Há alguns anos já tenho Charlie Donlea como um dos meus autores favoritos da atualidade, é quase uma tradição, todo ano há um novo livro dele, mais ou menos na mesma época. E todo ano a maravilhosa Faro Editorial traz a obra para o Brasil, que mesmo com essa pandemia terrível, conseguiu colocar o livro nas nossas livrarias.
Nunca Saia Sozinho conta a história de dois estudantes de uma escola de elite americana, que foram mortos em um massacre terrível. O culpado? Um professor, que acabou tirando a própria vida se atirando na frente de um trem e o crime ocorreu em uma casa no campo, pertencente à escola.
A história retorna à tona quando um podcaster continua mantendo aceso todo o mistério e perguntas que ainda permanecem sobre o caso. E o curioso é que os jovens sobreviventes daquela noite, começam a retornar ao local para cometerem suicídio, porém algo naqueles mortes não parece comum, aquela história não está nada bem contada. E só Rory (sim! a Rory de Uma Mulher na Escuridão está de volta!), especialista nos famosos cold cases, e seu fiel escudeiro, Lane Phillips, terão a gana necessária para ir atrás dos detalhes e investigar a fundo tudo isto.
Confira a resenha de Uma Mulher na Escuridão
Nunca Saia Sozinho é um verdadeiro presente aos fãs, pois não são apenas os personagens já conhecidos que voltam à cena, mas elementos dos livros anteriores do autor são mencionados, alguns casos são relembrados, como se fizessem parte de fato da memória americana. Tudo isso de uma maneira muito fluída, passando um realismo imenso para a obra em si.
Esta característica da obra torna a leitura dos livros anteriores do autor necessária, não que a nova história esteja ligada às antigas, mas começar lendo Donlea por Nunca Saia Sozinho fará você perder pontos interessantes da obra, então indico, para você que ficou interessado pela obra e não quer ler todos livros do autor, começar por Uma Mulher na Escuridão, que já da uma boa ideia sobre sua essência.
O livro tem a mesma estrutura dos anteriores, capítulos que intercalam presente com passado, contando a história atual das investigações e mostrando os acontecimentos antigos quase ao mesmo tempo, algo que alguém que não está habituado com esta estrutura pode estranhar, mas garanto que a maneira como ele constrói isto é muito bem explicada e não deixa nenhuma dúvida em quem está lendo, nem causa confusão.
Outro detalhe que é sempre constante nos livros de Charlie Donlea, e que está presente novamente, é o suspense mantido até as últimas páginas. Sempre nos livros de Charlie, o mistério só é revelado nos capítulos finais, e as tentativas dele de enganar o leitor são constantes.
Nunca Saia Sozinho foi oficialmente lançado lá fora em julho de 2020, com o título original The Suicide House, em tradução livre, A Casa dos Suicídios. O título diz muito sobre o tema da obra e seu enredo, o que não ocorre com a tradução escolhida para a edição nacional, infelizmente. A escolha me deixou um pouco decepcionado, pois acredito que o autor pensa tanto em um título que fale sobre a sua obra e acaba sendo traduzido de uma forma completamente diferente.
De qualquer maneira, isso é só um detalhe, pois eu achei o livro o melhor do autor até agora. Nunca Saia Sozinho é redondinho, não tem erros nem falhas, não deixa pontas soltas, e acima de tudo, demonstra o amadurecimento do autor em sua escrita. Senti que ele escreveu o livro feliz, que a obra o agradou, e isso para alguém que acompanha o escritor é incrível, o livro ganha um novo significado e deixa a experiência de leitura muito melhor, dando algo mais a ela.
Se você é fã de Charlie Donlea e já conhece Rory Moore vai se apaixonar pelo livro, principalmente porque a literatura policial carece de mulheres fortes e de protagonismo feminino, e isso a obra tem de sobra! E o mais legal é saber que, aparentemente, Rory e Lane farão parte de uma série de livros, pois o final da obra claramente deixa em aberto esta ideia, fazendo, nós, apaixonados por livros de suspense, muito ansiosos para seu próximo lançamento.
Resenha em vídeo
- The Suicide House
- Autor: Charlie Donlea
- Tradução: Carlos Szlak
- Ano: 2020
- Editora: Faro Editorial
- Páginas: 352
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