Em Coisas Inatingíveis, o segundo romance do autor nacional e criador do Cabine Literária, Danilo Leonardi, encontramos uma história bastante forte com quatro personagens principais muito diferentes, mas unidos por suas dores. Cada parte do livro é contada através do ponto de vista de um dos personagens e ao invés de capítulos, encontramos espécies de atos ou cenas que são destacadas por um subtítulo.
Cristina é quem começa a história. Caloura de filosofia, ela perdeu a mãe para o câncer e tenta se desvencilhar de um ex-namorado abusivo. Pronta para viver novas experiências, ela acaba conhecendo Raí, o “cara maneiro” que não tem problema em burlar as regras, e Bernado, o total oposto, que Cris define como “criado pela vó”. Uma amizade um tanto inusitada que se explica ao longo do livro. Já no primeiro dia, Cris foge do trote indo para casa da prima de Raí. Bianca é a quarta integrante dessa história. Aliás, ela tem uma mansão com direito a mordomo e carro de luxo na garagem.
Ao que num primeiro momento parece apenas uma história sobre uma jovem iniciando uma nova fase de sua vida tentando deixar o passado para trás, se transforma em uma trama envolvendo muita droga, sexo e coisas muito loucas. A história segue um ritmo rápido e quando vemos nós estamos envolvidos junto com os personagens em situações que nunca imaginávamos nos perguntando se vamos cair juntos nesse mesmo buraco.
O futuro parece bem mais cheio de prazer e de cores do que antes, mas igualmente repleto de dor e sem sentido. Se eu pudesse parar de cair, este seria o momento de abrir olhos.
Infelizmente, a sinopse que tem no livro não prepara o leitor para tudo que ele vai encontrar em Coisas Inatingíveis. Fala-se muito sobre os sentimentos que a leitura pode provocar, no estilo de escrita do autor, mas muito pouco da história em si. Tanto que eu tinha imaginado algo completamente diferente, com uma pegada mais “teen”. Inclusive, as primeiras cenas podem até enganar para esse sentido. No entanto, esteja preparado para cenas bem fortes no quesito drogas, sexo, estupro e mortes.
De fato, Danilo Leonardi apresenta um estilo próprio de escrita, que eu gostei bastante e achei muito interessante, ao optar por dividir a história em “cenas”. Foi o principal motivo para eu ir até o final do livro. Com certeza, como diz na sinopse, ele vai direto ao ponto tratando de temas tabus e muito difíceis de abordar. Em alguns momentos, a história tem até uns toques absurdos, como aparece na citação do Raphael Montes sobre a história.
Se eu soubesse mais do que sabia quando li a sinopse, provavelmente, eu não teria lido esse livro, porque não faz o meu estilo de leitura. Eu reconheço a importância dos temas abordados pelo autor, só que eu não estava preparada para lidar com a forma com que as temáticas foram apresentadas.
Na minha opinião, Coisas Inatingíveis é para pessoas que gostam de uma abordagem mais pesada e “sem rodeios”. Ou para leitores que estão minimamente cientes do que vão encontrar pela frente e concordem com isso – me senti muito enganada pela sinopse. Fora isso, na minha opinião, a escrita do autor e a ousadia são os pontos fortes, que mesmo eu não tendo gostado da abordagem, reconheço como sendo muito bem desenvolvidas.
- Coisas Inatingíveis
- Autor: Danilo Leonardi
- Tradução: -
- Ano: 2017
- Editora: Outro Planeta
- Páginas: 224
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