Holly e Tim, recém-casados, sonhavam com uma vida perfeita. Uma casa na praia e filhos. Após a mudança para o litoral, Holly se dedicaria mais ao trabalho e Tim voltaria à faculdade. A casa dos sonhos representava as perspectivas da vida do jovem casal. Contudo, as primeiras dificuldades começaram quando Holly tentava, sem sucesso, engravidar. Com muita dificuldade e tentando todas as possibilidades, veio o tão esperado filho.
Jack Peter era um bebê normal como tantos outros. Um pouco mais quieto e desenvolvendo-se lentamente. Mas não apresentava qualquer indício de anormalidade. Todavia, Holly sabia, seu filho era diferente. Conforme foi crescendo, o menino se mostrava cada vez mais incomum em relação às outras crianças. Era normal ver Jack Peter se fechando em sua mente, entretanto, o garoto ainda interagia, dentro de suas possibilidades, com o mundo externo.
As coisas começaram a desmoronar quando os médicos deram o diagnóstico. Foi difícil, mas Holly e Tim tentaram lidar com a situação da melhor maneira. Porém, após um acidente, Jack Peter nunca mais foi o mesmo. O garoto passou a levar uma vida restrita a desenhos e a companhia de Nick, seu melhor amigo. Mas quando os desenhos do garoto parecem “tomar vida”, tudo fica completamente estranho e assustador.
Ele também havia sido modificado por aquele dia na praia, ainda que de outra forma.
Ambientada no Maine, a história de Keith Donohue debate alguns conflitos, principalmente pessoais, que muitas vezes não se dão por resolvidos em nossa vida. Ressentimento, traição, vingança e medo são alguns dos temas abordados pelo autor, inseridos numa atmosfera sombria da vida familiar. Sua narrativa, porém, é tão leve e agradável que torna a leitura prazerosa.
Fugindo totalmente aos meus gostos literários, ler O Menino Que Desenhava Monstros foi um tanto quanto desafiador e instigante. Não me interesso pelo gênero do terror e inclusive, tinha certo receio de fazer uma leitura do tipo. Como esperava, o livro não me envolveu por completa e atribuo isso ao fato de não gostar do gênero. Contudo, a leitura é extremamente interessante e em alguns momentos, me senti impossibilitada de interrompê-la.
Keith Donohue te insere totalmente naquele ambiente e você passa a desenvolver empatia pelos personagens. Em diversos momentos, me senti compreensiva com a situação dos pais, com como Jack se sentia em relação ao mundo e a Nick e suas próprias dificuldades. Além disso, o livro se desenrola em situações inimagináveis, até o desfecho final que surpreende totalmente. Devo dizer que fiquei fascinada pelo final do livro.
Por que Jip tinha de se afastar tanto às vezes? Amar de longe é muito mais difícil quando se trata do próprio filho.
Apesar das temáticas abordadas e da atmosfera sombria do livro, a história nos relembra um pouco das sutilezas da infância. O poder da imaginação que uma criança possui, o valor de uma verdadeira amizade, além, das inocências e aprontações dessa fase da vida. É fascinante ver a fidelidade da perturbadora amizade entre Jack e Nick e as implicações que isso traz à vida dos garotos, mesmo com toda a problemática envolvida.
Para quem, assim como eu, nunca leu ou não gosta de terror, mas tem a curiosidade e o interesse de ler algo do gênero, O Menino Que Desenhava Monstros é uma excelente obra para se iniciar. A sua leitura, além de ter sido muito prazerosa, me abriu as portas para experimentar um gênero que até então, eu não me interessava. Fica a dica!
- The Boy Who Drew Monsters
- Autor: Keith Donohue
- Tradução: Cláudia Guimarães
- Ano: 2016
- Editora: Darkside Books
- Páginas: 256
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