Andy McGee era apenas um adolescente em busca de alguns trocados, quando conheceu Vicky e se voluntariou para um experimento científico da organização governamental clandestina, chamada a Oficina. A consequência de terem o Lote Seis aplicado em suas veias foi o surgimento de poderes psíquicos, mas o fato de terem desenvolvido estes “doms” poderia ser ainda piore caso a Oficina descobrisse que Andy e Vicky se apaixonaram e tiveram uma filha.
Charlie foi ensinada, desde muito pequena, que usar o seu poder era errado. Seu poder é massivo e destruidor, ainda mais sob o pouco controle que a pequena menina parece possuir. O poder de Charlie é a pirocinética, ou seja, ela pode criar fogo apenas com sua pequena e infantil mente. Por este motivo, sempre foi ensinada que criar fogo era uma “coisa ruim” e que ela deveria evitar isso o quanto pudesse.

A paz da pacata família é ameaçada quando a pequena Charlie é descoberta e começa a ser perseguida pelo governo para poderem utilizarem o seu poder como uma arma militar. É desta forma que Andy e Charlie passam a percorrer o país em fuga, porém, cada vez mais, os poderes de Charlie parecem ser a única arma que eles próprios possuem para saírem ilesos disso. Ela deve usar a “coisa ruim”?A narrativa percorre entre o presente e o passado, mostrando a atual situação do pai e filha e o passado quando ainda eram felizes em família. Desta forma, iremos descobrindo como ambos chegaram até ali e que fim levou Vicky. A Incendiária retrata a fuga desesperada de um pai tentando de todas as formas salvar sua pequena filha. Por este motivo que, após a leitura, vejo que a trama se trata muito mais do amor paternal e do desejo de Andy em querer protege-la, do que da própria menina e seu poder de fato.

O poder de Andy é o controle mental. Ele consegue plantar pequenas sugestões na cabeça das pessoas, fazendo-as se lembrar de algo que nunca fizeram ou até enxergarem algo que não existe. Sem dúvidas é um poder muito interesse e vem dele os enlaces mais elaborados da trama. Porém, se Andy abusa demais do seu poder ele pode sofrer graves consequências, diferentemente de Charlie que não sofre nenhum efeito colateral e por este motivo é tão perigosa.
Apesar dos personagens estarem sempre em movimentos (com exceção de um trecho em específico), são poucas as cenas de ação, porém as que existem são muito bem elaboradas. De qualquer forma é fácil de se envolver com os personagens, com suas motivações e inseguranças. Por este motivo que a leitura de A Incendiária se mostra instigante mesmo nos trechos arrastados, pois queremos a todo custo, saber se Charlie e Andy sairão ilesos de cada encruzilhada. A trama enriquece com a inclusão de Rainbird, contratado pela Oficina para capturar ambos. As motivações desses personagens são bem perturbadoras, então estejam preparados.
Escrito em 1980, A Incendiária ganhou até uma adaptação para os cinemas em 1984, com o nome de Chamas da Vingança, onde a, então pequena, Drew Barrymore interpreta Charlie. Sem dúvidas o lançamento do longa foi um grande estrondo, porém hoje, se formos fazer um paralelo de tudo que já tivemos em 30 anos, a trama de A Incendiária pode soar um pouco decepcionante, mas que certamente serviu como grande inspiração para outras ótimas histórias.

Acredito que este tenha sido o meu terceiro contato com o autor Stephen King, sendo esta minha primeira experiência com uma ficção científica escrita pelo autor. Infelizmente, a trama é bastante simples, mas o desenvolvimento que acaba ganhando destaque pela narrativa tão característica de King. Ainda não foi o livro do autor que me conquistou por completo, mas sinto que estou indo pelo caminho certo.Esta edição faz parte da Biblioteca Stephen King, uma coleção que a Editora Suma vem abastecendo com títulos que já saíram a tempos de circulação. Ao final do livro podemos notar dois posfácios, um do próprio autor e outro assinado por Grady Henderson, que apresenta ao leitor uma certa analogia de toda a trama de A Incendiária. Confesso que achei meio bizarro, mas interessante se analisarmos por esta perspectiva (e aqui eu mantenho segredo para vocês ficarem curiosos). Vale a pena conferir.

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  • Autor: Stephen King
  • Tradução: Regiane Winarski
  • Ano: 2017
  • Editora: Suma
  • Páginas: 448
  • Amazon

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