Quem tal conhecer mais sobre grandes nomes da literatura mundial e suas obras? Foi pensando nisso que decidi fazer uma coluna aqui no site, começando pelo russo Dostoiévski.
Fiódor Dostoiévski é um dos escritores mais influentes da Rússia. As muitas dificuldades de sua vida encontram-se refletidas em seu trabalho, ajudando-o a criar personagens memoráveis que juntos formam uma imagem detalhada da Rússia do século XIX. Dostoiévski apresenta “o pequeno homem”, uma pessoa que você passaria na rua sem pensar duas vezes, mas, que na verdade que representa a vida da maioria das pessoas. Eles são a espinha dorsal de um país, e somente através da compreensão da vida de um ser humano sem voz, pode o retrato psicológico de um país começar a ser pintado. Esta é uma lista que reflete a essência de alguns dos personagens mais memoráveis nas novelas de Dostoiévski e leva o leitor à Rússia pessoal do autor.
A auto-imagem de Dostoiévski em seu trabalho
Humilhados e Ofendidos (1861): A ideia de começar a escrever este romance chegou a Dostoiévski quando ele se mudou para São Petersburgo, depois de ter passado algum tempo no exílio. Até certo ponto, o romance é autobiográfico e é contado do ponto de vista de um jovem escritor, Vanya, que está lutando para ganhar a vida na década de 1840. Nas páginas do romance, São Petersburgo se torna um livro aberto, e muitos detalhes precisos da vida do personagem fazem a cidade ganhar vida, semelhante às obras de outros escritores do século XIX, como Edgar Allan Poe ou Charles Dickens.
No caso de O Jogador (1866), este romance alcançou seu próprio espaço na cultura popular porque Dostoiévski narra uma história relacionada à psicologia de uma pessoa por trás do jogo. O Jogador acompanha um jovem no século XIX que aposta grandes somas de dinheiro. Ironicamente, a encomenda deste romance veio depois que Dostoiévski perdeu uma quantia significativa de dinheiro pertencente não apenas a ele próprio, mas também a seu amigo enquanto jogava.
Já Os Irmãos Karamazov (1879) é o trabalho final de Dostoiévski — concluído dois meses antes da morte do escritor. O enredo complicado explora questões desafiadoras, como liberdade, religião e ética. Como alguns críticos sugerem, é um reflexo das diferentes etapas da vida do escritor, representadas pelos três irmãos. O enredo geral é entrelaçado com uma história de assassinato, amor e questões sociais.
Dostoiévski e a Rússia ao seu redor
Crime e Castigo (1866): A melhor maneira de se familiarizar com Dostoiévski é lendo Crime e Castigo. Um dos livros mais conhecidos pelo autor, bem como uma leitura obrigatória para todos os russos, este é verdadeiramente um clássico. Neste livro, Dostoiévski conta a história de um homem pobre que comete um crime para sobreviver, mas depois lida com uma luta maior do que com a pobreza — culpa extrema. Ao longo do caminho, o leitor encontra algumas das criaturas mais baixas e lamentáveis que habitam as ruas de São Petersburgo. Conforme definido pelo próprio Dostoiévski, o romance é um trabalho psicológico, e o autor fica ao lado dos personagens, em vez de controlá-los.
Gente Pobre (1846), o romance epistolar, é escrito como uma troca de cartas entre duas pessoas pobres em São Petersburgo — o idoso Makar Devushkin e sua amada Varvara Dobroselova. Apesar do tom levemente irônico, o trabalho é um importante romance social que dá voz às pessoas desfavorecidas da sociedade. O amor de Devushkin por sua prima distante Varvara, o leva a procurar continuamente dinheiro para ajudá-la, esperando um dia casar-se com ela, mas, apesar de suas esperanças, os pais dela o desaprovam, e um homem mais rico a propõe, então Varvara se depara com uma escolha que muitas mulheres costumavam se opor.
Dostoiévski continua a falar dos sentimentos dentro de O Idiota (1868), já que este romance em particular, é completamente dedicado à importância da gentileza no mundo. O personagem principal, Myshkin, é um dos personagens mais gentis e bons da literatura, preso a um mundo imperfeito de pessoas julgadoras e astutas. Ele acaba de retornar depois de passar por tratamento em uma instituição mental suíça, mas infelizmente, seu envolvimento em um caso de amor escandaloso e os maus-tratos das pessoas ao seu redor o levam de volta para onde ele começou — uma instituição mental.
Finalmente, Os Demônios (1871) foi uma das obras posteriores de Dostoiévski e uma de suas obras mais politizadas. O enredo é baseado na história do assassinato de um estudante chamado Ivan Ivanov, que foi supostamente cometido por membros de um círculo revolucionário. Este romance foi um reflexo dos crescentes movimentos radicais entre a inteligência russa e os primeiros sinais do terrorismo. A obra de Demônios, é um reflexo dos pensamentos de Dostoiévski sobre a parte protestante da sociedade de seu tempo e talvez também uma reflexão sobre sua participação nos círculos do livre-pensamento.
O cânone de Dostoiévski inclui romances, novelas, contos, ensaios, panfletos, quintilhas humorísticas, epigramas e poemas. Ele escreveu mais de 700 cartas, das quais, uma dúzia está perdida. Um importante elemento estilístico nos escritos de Dostoiévski é a polifonia, que é a presença simultânea de múltiplas vozes e perspectivas narrativas, tornando sua obra literária ainda mais especial. E vocês, já sabiam dessas curiosidades?