Que adolescente que nunca sonhou em arranjar um namorado ou estar sempre na moda e entrar numa universidade super cotada? E a resposta é: Aza Holmes. Diferente das garotas da sua idade, Aza só deseja fugir dos seus pensamentos e se tornar uma pessoa comum. Não que ela seja um alienígena, mas a jovem carrega dentro de sua cabeça, um mundo próprio. Nossa querida protagonista possui Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), que não por coincidência, é também a mesma doença do nosso estimado autor, John Green.
Tudo bem que tenho problemas de ansiedade, mas não vejo nada de irracional em ficar nervosa por saber que somos uma colônia de bactérias num invólucro de pele.
Seria aceitável não mencionar o Davis nessa resenha, contudo, fiquei completamente apaixonada com o garoto, se tornando impossível não trazê-lo. Davis Pickett é filho do magnata Russell Pickett e um amigo de infância da Aza. O jovem é muito sensível e encantador, ele consegue transformar fragmentos de sua alma conturbada, em lindos poemas. Entretanto, sem haver um motivo evidente, Aza e o garoto se distanciaram ao longo do tempo. Esse reencontro entre os jovens, promete reabrir feridas do passado, como casquinhas de um machucado que temos a mania de tirar.
A história é ambientada no estado de Indiana, nos Estados Unidos, nos dias atuais. Ela nos traz uma maravilhosa lição sobre amor, amizade, mas, principalmente, valores. E junto a isso, o autor mescla com seu toque de plenitude, o Transtorno Obsessivo Compulsivo, que é uma doença mental muito difícil e que ultimamente tem sido enfoque de muitas discussões.Ao final da minha leitura, tive vontade de aplaudir o autor, pela capacidade de transpor para um livro uma doença como essa. Como é mencionado no livro, a dor é algo difícil de ser expresso, por isso, diversas vezes usamos metáforas e comparações para expressar aquilo que sentimos. Fico a refletir, se para expor uma dor causada por uma doença física já é difícil, quem dirá uma dor, consequência de uma doença mental? Todavia, John Green exprimiu isso da melhor maneira e eu consegui me sentir na cabeça da Aza, mesmo tantas vezes não conseguindo compreendê-la.
Muitas vezes nada conseguia me livrar do medo, mas, em outras, só ouvir Daisy já resolvia. Ela conseguia concertar alguma coisa, dentro de mim, e eu já não sentia mais como se estivesse num redemoinho, ou sendo sugada por uma espiral que só se afunilava.
A obra é linda, sua capa faz todo sentido com o livro e confesso que ri muito ao descobrir o porquê do título. Quando foi divulgado o nome desse livro, fiquei me perguntando qual seria o motivo e não consegui pensar em nada, mas a relação do título com o conteúdo faz total sentido. Acho a escrita do autor super leve, e talvez seja por isso que ela nos prenda tanto.
- Turtles All the Way Down
- Autor: John Green
- Tradução: Ana Rodrigues
- Ano: 2017
- Editora: Intrínseca
- Páginas: 272
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