E se criaturas de outro mundo atacassem a Terra e nossa única alternativa fosse ataca-los com nossa força nuclear? E se este ataque, em vez de resolver toda a situação a piorasse ainda mais?
Em Ogiva conheceremos um mundo completamente diferente do que conhecemos hoje, criaturas que se alimentam de humanos chegaram a Terra e dominaram absolutamente tudo. Dez anos se passaram desde a invasão e as poucas pessoas que restaram precisam lutar para sobreviverem num território ermo e hostil. É neste cenário pós-apocalíptico que conheceremos Pilar, uma mulher solitária e com uma passado misterioso, que se depara com uma garotinha perdida que busca encontrar seu único familiar vivo. Pilar, motivada por seus próprios demônios, embarca nesta jornada para acompanhar Sara e livrá-la de todo mal.
A leitura de Ogiva me surpreendeu logo nas primeiras páginas, com uma arte primorosa, aqui temos uma narrativa bastante direta, que flerta sim os vários universos pós apocalípticos que tanto conhecemos de séries e filmes, mas que trabalha sua própria originalidade, que consegue entreter e emocionar com suas mais de 200 páginas. Imaginar um mundo caótico nos tempos de hoje não parece ser uma tarefa fácil, são tantas tangentes, disputas de poder, política, credos… que logo temos uma trama que nos apresenta uma sociedade que, mesmo diante a devastação, se reinventa e se segura em seus últimos resquícios de sanidade para sobrevivência.
Ao longo da trama vamos acompanhar novos grupos e religiões sendo estabelecidas nesta realidade e assim temos a velha premissa de que, o pouco que restou da sociedadefara de tudo para se reestabelecer. E por isso os monstros deixam de ser o principal perigo, mas sim os próprios humanos. É neste contexto que seremos apresentados aos personagens secundários da trama, que se entrelaçam ao destino de Pilar e Sara. É Pilar também que traz a carga dramática para a história e sua relação com Sara enriquece ainda mais sua problemática.
Ogiva é a estreia de Bruno Zago, um dos editores da Pipoca & Nanquim, como roteirista de quadrinhos em parceria com a arte de Guilherme Petreca, que assina outras histórias como Galho Seco (2013) e Ye (2016). Sua arte contribui muito para o dinamismo da leitura e se pudesse escalar aqui as melhores sequências do quadrinho, com certeza são as de ação, por serem tão bem detalhadas ao leitor, mesmo com uma arte em preto e branco.
Esta é uma história que trabalha muito bem a jornada do herói, com protagonismo feminino, que diverte e emociona também. Com certeza vou continuar acompanhando mais do trabalho de Zago (já acompanho seu trabalho como editor) e Petreca e torcer pela continuação desta história que cumpre em tudo o seu papel.
A obra traz uma aventura cheia de ação e referências de nosso conhecimento da cultura pop. Com certeza irá agradar fãs de histórias renomadas assim como The Walking Dead, pelo cenário, e H. P. Lovecraft pelas criaturas sinistras.
- Ogiva
- Autor: Bruno Zago, Guilherme Petreca
- Tradução: -
- Ano: 2020
- Editora: Pipoca e Nanquim
- Páginas: 220
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