Para começar, o romance entre Griffin e Theo é estupidamente fofo! Toda a magia do primeiro amor, a tensão de você contar para o seu amigo que gosta dele, o medo de ser rejeitado, as expectativas da primeira vez… todas as situações que ultrapassam a questão de gênero, orientação e até mesmo idade. Mas o fato de Adam Silvera trazer a representatividade de um casal gay na história é muito importante! Tanto para os héteros saírem da sua zona de conforto – afinal, também existem histórias lindas que envolvem personagens LGBTs -, mas principalmente para os leitores jovens gays, que podem se identificar com as situações que envolvem as descobertas dessa idade partir de personagens com a sua mesma orientação sexual.
Os transtornos mentais de Griffin também é outro ponto abordado no livro. Logo no começo da leitura, associamos a depressão de Griffin ao luto e não fica tão claro o que seriam algumas manias dele. Conforme conhecemos mais do personagem descobrimos que ele tem Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). As pessoas que tem esse transtorno tentam controlar constantemente situações que podem lhe causar mal-estar, mas na realidade vivem em um espiral de ansiedade. Abordar essa temática no livro, mostrando como Griffin parece preso a sua mente, que o puxa cada vez mais para baixo, é muito importante para quebrar os estigmas que envolvem as doenças mentais. Por mais que a internet tenha um papel importante na conscientização dessas doenças, ainda é interiorizado em nossa sociedade que esses transtornos não passam de frescura.
A obsessão e dependência do Griffin pelo Theo chega a incomodar em determinado momento, mas é de extrema importância para entendermos um pouco de como funciona a cabeça de quem tem TOC e sermos capaz de ter mais empatia pelas pessoas que sofrem do mesmo transtorno na vida real. A escrita de Adam Silvera é muito envolvente e isso ajuda bastante a nos aproximarmos de Griffin e suas dores.
Esse é um dos motivos que me faz gostar tanto de da literatura jovem-adulta. Em uma palestra, a Frini Georgakopoulos (autora do livro “Sou Fã! E agora?”) falou sobre como os livros desse gênero conseguem falar sobre temáticas que não são tratadas no que algumas pessoas classificam de “alta literatura”. Ao que parece, a falta de valorização desse gênero literário faz com que os autores tenham mais liberdade e consigam tratar com temas como os que o Adam Silvera aborda em História é Tudo Que Me Deixou.
Essa foi a minha primeira experiência lendo um livro do autor. Apesar de ter sofrido bastante ao lado de Griffin – e algumas horas querendo dar um tapas da cara dele -, os momentos fofinhos fizeram com que tudo valesse a pena. Eu não quis entrar tanto na história e como os outros personagens acabam influenciando em tudo, porque a graça em ler o livro está justamente em descobrir que história é essa que ficou.
- History Is All You Left Me
- Autor: Adam Silvera
- Tradução: Cristina Lasaitis
- Ano: 2017
- Editora: Hoo Editora
- Páginas: 336
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