Arautos do Apocalipse é o livro de estreia do autor nacional E. B. Alvez. Na história conheceremos um homem, que a bordo do Três Meninas, está enfrentando uma noite de tormenta em alto-mar. Logo descobrimos que seu destino seria as profundezas dessas águas escuras, caso não tivesse sido encontrado por seres de vestes estranhas e um tanto quanto peculiares.
A partir daí, tanto o personagem quanto o leitor, serão apresentados aos domínios de Atlântida, mais precisamente na cidade de Anphiptron. Ali, este homem passará a conhecer a verdade por trás dessa civilização perdida, todos os segredos sombrios que os envolvem e que parece existir há muito mais tempo que a humanidade possa imaginar. Mas e se todos estes segredos tivessem uma ligação direta com a nossa existência?
A narrativa de Arautos do Apocalipse é toda feita em primeira pessoa por Rino, como ele gosta de ser chamado. E a partir do momento que ele acorda em Anphiptron, acompanharemos um grande diálogo, em sua maioria, com Nemo e Estranho, nomes dados por ele para os atlantianos que o resgatam e que têm como objetivo de lhe explicar todos os detalhes dessa cidade, dessa civilização, quem realmente são, como vivem no fundo do mar, tirar a dúvida de como ele, um humano, consegue estar vivo neste ambiente, até a desenvolver conversas ainda mais complexas que envolverão existência, Deus, criação e também o coexistência desse povo com os humanos.
Discussões ainda mais profundas são abordadas pelo autor, tudo isso com um certo bom humor em sua narrativa. Rino é um personagem que expressa a mesma reação de qualquer humano que se encontre naquela situação, inclusive, o homem faz várias reflexões e cita como referência diversos elementos da nossa cultura, seja filmes, músicas e até livros, como o de Jules Verne em 20 Mil Léguas Submarinas. Dentre as discussões abordadas no livro, e essa se destaca mais para a metade final, está o consumo desenfreado dos humanos e a nossa total falta de responsabilidade com a preservação e conservação do nosso planeta.
É interessante notar que existe toda uma atmosfera de incerteza também presente. Detalhe que o próprio narrador chega a questionar diversas vezes, sobre a veracidade de toda sua experiência ou não. Na minha opinião, uma ferramenta utilizada de forma proposital pelo autor e que dá um peso a mais na leitura conforme novas verdades são reveladas.
A aventura de Rino se prova uma grande viagem ao desconhecido, inclusive uma viagem para a descoberta de nós mesmos. Este é um livro extremamente detalhado e descrito de forma que o leitor se sinta profundamente conectado com a história que está sendo contada. Porém, a quantidade de revelações jamais antes imaginadas se revelaram também a minha única ressalva em relação a leitura. Por vezes a leitura pareceu extensa demais, na minha opinião, se as questões políticas entre atlantianos e humanos, que é abordado mais no terceiro ato, tivessem sido mais aprofundadas e outros detalhes tivessem sido mais enxugados, a leitura tivesse sido mais dinâmica e fluída.
É bem verdade que Arautos do Apocalipse é uma leitura muito mais introspectiva do que de ação propriamente dita, mas ao final proporciona uma certa reflexão sobre seu desfecho e todos os temas abordados, mesmo dentro de uma ficção alimentada de tantos mitos, seres e culturas diferentes. Neste quesito a obra é muito rica em apresentar ao leitor uma narrativa que desvenda diversos mistérios da nossa humanidade.
Ao fim da leitura me lembrei do relógio do apocalipse, criado simbolicamente em 47 para mostrar a humanidade o quão perto estamos do fim do mundo. A leitura proporciona isso, estamos há 1 minuto da meia-noite, será que estamos ignorando todos os sinais? Será que até lá, descobriremos o sentido da vida? Será que para descobrirmos isso teremos a ajuda de uma civilização que parece ter a resposta para tudo? Para descobrir, leia.
- Arautos do Apocalipse: A Verdade sobre Atlântida
- Autor: E. B. Alvez
- Ano: 2019
- Editora: Novo Século
- Páginas: 480
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