O meu caso com Minha Lady Jane foi duradouro, isso porque fiquei um mês com essa leitura e já parecia que os personagens faziam parte do meu cotidiano. E não se enganem, eu não “demorei” pra ler por não ter gostado, isso foi por outros fatos da vida. Mas vamos falar primeiro da história. O livro é narrado em terceira pessoa e o foco muda a cada capítulo, primeiro vem Eduardo, o atual rei da Inglaterra, depois Jane, sua prima e depois Gifford, o pretendente de Jane.
O livro começa com Eduardo muito doente e abatido, todos acreditam que ele tenha “A Moléstia”, uma doença comum naquela época que causou a morte de muitas pessoas. Ele mal consegue andar pelo castelo e foi uma surpresa bem grande a notícia de que logo ele iria morrer. Isso porque ele tem apenas 17 anos e como todo jovem nessa idade, sente que ainda tem muito pela frente. Por isso Eduardo está tendo problemas em “aceitar” o seu destino trágico.
Ele é rei desde que se entende por gente e não conhece uma vida de privacidade. As pessoas sempre o rodearam, o vestindo, alimentando e fazendo tudo o que ele quisesse, inclusive governar o país, já que ele mesmo sempre deixou as grandes decisões nas mãos do Conselho Real. Com seu fim próximo, um de seus conselheiros, Dudley, o incentiva a casar sua prima Jane com o filho dele, Gifford Dudley. Assim quando Eduardo morrer os filhos de Jane se tornarão governantes, impedindo que o reino caia nas mãos de Maria, a irmã conservadora de Eduardo.
Mas qual era a alternativa? Maria ainda era uma verdádica, além de uma verdadeira estraga-prazeres. Bess ainda não tinha uma opinião formada a respeito de edianos. Jane era a única escolha decente para a linha de sucessão real.
Um detalhe importante sobre essa história é que existem edianos, que são pessoas com a habilidade de se transformarem em animais. O próprio pai de Eduardo era um, se transformava em leão e devorava qualquer um que se metesse em seu caminho. Entretanto há pessoas contra os edianos que se auto intitulam verdáticos, eles são extremamente conservadores e querem a erradicação dos edianos. E Maria é verdática, por isso Eduardo concorda que o reino não estaria em boas mãos se ela se tornasse rainha.
Já Jane é uma amante dos livros que nunca quis se casar, afinal ela tem apenas 16 anos e tudo o que quer é viver sua vida em paz. Além disso, ela é bem decida e não consegue evitar dar sua opinião sobre todos os assuntos. Jane já leu muitos livros, dos mais variados assuntos e por isso se tornou uma pessoa muito inteligente e particularmente interessada e fascinada pelos edianos. Ela e Eduardo eram inseparáveis quando crianças, mas depois que ele teve de assumir as responsabilidades do reino, os dois acabaram se afastando um pouco. Mas o carinho entre os primos é visível.
Gifford, no entanto é um ediano que não consegue controlar suas transformações, então passa todos os dias como um cavalo e todas as noites como homem. Porém, durante as noites ele gosta de praticar poesia, então sempre some nas tavernas da cidade. Essas “escapulidas” são sempre interpretadas de maneira maliciosa, já que Gê (como prefere ser chamado) se recusa a compartilhar sua paixão pela poesia.
Eu poderia continuar falando dessa história por muito mais tempo, mas aí isso aqui viraria um livro, então vamos resumir. As autoras souberam construir uma história muito divertida. Alguns fatos são baseados em coisas que realmente aconteceram e em pessoas que realmente existiram. Mas é claro que elas mudaram os detalhes mais importantes e transformaram esse trecho da História da Inglaterra em algo muito mais positivo.
Eu me apaixonei pelos personagens e até me peguei desejando que o livro tivesse uma continuação, mas ele ficou perfeito sendo livro único. É um ótimo exemplo de que uma história não precisa ter continuação para ser bem contada. Que é possível um livro único ser emocionante e conquistar muitos fãs, mesmo que depois a gente sinta falta dos personagens. Pelo o que pesquisei, as autoras lançarão outro livro nessa mesma “pegada”, cujo título em inglês é My Plain Jane. Me parece que intenção das autoras é recontar algumas histórias, e, nesse caso, se trata da história de Jane Eyre. Mesmo sabendo pouco sobre esse novo livro, já estou muito ansiosa pela leitura dele!
Enfim, recomendo demais essa leitura para todos os gostos literários e gêneros! É uma leitura divertida, emocionante, que ainda nos ensina uma coisinha ou outra sobre História e costumes daquela época. Além, é claro, da parte mais legal que é a fantasia envolvida. Amei demais esse livro, tanto que fiquei abraçada nele depois que terminei de ler!
- My Lady Jane
- Autor: Cynthia Hand, Brodi Ashton e Jodi Meadows
- Tradução: Rodrigo Seabra
- Ano: 2017
- Editora: Gutenberg
- Páginas: 368
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