Já sabemos que Chabouté nunca erra, certo? E seu último lançamento aqui no Brasil não poderia ser diferente. Bem diferente das suas outras obras, em Henri Désiré Landru, Chabouté retrata a vida de um assassino em série que chocou os franceses no início do século XX.
Henri Désiré Landru viveu entre os anos 1869 e 1922, o Barba Azul, como era conhecido, atuou pós Primeira Guerra Mundial, numa França fragilizada pela falta de recursos e criminalidade. Ele era um vigarista que aplicava pequenos golpes, mas devido as circunstâncias se viu no cenário perfeito para aperfeiçoar seus crimes e enriquecer a custas de duas vítimas. Seu modus operandi era seduzir viúvas de soldados mortos na guerra, para depois assassiná-las para ficar com todos seus pertences. Landru atuou durante anos e seu julgamento foi considerado um espetáculo para a imprensa e para o povo francês.
Este é meu terceiro Chabouté e eu não poderia ficar mais surpresa com sua versatilidade após finalizar esta graphic novel. Suas histórias não tem muito mistério, são diretas, em preto e branco, mas que nos toca pela complexibilidade do comum. Todas são inteiramente cativantes, que te prende desde a primeira página e mantém a virada da história até o final. Seja no estilo Henri Désiré Landru ou no estilo Um Pedaço de Madeira e Aço, uma história sem qualquer diálogo, sua arte é muito expressiva e cativante.
A adaptação da vida de Landru feita por Chabouté, traz uma outra perspectiva para a história. Seja uma ficção ou não, o autor brinca com nossa imaginação e nos faz pensar no “e se…”. O caso do real Landru foi permeado por dúvidas, visto que na época não conseguiram provas o suficiente para ligá-lo a alguns assassinatos. Se utilizando da dúvida e de sua criatividade, Chabouté brinca com o leitor e apresenta uma história amarrada e com personagens psicologicamente bem construídos.
Com uma história que te envolve do início ao fim, a narrativa desta graphic novel é impecável, chegamos a duvidar da veracidade da história real e compramos totalmente a releitura do quadrinista. Se você já conhece Chabouté, vale a recomendação, caso não, acredito que seja uma boa porta de entrada para as obras do autor. Chabouté é um artista completo e que pretendo acompanhar sempre que possível!
- Henri Désiré Landru
- Autor: Chabouté
- Tradução: Maria Clara Carneiro
- Ano: 2020
- Editora: Pipoca e Nanquim
- Páginas: 148
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