36 Perguntas Que Mudaram o Que Sinto Por Você tem duas premissas que me deixaram bem interessada desde que a sinopse do livro começou a aparecer nas redes sociais. A primeira é o fato de que o livro é baseado em um estudo psicológico que realmente existe, criado por Arthur Aron em 1997 e chamado “A geração experimental da proximidade interpessoal”. O que basicamente quer dizer que o estudo tem como objetivo entender se o amor pode ser induzido. E faz isso através de 36 perguntas – exatamente as do título da história.
A segunda premissa tem a ver com o fato de que a narrativa do livro é bem diferente daquilo que estamos normalmente esperando de um livro de romance jovem. A história intercala entre uma narrativa em terceira pessoa e trechos totalmente escritos em forma de chat. Apesar dos protagonistas estarem conversando ao vivo, a escolha da autora, Vicki Grant, foi trazer uma maior fluidez às respostas e a interação dos personagens, transformando a maior parte dos diálogos nos quais eles respondem às perguntas em trechos como os da foto abaixo.
Então, já dava para imaginar que minha expectativa estava nas alturas, né? Normalmente quando isso acontece eu já começo a ler com o pé atrás, certa de que vou acabar decepcionada. Fico feliz em dizer que não foi o caso! 36 Perguntas Que Mudaram o Que Sinto Por Você faz a gente dar risada, ficar agoniada, ter curiosidade com o que vai acontecer e dá aquela sensação de quentinho no coração. Quem gosta de romance, com pitadinhas de romance e drama, vai adorar.
No enredo, somos apresentados a Paul e Hildy, dois estranhos que acabam sendo colocados juntos para realizar o experimento. Ou melhor dizendo, Bob e Betty – é parte da pesquisa que eles não saibam os nomes um do outro. Ela, porque acredita que deve ajudar a ciência e pensa em estudar psicologia na faculdade. Ele, porque quer ganhar os quarenta dólares que os responsáveis pela pesquisa prometeram para aqueles que a completassem com sucesso. A ideia, já explicada acima, é fazer com que os dois respondam 36 perguntas e averiguar se, depois disso, eles estão conectados emocionalmente. Ou seja, apaixonados. Todavia, a princípio, parece completamente impossível que Paul e Hildy se apaixonem. Afinal, eles são completos opostos!
Ela é uma menina de classe alta, com a família aparentemente perfeita, amigos para toda hora e cheia de atividades da moda. Ele é um menino de classe baixa, sem família, que tem dificuldades para manter as contas fechadas e que sonha em ganhar dinheiro desenhando, mas sabe que, na conjuntura que está, é impossível. Por ironia do destino ou por loucura de Jeff, o psicólogo responsável pela tarefa, os dois acabam tendo que realizar as fatídicas perguntas juntos, ao vivo e trancafiados em uma pequena sala sem janelas. É claro que o que acontece está longe de ser uma paixão à primeira vista. Muito pelo contrário, está mais para fagulhas à primeira vista e, nesse caos de sentimentos e emoções, até um peixe baiacu acaba servindo como arma (mas fiquem calmos, ele passa bem).
No decorrer das perguntas e das cenas narradas em terceira pessoa, vamos descobrindo as diversas camadas de Hildy e Paul, assim como eles também vão descobrindo mais um sobre o outro. Talvez as aparências enganem. Hildy, aparentemente vivendo uma vida perfeita, na verdade está vendo a família se destruir por causa de um comentário inofensivo que ela fez. Paul, tão durão, com nariz quebrado e sem tempo para sentimentalismos, talvez tenha uma outra versão escondida embaixo de suas paredes, construídas depois de tanto sofrer com a vida.
Além dos bate-papos super dinâmicos entre os personagens, o livro também é permeado por desenhos que Paul faz e manda ou mostra para Hildy. Eles são um show à parte, porque sempre se conectam com a história e trazem um alívio cômico, especialmente o que envolvem o peixe baiacu, rs. Essa história do peixe parece esquisita, mas o enredo faz muito sentido e o arco envolvendo o peixe é muito maravilhoso no livro.
Tive problemas para me conectar com algumas partes do livro, por elas tratarem de assuntos muito americanos e que não tem equivalente aqui (ou, pelo menos, que eu não conheço). Toda questão do que Hildy falou para destruir a família tem a ver com um mecanismo de fotos específico do Iphone, por exemplo, que eu tive que pesquisar para entender melhor do que se tratava. Não é nada que prejudica imensamente a leitura, mas acaba dando uma travada em alguns momentos.
No todo, uma leitura muito divertida e que trata de temas muito especiais. Tenho certeza que os adolescentes vão se conectar muito com os personagens e eu mesma fiquei encantada com os dois, mesmo já tendo passado da adolescência faz um tempinho. Agora, minha nova missão é aprender mais sobre esse estudo psicológico que deu a ideia para Vicki Grant escrever esse livro. Respondam aí nos comentários: vocês acham possível induzir o amor? Eu achava que não, mas depois de ler 36 Perguntas Que Mudaram o Que Sinto Por Você mudei de ideia!
- 36 questions that changed my mind about you
- Autor: Vicki Grant
- Tradução: Petê Risatti
- Ano: 2019
- Editora: Galera Record
- Páginas: 252
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