Vale começar a falar de Garotas Tristes destacando o trabalho editorial da Globo Alt. A capa – nosso cartão de visita para a maioria dos livros que vemos nas livrarias – foi feita pela artista Brunna Mancuso exclusivamente para versão brasileira do livro, os tons papéis e as três garotas tristes representam, não apenas o título do livro, como todo o mistério guardado nessas páginas.
Garotas Tristes gira em torno de Audrey, uma jovem que está para se formar no colégio e precisa lidar com as consequências de uma “mentirinha” que ela acredita ter sido o gatilho para o suicídio de Ana, uma colega de classe. A culpa pela morte de Ana acaba afetando tanto Audrey que ela desenvolve síndrome de pânico e depressão, enquanto sua vida parece ruir aos poucos.

Enquanto eu começava a conhecer a história desse livro, essa primeira parte, principalmente, fez com que eu fizesse conexões com o nosso momento atual e a explosão das “fake news” (um nome diferente que essa geração resolveu dar para a mentira). O que vamos ganhar com isso? Um minuto de atenção em uma conversa? O quanto isso pode “destruir” a vida de alguém? Sabe, tudo começou com uma conversa entre amigas que ganhou proporções colossais inimagináveis.

Seu primeiro amor não é a primeira pessoa a quem você dá o coração: é a primeira que o quebra.
O diferentes plots que a autora Lang Leav traz através da interação de Audrey com outros personagens faz como ela nos apresente um final surpreendente que fará com que qualquer um fique de boca aberta – eu mesma revirei na minha cama algumas vezes e levou dias para a ficha cair.  Resumidamente (e sem spoilers), Audrey precisa lidar com outras questões que vão para além dessa mentira. A morte de Ana, na realidade, não trouxe apenas os transtornos mentais para sua vida, mas outros caminhos que a levaram a repensar o seu relacionamento abusivo, ter sua primeira experiência profissional e se permitir envolver com o misterioso Rad. Paralelamente, também ficamos sabendo de alguns acontecimentos de suas outras duas amigas, a problemática Candela e a Lucy, que parece estar com sua vida toda resolvida – mas não se deixe enganar, afinal, o título do livro é Garotas Tristes, no plural.
Lang Leav consegue envolver o leitor nas primeiras páginas através da confissão de Audrey em uma narrativa em primeira pessoa da mentira, nos fazendo sentir praticamente as únicas testemunhas dessa confissão, apenas esperando o momento que toda verdade virá à tona. A autora também faz um belo trabalho na construção do ship trazendo várias reviravoltas e cenas que dão aquele friozinho na barriga, que amamos em todos os YA.
As únicas coisas que me incomodaram um pouco na história foram: a forma com que as “outras garotas tristes”, as amigas de Audrey, parecem jogadas na história, sendo muitas vezes “esquecidas”; e algumas saídas “fáceis” que Audrey acabou encontrando em sua vida (como, por exemplo, empregos que caiam do céu). Fora isso, eu me senti muito envolvida com a história e devo destacar mais uma vez que o final é surpreendente.
Acredito que Garotas Tristes agradará os leitores que gostam de reviravoltas mirabolantes, muito mais do que os que estejam procurando uma história dramática. Provavelmente, se você gostou de Um de Nós está Mentindo, de Karen Mcmanus, você mal pode esperar para se sentir praticamente um cúmplice nas mentiras que envolvem Garotas Tristes.

  • Sad Girls
  • Autor: Lang Leav
  • Tradução: Luisa Geisler
  • Ano: 2018
  • Editora: Globo Alt
  • Páginas: 416
  • Amazon

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