Clay Riddell é um adulto de meia idade que tenta emplacar nas bancas sua primeira história em quadrinhos. Bem no dia em que ele sai pelas ruas de Boston, ele começa a ver coisas estranhas acontecerem: o ouvido de uma mulher começa a sangrar enquanto ela falava ao telefone, outra pessoa começa a ter um comportamento estranho e muda sua fisionomia bem na frente dele, ficando com a aparência de um zumbi.
No começo é difícil de entender o que está acontecendo, mas logo ele descobre a explicação para aquilo: de alguma maneira, os celulares estão fazendo as pessoas enlouquecerem.
Riddell não sabe o que fazer até que encontra mais dois companheiros de luta, Tom McCourt e a jovem de apenas quinze anos Alice Maxwell. Os três não sabem como estão suas famílias, estão sozinhos e não sabem se existem mais pessoas infectadas fora de Boston. Clay, por exemplo, havia deixado sua família no Maine e não sabe se a epidemia chegou até lá.
Celular é daqueles livros com o terror bem característico de King, cenas fortíssimas, mortes para todo lado, coisas fantasiosas acontecendo, mas devido a construção de seus cenários, com uma enorme dose de realidade.
Sobre a realidade que King consegue passar para o livro, trago a você uma história muito bacana. Em setembro eu fui para Boston, a trabalho e um dos livros que levei para ler durante as viagens de avião foi Celular, sem saber que ele se passava em Boston. E ele foi minha companhia na viagem de o retorno ao Brasil, imaginem só, você saindo de um lugar que gostou muito de conhecer, lendo um livro que se passa, com os mínimos detalhes, nas ruas que você havia acabado de conhecer. Foi uma das melhores sensações, a qualidade da descrição das cenas, com os personagens passando exatamente nas ruas mais importantes da cidade, pelas quais eu também havia passado, a impressão de estar dentro do livro era real e muito especial.
Mas enfim, a ideia central do livro é a busca pela cura da epidemia causada por quem usava celular e a dúvida constante do paradeiro das famílias dos personagens principais, das pessoas nos outros lugares do país e do mundo. Porém, a grande questão desse livro está mais subentendida e diz respeito à maneira como as pessoas podem ficar por causa da utilização dos celulares.
O livro foi lançado nos Estados Unidos em 2006, quando os smarthphones não eram populares e não existia ainda Whatsapp, nem Facebook ou o Instagram disponíveis na palma da mão e mesmo assim, a maneira como os celulares estavam sendo utilizados há treze anos já preocupava Stephen King.
Originalmente lançado em 2007 aqui no Brasil, Celular está sendo relançado em uma linda edição feita pela Suma. Além do livro, existe também um filme, chamado Cell: Chamada Para a Morte (2016), o qual conta inclusive com Samuel L. Jackson e John Cusack, grandes atores americanos. Segue mais uma opção caso você tenha gostado do livro.
Celular é um daqueles livros de terror raiz, cheio de cenas fortes, pesadas, com tanta morte que o sangue parece que irá escorrer pelas páginas enquanto você as segura. Mas, criticamente falando, o final deixa um pouco a desejar, fica muito aberto e diversas “janelas” que são abertas durante a trama não se fecham em sua conclusão.
De qualquer maneira, eu gostei demais desta leitura, principalmente por ter conhecido quase todas cidades aonde o livro acontece, mas também por ler algo do estilo antigo de escrita do mestre King. Ultimamente o autor tem escrito livros muito leves, focando mais no gênero suspense e menos o de terror, como por exemplo a série Bill Hodges, e até mesmo Outsider, que é bem leve comparado aos antigos livros dele, mas Celular me trouxe novamente a sensação delícia de ler o mestre do terror.
Stephen King é meu escritor favorito, escritor dos livros mais importantes da minha vida e aquele cara que eu compro o livro sempre no primeiro dia do seu lançamento, tenho mais de trinta livros dele na minha pequena biblioteca e sem dúvidas conhecer a história de Celular foi maravilhosamente perturbante.
E você, já conhece a história de Celular? Viu o filme ou leu o livro em sua primeira edição? Me conte aí suas experiências com o mestre do terror.
- Cell
- Autor: Stephen King
- Tradução: Fabiano Morais
- Ano: 2018
- Editora: Suma
- Páginas: 384
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