Evelyn Casey, perdeu a mãe no dia em que ganhou uma irmãzinha, e pouco tempo depois perdeu o padrasto, órfã, com duas irmãs mais novas e uma propriedade falida para cuidar, a situação se tornou desesperadora, levando Evelyn a realizar todos os tipos de trabalhos e assumir responsabilidades que não as cabiam, já que o inconsequente filho do duque os abandonou. E como se não bastasse todos os problemas aos quais já vem enfrentando, agora está ameaçada a perder tudo, a terra onde cresceu e batalhou muito para recuperar, e a tutela de sua meia-irmã a quem criou como uma filha, tudo isso porque o irmão de seu padrasto, conde Derby, quer colocar suas mãos ambiciosas e inescrupulosas, no título e tudo atrelado a ele.

O que poderia ser facilmente remediado se Harry, filho de seu padrasto respondesse suas cartas. Angustiada diante de tudo que tem se desenhado a sua frente, Evelyn chega à conclusão de que sua única saída é conseguir um casamento, um marido que aceite lutar por ela e pela tutela de sua meia-irmã. Mesmo que isso signifique ter que encarar os nobres e uma nova temporada social, abandonar seu sonho de um casamento por amor, igual aos contos de fadas que ela tanto ama ler.

Harry Montfort, construiu sua fortuna com muito trabalho duro, a vida em Nova York, é tudo que ele buscou quando deixou sua cidade natal para trás, e agora ele não consegue acreditar em sua maldita sorte, mesmo depois de dez anos longe da Inglaterra, está sendo convocado pela própria rainha para retornar e assumir, ou abdicar de vez, o título que ele não deseja, o problema é que entregá-lo de mão beijada para seu odioso tio, Conde Derby, não é uma opção.

E para isso, ele terá que encarar os nobres que ele tanto odeia, assim como toda a sociedade que adora comentar sua fama de mulherengo. Porém, esse é apenas o início de seus problemas, já que a rainha impõe algumas exigências para que Harry permaneça com o título, as propriedades e a tutela da meia-irmã que ele não conhece, – mas que jamais, deixaria sobre a responsabilidade de seu tio -, tais como passar algum tempo na Inglaterra anualmente, assim como… acreditem, se casar. E para selar seu destino de vez, um encontro inesperado com uma ruiva espirituosa e muito determinada, pode oferecer uma solução, assim como, sua ruina de vez.

— Minha mãe dizia que todas as histórias bonitas que lemos são presentes das estrelas para a terra. Um jeito de nos lembramos de que sempre estaremos juntos, não importa a distância.

Em Meia-noite, Evelyn! Conhecemos, Evelyn e sua situação complicada. Solteira, vinte anos de idade, órfã, com a propriedade falida, duas irmãs para criar e um prazo de três meses para deixar seu lar. A única solução aparente seria um casamento, só que Eve é o tipo de jovem que sonha em se casar por amor, em viver um romance como os dos contos de fadas, e agora até isso, ela terá que sacrificar, já que ela tentou a todo custo contatar o filho de seu padrasto, Harry a fim de buscar uma a saída mais tranquila, mas nunca obteve resposta. Inexperiente, sem um dote, e sem muito tato social, ela junta toda sua coragem e determinação e vai para a cidade, encarar os nobres e uma temporada social.

O que Eve, não esperava, assim como o próprio Harry, é que eles acabariam se encontrando, e de uma maneira inesperada, selando ali um caminho que nenhum dos dois teriam cogitado. Harry é um homem bem-sucedido, atormentado por seu passado, suas escolhas e o que isso lhe custou. Sim, ele fugiu há dez anos, ele nunca mais olhou para trás, mas essa decisão não foi fácil, porém, foi necessária, pois os fantasmas que o assombravam, eram pesados demais. Por isso sua raiva, quando se vê obrigado a retornar ao lugar que tanta tristeza lhe causou, por uma cláusula injusta e doentia de seu pai, que mesmo após a morte ainda o atormenta, o deixa com a sensação de estar encurralado, precisando seguir uma “ordem” do falecido duque. Casar é algo que Harry nunca desejou, ele sente que é incapaz de amar, por isso a melhor solução, seria um casamento de aparências, com alguém que compreendesse sua vida na américa, e não tentasse interferir. Por isso, que ele cogita a indomável Evelyn, já que ambos estão com um problema que querem solucionar o mais rápido possível, eles só não consideraram que o processo poderia os unir e despertar uma montanha russa de sentimentos e emoções.

Talvez homens como ele, que já experimentaram e viram o que há de pior no mundo, de alguma maneira inconsciente e suicida sonhavam em ser tocados ou em tocar em uma ninfa. Em expurgar as próprias sombras na luz. Como se pudessem assim se libertar da escuridão.

Eu amo a narrativa da Babi, e como ela constrói suas histórias. Primeiro, que sempre temos presente personagens femininas fortes, que mesmo com todas as limitações e consequências da época, enfrentam, lutam e se esforçam para se tornarem donas de suas vontades e sentimentos. Elas não se curvam diante dos nobres, possuem gostos tidos como masculinos, e estão dispostas a ir ao limite em nome dos que amam. E Evelyn vem para reforçar isso, ela é inteligente, esforçada, muito bonita e de personalidade forte, ela sabe o que quer e não está disposta a abrir mão disto, pelo menos não sem tentar antes. Já os duques da Babi, esses sempre nos levam a viver uma infinidade de emoções, homens teimosos, que querem nos fazer acreditar que são indomáveis, firmes, mas que na verdade possuem um coração imenso, com uma história de superação forte e que amadurecem muito ao longo dos capítulos. E Harry é esse duque, que encanta e irrita, que você quer proteger, ao mesmo tempo em que deseja dar uns chaqualões, gritar para que ele acorde, antes que seja tarde demais. É impossível não se envolver e se emocionar com a história de ambos e ver o amor deles florescer é lindo e contagiante.

Outro ponto que quero trazer à tona, é como Babi, sempre “flerta” com os contos de fadas, ainda que aqui não tenhamos uma releitura ou adaptação, notamos pequenas sutilezas que nos remetem a Cinderela, e isso é uma particularidade da autora, que sempre dá um jeitinho de incluir seu amor por conto de fadas nas suas narrativas. Eu particularmente, gosto muito.

— Talvez aí esteja o final feliz de verdade: reconhecer que nenhuma história é alegre do começo ao fim.

Ainda preciso mencionar que a autora aborda algo cruel e doloroso, e que pode ser um gatilho, portanto se você é sensível a violência e abuso, vai com cuidado, respeite o teu momento, e o teu limite. Então fica aqui, essa dica de romance de época, para quem está buscando por uma leitura rápida, fluida, envolvente, que vai te emocionar e deixar com o coração quentinho.

Até a próxima! Bye.

  • Meia-noite, Evelyn!
  • Autor: Babi A. Sette
  • Tradução: -
  • Ano: 2020
  • Editora: Verus
  • Páginas: 391
  • Amazon

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