No ano de 1994, nas proximidades de uma pequena cidade do interior da Inglaterra, uma garotinha desaparece sem deixar vestígios e, embora a força policial venha a realizar diversas investigações, o caso nunca é solucionado. Vinte três anos depois, deixando para trás as mais belas paisagens da pequena cidade, nos encontramos em Londres, acompanhando os passos da promissora violoncelista Matilda Gray. Prestes a dar início às apresentações que podem modificar os rumos de sua carreira, a jovem depare-se com o comportamento confuso e instável da mãe que, momentos depois, irá tirar a vida diante da própria filha.
Forçada a lidar com o choque, luto e solidão, Matilda segue para a casa da mãe. Lá ela encontra uma caixa repleta de recortes de jornal e fotografias antigas, vindo a descobrir o antigo e misterioso desaparecimento da garotinha e, muito mais do que questionar o possível estado mental e psicológico da mãe, a jovem reflete sobre o possível papel desempenhado pela mãe em meio aos eventos do passado. Deixando toda sua agenda de lado ela irá seguir para a pequena cidade onde, em meio a habitantes hostis e comentários confusos, irá deparar-se com algo mais sombrio do que o possível sequestro de uma garotinha.
Apesar de apresentar uma premissa velha conhecida dos amantes de histórias de terror e suspense, é a execução desta narrativa que cativa o espectador, prendendo sua atenção logo nos primeiros minutos do primeiro episódio. Embora o desfecho não surpreenda, uma vez que contém um dos eventos mais empregados e repaginados em meio a histórias que seguem pelos mesmos caminhos que esta, é impossível não se ver intrigado pelos acontecimentos, pelas atitudes de cada personagem e pela bela forma com que esta história é apresentada.
Interligando linhas narrativas, percepções de personagens, pensamentos, ações e comentários acerca de um mistério nunca resolvido, o seriado demonstra um controle absoluto sobre a narrativa que se dispõem a desenvolver. Nada é exposto antes do tempo, as informações interligam-se em meio a uma teia de verdades e mentiras, e, embora a personagem principal irrite por seu egoísmo inegável, pelas ações típicas de alguém que pensa somente em si, demonstrando, ainda, pouquíssimo senso de preservação, é o mistério, a narrativa que conquista o espectador. As cenas questionam o que vimos anteriormente, as ações dos personagens nos fazem refletir sobre seu caráter e os acontecimentos nos indagam se este mistério possuí ou não um elemento sobrenatural em sua essência.

A atmosfera sombria aproveita-se de belas paisagens e locações que, interligadas a uma fotografia impecável, transformam a experiência do espectador em algo ainda mais imersivo. Aqui não precisamos de ricos efeitos especiais ou monstros desenvolvidos por computação gráfica para intrigar e estabelecer aquela adorável sensação de curiosidade apreensiva que poucos filmes e séries são capazes de manter ao longo de todo seu desenvolvimento. Na mesma medida em que as locações conquistam pela beleza, cada detalhe é aproveitado para construir uma atmosfera que condiz perfeitamente com a abordagem e temática da narrativa.
Requiem em sua única temporada, demonstra mais cuidado, beleza, sombras e controle sobre a narrativa do que muitas outras séries do gênero. Apesar dos boatos acerca da possível produção de uma segunda temporada, o seriado não necessita de uma continuação caso a mesma perca sua essência, beleza e cuidado, elementos que tanto encantam ao longo de cada um dos seis episódios. Apesar do desfecho previsível e enredo conhecido, esta é mais uma daquelas séries que não podem ficar de fora da lista dos apaixonados por terror e suspense.

  • Requiem
  • Criado por: Kris Mrksa
  • Com: Lydia Wilson, James Frecheville, Joel Fry
  • Gênero: Suspense, Terror
  • Duração: 6 episódios – 58 minutos

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