentes a tudo, claro que todo o clima de desunião é notado em Astor Park e a falta de liderança por parte dos Royals na escola trará consequências muito sérias.
Mesmo que desta vez, nem todos os holofotes estejam voltados para ela, Ella demonstra um certo amadurecimento neste livro. Diante as dificuldades que encontra, ela continua se posicionando, mantendo seus valores e o seu carácter acima de tudo. É possível também perceber que mesmo no meio de toda a confusão que ela está metida, na realidade Ella é apenas uma garota assustada que caiu de paraquedas numa grande armadilha. Ela também demonstra suas inseguranças, suas fraquezas e todos os conflitos de uma adolescente em uma realidade que nunca foi dela.

O ritmo narrativo frenético e o aprofundamento da trama, fazem de Príncipe Partido um livro melhor, que instiga o leitor desde as primeiras páginas e o surpreende por todos os segredos dos Royals sendo revelados a cada página. Assim como o anterior, teremos mais um final chocante, daqueles cliffhangers que ficamos aflitos e ansiosos para termos em mãos o próximo volume. Como está não é a minha realidade, só me resta criar milhares de teorias em minha cabeça enquanto espero que Twisted Palace mantenha toda esta dinâmica.

Um dos melhores fatores deste livro continua sendo a narrativa completamente franca. As autoras fazem uso desta ferramenta com maestria e direcionam o leitor para o rumo correto durante a leitura. A história é direta ao ponto e a linguagem utilizada pode até ser considerada baixa em algumas passagens, mas nada exagerado. Erin Watt continua não medindo palavras e nem atitudes. Os diálogos são tão reais que visualizo perfeitamente um grupo de adolescentes conversando e discutindo na mesma medida e isso traz uma personalidade única ao livro tornando-o viciante.

Em Príncipe Partido veremos alguns clichês ganhando uma nova roupagem e alguns personagens fugindo completamente do óbvio, o que é ótimo, já que em Princesa de Papel topamos com muitas cenas previsíveis. É incrível o quanto o benefício da dúvida é super bem utilizado nesta trama, é impossível prever os passos de alguns aqui e ainda mais quando tentamos visualizar desfechos somados com as reais intenções de cada um. Este emaranhado de podridão sendo revelado a cada página me deixou maluca e sem acreditar na atitude e motivação de alguns personagens. Como disse na resenha de Princesa de Papel, tudo aqui será abordado com muita malícia e segundas atenção, ninguém é cem por cento inocente e nenhuma palavra será medida.

Se histórias com personagens problemáticos de caráter duvidoso, daqueles que você odeia amar assim como eu, é o que você gosta, a série The Royals definitivamente vai te conquistar, porém muito mais que uma trama adolescente, Príncipe Partido eleva a história para algo mais sério, a atmosfera de mistério se amplia e chega a um novo patamar. Aqui temos um mix de conflitos, com muita intriga familiar e jogos de interesses, desta vez vale tudo para manter status e poder, até mesmo chantagem e integridade física. Vai encarar esta leitura? 

  • Broken Prince
  • Autor: Erin Watt
  • Tradução: Regiane Winarski
  • Ano: 2017
  • Editora: Essência
  • Páginas: 352
  • Amazon

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