Rory Moore é uma detetive forense enfrentando um grande problema pessoal. Seu pai, que fora um reconhecido advogado, acaba de morrer e ela agora precisa ir até o escritório dele, organizar seus casos, guardar suas coisas e refletir sobre como sua vida será daquele dia em diante, como será viver sem sua principal referência na vida.

Moore estava afastada das suas funções, andava estressada e tinha deixado de lado seu trabalho para ficar consertando bonecas de porcelana, um hobby que ela gostava muito. Até que um certo dia um homem chega solicitando seus serviços para a boneca que fora de sua filha, assassinada no ano anterior, do qual o corpo foi encontrado no Grant Park, em pleno inverno, parcialmente congelado. O assassino nunca foi descoberto e logo a súplica de Walter Byrd não é só para que a boneca volte a sua forma original, mas também para que sua filha tenha a justiça merecida.

O pedido recoloca a detetive na ativa, faz ela ir atrás dos documentos de investigação do caso da filha de Walter Byrd, ocorrido há mais de um ano, e a reaproxima do meio em que ela está acostumada a viver. Porém ao mexer nos papéis de seu pai ela descobre novos fatos sobre o caso envolvendo crimes ocorridos há 40 anos. A descoberta acaba fazendo-a ficar cara a cara com um assassino em série condenado pela morte de Angela Mitchell, mas que esta prestes a receber sua liberdade condicional.

Este é o enredo do novo livro de Charlie Donlea, o mestre dos thrillers policiais da atualidade e que mais uma vez chega Faro Editorial, a casa dos principais livros de suspense. O livro será lançado aqui no Brasil dia 20 de maio, uma semana antes do lançamento americano. Vocês têm noção do quanto isso é incrível? Um livro estrangeiro chegará às nossas livrarias antes do que no próprio país de lançamento!

É claro que o fato de chegar uma semana antes é irrelevante, mas só de termos a honra de ter o livro lançado simultaneamente aqui já é algo indescritível. Nós brasileiros, que as vezes ficamos sem a sequência de trilogias ou precisamos esperar mais de um ano para ter acesso à uma obra. O livro de Charlie é um marco e o que a Faro Editorial está fazendo é algo imensurável para amantes da literatura. Obviamente que isso só ocorreu devido a gigantesca organização na produção do livro, tanto da parte do autor como da parte da editora, em ser extremamente cuidadosa em seus contratos de compra de direitos autorais. Na crise editorial que estamos vivendo no país nesse ano, esse fato precisa ser muito valorizado e a editora precisa ser parabenizada pelo feito que está nos proporcionando.

Falando ainda sobre lançamentos e entrega de livros, Donlea, junto com as editoras americana e brasileira, fez um trabalho muito forte de divulgação prévia do livro, o que também é bem incomum, enviando os livros com antecedência a parceiros para que as primeiras impressões da obra chegassem ao público alvo antes deles de fato poderem ter acesso ao livro. E é por este motivo que tive a oportunidade de vir falar em primeira mão sobre esta leitura.

Novamente abordando uma história sobre livrar alguém de uma pena, como ocorreu em Não Confie em Ninguém, e retomando uma história do passado, como já é habitual em seus livros, em Uma Mulher na Escuridão, Charlie Donlea volta à Chicago do final da década de 70, onde cinco garotas sumiram sem explicações e sob as mesmas circunstâncias. Sem que os casos fossem resolvidos, o criminoso conhecido como O Ladrão, acaba preso pelo assassinato de Angela, uma mulher que desconfiava que ele fosse o responsável pelos assassinatos em questão.

A estrutura do enredo permanece a mesma dos demais livros de Charlie, intercalando várias histórias simultâneas e que em algum momento poderão se interligar, além de voltar ao passado para contar como Angela chegou às suas suspeitas e como foi o desenrolar da história naquele tempo.

Charlie é para mim, o maior expoente literário da atualidade e acho incrível acompanhar de perto o crescimento de um autor tão bom. Acredito que no futuro ele poderá ser comparado a nomes como Agatha Christie e Stephen King, e nós estamos podendo viver esse crescimento dele “ao vivo” acompanhando cada uma de suas obras que é lançada. Claro que como todo bom autor, tenho uma ressalva, mas já cheguei a perceber uma certa estagnação do autor ao inovar (afinal temos uma fórmula de sucesso aqui). Os livros apresentam certas características semelhantes, o que também pode ser identificado como a assinatura do autor, mas devido a isso, minha experiência com Não Confie em Ninguém, ficou aquém do que eu esperava.

Mas Uma Mulher na Escuridão veio para reafirmar a qualidade de escrita de Donlea, reafirmou minha idolatria pelos livros dele e me surpreendeu bastante com o decorrer da obra e a forma como as coisas vão se desenrolando. Ele desenvolveu um final muito emocionante, e mais uma vez, construiu uma atmosfera densa de suspense até a última página. Charlie possui um diferencial, que é o fato de ele conseguir solucionar os casos e sempre deixar algum mistério para as últimas linhas do seu livro sem que isso pareça forçado ou que perca sua veracidade. Ele consegue ser fiel aos fatos, com detalhes importantíssimos e coerentes, deixando cada linha da sua obra importante para o seu final. Isso me lembra muito meu ídolo mor, Stephen King. Há elogio maior?

Então me contem nos comentários o que acharam do fato de a Faro Editorial trazer o livro para nós, brasileiros, antes dele chegar no resto do mundo? Acham que Charlie Donlea tem capacidade de virar um ícone da literatura de suspense mundial e ser lembrado por outras gerações? Eu acredito.

  • Some Choose Darkness
  • Autor: Charlie Donlea
  • Tradução: Carlos Szlaka
  • Ano: 2019
  • Editora: Faro Editorial
  • Páginas: 304
  • Amazon

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