Já se imaginou ganhando um prêmio de sessenta e sete mil dólares?
Na pequena cidade de Carp, de onde muitos jovens querem sair, há uma alternativa de riqueza rápida para que eles possam realizar seus sonhos. Porém, para ganhar essa riqueza, você deve passar por um jogo muito perigoso: Pânico. Não se sabe como exatamente a ideia do jogo surgiu e quem a criou, o que dizem é que um dia de verão e tédio foi o ponto de partida para que esse jogo iniciasse.
Apenas os formandos daquele ano podem jogar, mas todos anos os alunos da Escola de Ensino Médio do Carp colocam um dólar em um pote para cada dia letivo do período de setembro a junho. Quem se recusa a pagar a taxa, acaba tendo algo seu danificado. Ninguém sabe quem está por trás, mas todos sabem que as coisas sobre os jogos são levadas bastante a sério.
Nesse ano, o valor do prêmio é o mais alto visto e muitos alunos querem ter a chance de ganhar o prêmio. E é aqui que nossos dois protagonistas, Heather Nill e Dodge Mason, entram no jogo. Mas apesar do prêmio ser muito atrativo, nenhum dos dois entrou por conta dele. Heather parece querer provar algo para seu ex-namorado e Dodger só busca vingança.
Pânico, ele sabia, era um grande truque de mágica. Os juízes eram os ilusionistas; o restante das pessoas era apenas uma grande plateia abobalhada.
Antes de iniciar a leitura, eu achei que Pânico falaria muito mais sobre o jogo que rodeia a história, porém o livro me surpreendeu falando muito das relações humanas. O foco em dois protagonistas trouxe muitas reflexões sobre a situação de cada um deles, o que foi algo bacana, pois pude entender melhor a motivação por trás de Heather e Dodge terem entrado no jogo. Isso não os isenta de atitudes bem reprováveis tanto por parte deles próprios como dos demais personagens.
Apesar de Heather ter entrado no jogo inicialmente por conta do ex-namorado, ela parece ter outros motivos por trás da verdade. Para ganhar ela fará o que for preciso para ser a vencedora desse jogo e esse novo motivo por trás disso foi o que me conquistou em Heather. Ter entrado em um jogo tão perigoso por conta de um rompimento foi algo que não gostei, mas ao longo da história a autora trouxe outros motivos consistentes e cabíveis para a situação. Já Dodge permanece no jogo apenas em busca de vingança, apesar dos seus motivos serem louváveis, em um certo momento a situação se perdeu para mim.
Um ponto que não gostei, que me deixava nervosa e não entrava na minha cabeça, é o absurdo que são esses adolescentes participarem de um jogo extremamente perigoso, com risco real de morte, e ainda prejudicarem uns aos outros de propósito. A cada etapa é um perigo imenso e eles tratam tudo como se tudo não passasse de um contra tempo bobo.
Suas entranhas estavam brancas; cheias de neve. A boca tinha gosto de vômito. Respirou fundo. Fechou os olhos. Ela pulou.
Entretanto, apesar de algumas situações absurdas, Pânico foi uma boa leitura. Não posso negar que a história me intrigou e por ser um young adult tem uma pegada mais leve, sem deixar a leitura sem um toque de mistério de quem está por trás de cada etapa do jogo. A narrativa é tensa e prende o leitor. Para quem ainda não se convenceu a dar uma chance à Pânico, lhes digo que os direitos do livro foram comprados para virar uma série de TV pela Amazon Prime e não vejo a hora disso acontecer.
Pânico foi meu primeiro contato com a escrita da Lauren Oliver e sei que ela tem outros livros publicados aqui no Brasil. Ela é autora da trilogia Delírio e também de Antes Que Eu Vá, que teve adaptação cinematográfica em 2016.
- Panic
- Autor: Lauren Oliver
- Tradução: Monique D’Orazio
- Ano: 2020
- Editora: Verus
- Páginas: 336
- Amazon