Publicado originalmente em uma revista literária em 1890, O Signo dos Quatro é o segundo volume da saga do detetive consultor Sherlock Holmes.
Apresentando uma narrativa levemente diferente do seu antecessor, O Signo dos Quatro inicia quando Mary Morstan, procura por conta própria os serviços do detetive. A moça deseja descobrir o que aconteceu com seu pai, falecido há 10 anos. Um caso um tanto quanto peculiar, mas certamente um novo desafio para Sherlock e seu, agora, fiel escudeiro Watson. Qual seria o mistério por trás das pérolas raras que Mary vem recebendo todo ano, desde a morte do seu pai?
Este foi meu segundo contato com Sherlock e Arthur Conan Doyle, e logo percebi uma certa diferença na construção da narrativa deste segundo romance. Diferentemente de Um Estudo em Vermelho, que é dividido em duas partes, neste volume o autor apresenta a trama apenas por capítulos. A característica de explicar a origem do crime atual, usando casos antigos é mantida e nesta edição o autor dá até uma certa humanizada no assassino, o que acabou se mostrando algo bem interessante.
É em o Signo dos Quatro que temos a cena icônica de perseguição de barcos no Rio Tâmisa. É realmente emocionante e muito bem descrita, de forma que você se sinta presente no cenário e a leitura acaba sendo mais instigante. Se você já assistiu a série de TV, já deve conhecer esta cena, vale muito a pena ir atrás!
Abordando os temas propostas, esta é uma trama que envolve o roubo de um tesouro, um pacto entre quatro pessoas (por isso o signo dos quatro), uma traição e a busca por vingança. Também é neste volume que perceberemos um envolvimento maior de Dr. Watson com o caso, sendo finalmente, um parceiro de fato para Sherlock. Aqui ele não está tão perdido quanto no primeiro, onde tudo ainda era muito novo, aqui saberemos um pouco mais sobre o personagem, suas motivações e até conheceremos um interesse amoroso.
Sherlock por sua vez continua desenvolvendo seu pensamento analítico, sentido aguçado e desenvolvendo a ciência da dedução, dominada por ele como nunca. É um personagem com uma mente realmente brilhante, sempre um passo à frente e pronta para surpreender o leitor pelos mínimos detalhes não notados por nós. A leitura é rápida, o livro é curtinho e possui o equilíbrio perfeito para manter o leitor vidrado. Então se você curte histórias objetivas, talvez goste das histórias do Sherlock.
Eu só não recomendo que você inicie sua jornada por este volume, pois apesar de todos os pontos válidos que citei acima, O Signo dos Quatro não me envolveu tanto quanto Um Estudo em Vermelho, que é incrível! Aqui Sherlock prova que possui uma mente mais aguçada, mas há pouca ação de fato, tirando uma ou duas sequências. O monologo do final me cansou um pouco, confesso.
Algo que não citei no primeiro livro, mas achei interessante trazer para esta resenha é o vício de Sherlock em opiáceos, neste caso cocaína e morfina. O uso regular do detetive é descrito sem qualquer ressalva, aliás, o livro inicia com Sherlock aplicando uma dose grande em si mesmo, enquanto Watson observa o comportamento do amigo. Isso acontece porque Sherlock está bastante frustrado por não estar trabalhando em caso nenhum, já tem um tempo. Vale lembrar que na época em que o livro fora escrito, tal prática era vista como medicinal, mas já era sabido do poder destrutivo do mesmo, o próprio Watson se mostra bastante incomodado com isso e até tenta alertar Sherlock sobre isso, sem sucesso, claro.
Enfim, vou continuar acompanhando as aventuras de Sherlock e Dr. Watson. Espero que O Cão dos Baskervilles, terceiro romance escrito pelo autor, possa me surpreender mais e assim que eu concluir a leitura, volto aqui para comentar com vocês.
- The Sign of the Four
- Autor: Arthur Conan Doyle
- Tradução: Casemiro Linarth
- Ano: 2018
- Editora: Martin Claret
- Páginas: 176
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