Criada longe dos salões londrinos, Elizabeth está acostumada a trabalhar, ler e administrar a propriedade em que vive, já que desde muito jovem precisou arcar com grandes responsabilidades após ficar órfã. Seu irmão ficou responsável por ela, entretanto, se revelou um viciado em jogos assim como seu pai, perdendo o pouco que ainda restava para a família, não deixando outra alternativa a jovem, se não encontrar um bom casamento.
O que aparentemente seria uma missão muito fácil, já que Elizabeth é uma jovem linda e desperta a curiosidade e desejo de muitos, recebendo assim quinze propostas de casamento. Porém, na aristocracia inglesa, existem requisitos que todas as jovens debutantes devem preencher, exigências enfadonhas de comportamento, malícias e jogos aos quais ela não está acostumada, colocando-a em situações comprometedoras. A verdade, é que Elizabeth acreditou que todos seriam como ela, só que não é, sua beleza gerou cobiça e inveja, e sua inocência custou sua reputação e o desaparecimento do irmão.
— Eu o magoei demais, meu amor, e vou continuar a magoá-lo nos próximos cinquenta anos. E você também vai me ferir, lan, embora eu espere que nunca mais seja tanto quanto está me ferindo agora. Mas se é assim que tem de ser, vou suportar tudo, pois minha única alternativa seria viver sem você, e isso é o mesmo que a morte. A diferença é que eu sei disso, e você… ainda não sabe.
Desolada e sem outra opção, Elizabeth volta então para o campo e bravamente começa a lutar para manter o pouco que ainda lhe resta, dependendo agora da “bondade” do tio, que se tornou seu guardião e a mantém financeiramente. O problema é que o homem é pavoroso, avarento e só pensa em si mesmo, não se importante de colocar a jovem em uma posição de humilhação ao leiloá-la. Exatamente, na ânsia de evitar os “gastos” da jovem, seu tio decide que irá casá-la de qualquer forma, portanto enviou cartas para todos os pretendentes que já lhe propuseram casamento, recebendo a resposta favorável de três, inclusive daquele que certa vez roubou o coração da jovem, a quem Elizabeth ousou amar e por esse motivo se tornou uma párea social.
Ao terminar de ler esse livro eu realmente levei um bom tempo até conseguir reunir todas as minhas emoções de volta. Algumas pessoas podem considerar o romance como água com açúcar, mas eu em minha humilde opinião o considero surpreendente. É um romance de época e em nenhum momento me considerei perdida, pelo contrário a autora foi de uma delicadeza e requinte de detalhes que me peguei imersa em meio àquela época, até me imaginando participando de alguns daqueles bailes.
Elizabeth é tão doce, generosa, inteligente, perspicaz e corajosa de uma forma ingênua e pura que é impossível não ficar encantada com sua personalidade brilhante e torcer por ela a cada novo capítulo. Já Ian nosso mocinho é tão forte, leal e honesto que você se apaixona por ele sem ao menos se dar conta de quando realmente aconteceu, sua entrega é verdadeira, intensa e não dá segundas oportunidades, se pisar na bola com ele, ele vira a página e segue em frente, sem chance de perdão. O romance entre eles não é um conto de fadas, porque está longe de ser considerado uma fantasia, o romance é real, é cheio de descobertas, aprendizagem, superação e conflitos. Eles são completamente diferentes, mas no fundo buscam exatamente a mesma coisa, seu lugar.
Ian possuía a calma arrogância de seus nobres ancestrais britânicos, além do temperamento explosivo e a orgulhosa intolerância dos escoceses. Tal combinação produzira um homem brilhante, que tomava as próprias decisões e jamais permitia que alguém o impedisse, quando resolvia colocá-la em prática.
Alguém Para Amar, fala de amor verdadeiro, da inocência e da maldade, fala de desilusão, de perda, de superação, de perdão. Fala de pureza, de amadurecimento e te prende da primeira à última página sem nenhum esforço. É o tipo de livro que se enraíza em nossos corações e se tornam inesquecíveis, pela dualidade de emoções que proporciona ao longo da leitura. É para ir do amor ao ódio, dos sorrisos fáceis as lágrimas, da leveza a densidade de uma história de amor permeada de enganos e medos, mas que não vê a hora de desabrochar e florir. Encantada, apaixonada, cativa e louca por mais, é assim que me sinto, e olha que estamos falando de um livro com mais de 500 páginas.
Judith McNaught tem esse poder de fascinar e hipnotizar o leitor. Ela sabe dosar cada elemento, criar cenários de roubar o fôlego, trabalhar os personagens para que se tornem verossímeis, que erram, que se perdem, que lutam, que amam, que sofrem, que nutrem esperanças, entram em conflitos internos e que só querem encontrar o amor e ser feliz. Enfim, só posso desejar que você se renda a este livro, e se surpreenda, com uma leitura, doce, inspiradora e repleta de amor. Entrou para o meu top 5 da vida.
- Almost Heaven
- Autor: Judith McNaught
- Tradução: Vitória Regina P. Mantovani
- Ano: 2019
- Editora: Bertrand Brasil
- Páginas: 504
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