Em Mais Mortais que os Homens, Graeme Davis reúne 26 contos de diversas grandes escritoras do século 19. Todos os contos são focados no terror e foram escritos por nomes conhecidos, como Mary Shelley, autora de Frankenstein; Louisa May Alcott, autora de Mulherzinhas, e por muitas outras mulheres tão incríveis quanto.
São muitas histórias diferentes que vão de tramas mais simples até as mais complexas, todas focadas no terror e em suas facetas, vamos de fantasmas “reais” e de fantasmas do passado. A ideia do organizador é mostrar como essas autoras mais conhecidas por seus romances, sendo muitos de outros gêneros, também eram contistas incríveis e que também sabiam escrever boas histórias de terror.
Um aspecto que ajuda bastante é a minibiografia que há antes de cada conto. Nela conhecemos um pouco sobre as autoras e suas obras. Como eu não conhecia a maioria das autoras, fiquei feliz de saber sobre a vida delas. Inclusive algumas eram feministas e escreveram também sobre os direitos das mulheres.
O remorso amansa algumas naturezas, mas envenenou a minha.
Essa edição conta, além da introdução, com dois textos escritos exclusivamente para edição brasileira. O prefácio foi escrito por Michele Henriques, do Coletivo Literário Leia Mulheres. Eu adorei esse texto e a relação que ela faz com” literatura feminina”. Já na introdução, escrita por Thereza Christina Rocque da Motta, tradutora do livro, vamos ter uma boa conversa sobre as autoras e as histórias presentes no livro, outra perfeição de texto. Outra coisa incrível dessa edição são as notas. A tradutora teve uma preocupação muito pertinente com informações e citações que poderiam causar confusão no leitor. Ela também colocou notas em citações que são baseadas em acontecimentos e lugares reais, assim compreendemos também o contexto de escrita do conto.
Como temos aqui um número bem grande de histórias, há altos e baixos na narrativa. Eu descobri uma coisa com esse livro que me fez refletir e buscar na memória a experiência com outros livros de contos. Eu gosto na maioria das vezes dos contos mais curtos. Quando o conto é muito longo e mais lento, logo eu perco aquele sentimento que tanto gosto em contos de terror, a tensão e adrenalina dos acontecimentos. Mas reparei, com essa leitura, que isso acontece quando leio contos curtos que têm a introdução clímax e desfecho apresentados em poucas páginas. Quando o desenvolvimento segue durante muitas páginas, os sentimentos não permanecem comigo.
Então é claro que gostei mais dos contos curtos desse livro também. Falando nisso, os contos são de tamanhos variados, tem desde bem curtinhos até contos mais longos. O mais legal aqui é a diversidade de assuntos, assim fica mais fácil gostar da leitura. Muitos contos mostram um terror com elementos sobrenaturais muito reais, mas vários exploram aquele terror que atormenta a mente.
A antologia de Mais Mortais Que os Homens conta com o famoso conto O Papel de Parede Amarelo, de Charlotte Perkins Gilman. Considerado um texto precursor da literatura feminista americana, ilustrando, através da protagonista que está com depressão, atitudes do século XIX em relação à saúde mental e física da mulher.
Fiquei muito feliz com essa leitura, pois eu sou fã de contos de terror. Mas minha bagagem de contos era muito voltada para os contos de autores homens. Agora já posso recomendar muitos contos de terror escritos por mulheres.
- More Deadly Than The Male
- Autor: Graeme Davis
- Tradução: Thereza Christina Rocque da Motta
- Ano: 2021
- Editora: Jangada
- Páginas: 656
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