Tudo que a gente sempre quis é o livro de estreia da autora Emily Giffin na Editora Arqueiro, porém já existem sete romances publicados através de outra editora, e lá fora, os livros são implacaram as listas de best-sellers com milhões de cópias vendidas. Não é à toa que Emily é um sucesso, suas histórias são cativantes e abordam temas importantes na nossa sociedade e nas relações interpessoais.
Nina é uma esposa troféu. Desde que seu marido Kirk ficou ainda mais rico, seu padrão de vida se elevou drasticamente. O casal frequenta bailes de caridades e lugares caros, compram tudo o que querem e mimam demais seu filho Finch, que acaba de ser aceito na Universidade de Princeton. Apesar de possuir tudo o que deseja, ela não é uma pessoa esnobe como suas amigas e preza sempre pelo certo e pelo justo. E seu caráter é elogiável, ao contrário de seu marido.
[…] Além disso, muitas vezes eu tinha a impressão de que tanto ele quanto Kirk queriam coisas pelo status que elas conferiam, e posso dizer honestamente que nunca, nem uma única vez, comprei qualquer coisa com o objetivo de impressionar alguém. Simplesmente amava design e moda. Para mim.
Tom é pai solteiro. Lyla e ele foram abandonados há muitos anos atrás por Beatriz, uma brasileira que gosta de festas, bebidas e que não possui nenhuma responsabilidade para manter uma família. Para cuidar da sua filha, ele trabalha como marceneiro e faz bicos a noite como motorista de aplicativo. Os dois não levam uma vida de luxos, mas conseguem viver confortavelmente. Lyla é bolsista em Windsor, uma escola com muitas qualidades, mas também frequentada por muitos riquinhos esnobes. Para completar, ela nutre uma paixão secreta por Finch que estuda no mesmo lugar, mas ele já possui uma namorada.
Tudo muda na vida dessas pessoas quando uma foto, de Lyla deitada em uma cama com um dos seios de fora, é compartilhada na internet com a seguinte legenda: “Parece que ela finalmente conseguiu o green card”. Os pais logo são chamados para uma reunião na escola e as opiniões divergem. O autor da foto, Finch, jura que foi apenas uma brincadeira com os envolvidos na festa e nada demais, afinal, todos estavam bêbados. Seu pai Kirk apoia o filho em tudo e garante que não é caso de uma punição, porém Nina que é a mais sensata nesta história acha que ele precisa arcar com as consequências dos seus atos.
O livro alterna as narrativas entre Nina, Tom e Lyla. Tendo a visão de cada personagem podemos entender melhor seus pensamentos e suas atitudes. A situação da foto serviu para despertar e aflorar a verdadeira essência de cada um. Nina já não está mais feliz com o seu casamento há muito tempo, mas apenas agora conseguiu perceber com que tipo de pessoa ela se casou e como ele é uma má influência na educação de seu filho. Com um passado não tão fácil, ela consegue se conectar e identificar muito com Lyla e procura ajudar a garota de todas as formas, ao mesmo tempo em que vai ganhando a admiração e a amizade de Tom.
Diversas coisas acontecem para que os personagens possam aprender e evoluir durante a trama. Os assuntos abordados nesse romance, são extremamente relevantes e estão presentes na nossa realidade. O Preconceito racial, o bullying, a diferença entre classes e caráter são apenas alguns dessas questões e nos fazem refletir sobre as pessoas que deixamos entrar em nossas vidas e no que realmente é “valioso” para cada um. Emily Giffin trabalha muito bem todas as tramas dentro de um livro só e a leitura acaba fluindo muito bem.
Vale muito a leitura de Tudo Que a Gente Sempre Quis e eu a recomendo para todas as idades. Apesar de aparentar ser um um livro mais direcionado para o drama adulto, ele também cativa os leitores mais jovens, por mostrar esta realidade dentro das faculdades juntamente com temas que acompanham esta fase. Ao mesmo tempo a autora constrói uma visão mais madura dos fatos através das perspectivas dos pais dos adolescentes e isso é muito bem desenvolvido.
Ao final da leitura tenho certeza que você irá se envolver com estes personagens e irá perceber que tudo o que eles querem, mesmo diante as complexidades que a vida impõe, é serem felizes.
- All We Ever Wanted
- Autor: Emily Giffin
- Tradução: Marcelo Mendes
- Ano: 2019
- Editora: Arqueiro
- Páginas: 304
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