Pelas paredes já gastas da casa era possível ouvir a voz grave e intensa de um homem acostumado a comandar diversos empregados. Lady Helen, considerada a mais altruísta das damas, não viu outra alternativa a não ser cuidar do ferido com todo amor e paciência que destinava mesmo às suas orquídeas mais geniosas. O que ninguém sabia é que a cada novo raiar de sol, os cuidados perdiam o caráter obrigatório e ganhavam contornos de conquista.
Apesar ter visto o senhor Winterborne com um humor deplorável, Lady Helen não estava preparada para sua versão saudável e cheia de virilidade. Após um beijo cheio de paixão a jovem ficou dividida entre o medo e a atração, afinal, nunca antes tivera contato tão íntimo com um homem. Assim, um noivado que começou às pressas é rompido na mesma velocidade, sem que Helen tenha tempo o bastante para decidir o que é melhor pra ela. Cansada de ver as decisões serem tomadas sem seu consentimento ela decide segurar as rédeas da própria vida e ir atrás do único homem que despertou nela sentimento tão extraordinários, nem que pra isso seja preciso ir contra sua família.
Às vezes é preciso amar algo antes que ele se torne digno de amor.
Quando Lady Helen entra em seu escritório, Rhys Winterborne ainda se sente ofendido e magoado pela rejeição, e a última coisa que ele espera é ser abordado com tal proposta. Enfim a mulher dos seus sonhos estará ao alcance de seu corpo, da sua cama e do seu coração.
O segundo livro da série Os Ravenels tinha tudo para perder a força, o envolvimento do casal já havia começado no primeiro volume, e eles dividiram o palco com protagonistas brilhantes cuja história de amor era perfeita o bastante para ofuscar qualquer outra. No entanto, Lisa Kleypas conduziu com maestria cada detalhe e nos deixou ansiosos para conhecer ainda mais o frio e enigmático Rhys e a delicada e ingênua Helen Ravenel. Fica evidente que ambos possuem um carisma próprio e reencontrá-los agora em seu próprio cenário é tão delicioso quanto foi na primeira vez. Agora que os holofotes estão totalmente focados nessas duas personalidades tão opostas é possível nos questionarmos acerca desse relacionamento tão improvável e altamente apaixonante.
Em primeiro lugar eu preciso dizer que gosto muito de Rhys, o senhor Winterborne, ele não é de origem nobre, contrariando todos os estereótipos masculinos dos romances de época, e me cativa ainda mais saber que ele é um homem forte em todos os aspectos da palavra, que lutou para conquistar sua riqueza, que é gentil e extremamente justo atrás da fachada, por vezes, bruta e que reconhece o mesmo nos outro independente de gênero ou classe social. Sua personalidade tão rica proporcionou ao enredo momentos únicos e excepcionais, que eu não deveria deixar de comentar. Numa época onde as mulheres não estão nem perto de encontrar seu lugar na sociedade, Rhys emprega e acredita nelas por seu talento e intelecto. Ele as respeita e exige que aqueles em seu convívio também o façam e eu fiquei tão orgulhosa dele nessas horas, é impossível não amar alguém assim.
Lady Helen é um doce de mulher, altruísta e cheia de amor ela está completamente distante das arredias mocinhas que sempre vemos nos livros do gênero. Com ela não existe espaço para joguinhos de gato e rato ou brigas desnecessárias que vão cansando o leitor no decorrer das páginas. Apesar de toda a delicadeza existente nessa personagem, ela é decidida e madura, e mesmo quando parece que será coagida por algo ou alguém, ela faz seu próprio caminho. Fiquei surpresa com toda essa garra e só então compreendi que apesar de todas as diferenças existentes entre ela e Rhys, os dois foram feitos um para o outro. Nunca um termo fez tanto sentido, eles realmente se completam.
Se eu tivesse esse direito, eu a proibiria de ir a qualquer outro lugar sem mim. Não por egoísmo, mas porque estar longe de você é como tentar viver sem respirar.
Assim como seu antecessor esse livro é muito equilibrado. A trama é profunda e leva o leitor a experimentar todo o tipo de sentimento. É possível suspirar de amor para logo em seguida chorar com os dramas verdadeiros experimentados pelos personagens. E eu tenho uma satisfação enorme de encontrar histórias assim, que abordam a ficção com destreza o bastante para tocar, dessas que não morrem na superficialidade, que são sinceras mesmo não sendo reais.
E apesar de ter achado que não haveria mais nada no casal que me prenderia após as idas e vindas iniciais, me vi prendendo o fôlego com cada nova revelação e quando um fato do passado coloca a relação dos dois em cheque, eu me entreguei completamente a narrativa. Normalmente tenho pavor daqueles pivôs existentes nas tramas que afastam grandes amores, mas se ele for coerente e justificável, eu até sofro junto. Confesso que até dei uma choradinha, fiquei tensa mesmo e por isso posso dizer que seguramente esse livro é ainda melhor que o primeiro.
Para finalizar menciono apenas rapidamente o quanto os personagens secundários enriqueceram ainda mais o enredo. Eles realmente fizeram parte da trama, tinham propósito e foram muito bem desenvolvidos. Você vai se apaixonar pela médica durona, e odiar um certo Sr. Vance. Conseguirá dar gargalhadas com as irmãs arredias de Lady Helen, e torcer pelo par romântico do primo Ravenel ainda solteiro. Deixe Uma Noiva pra Winterborne conquistar você em cada página, eu mesma já quero o próximo livro da série na minha mesa na próxima semana.