A adolescente Rosie Larsen acaba de sumir. Ela disse que estaria na casa de sua amiga, mas jamais chegou lá, sua mãe estranha quando ela não retorna para casa, mas acredita que tenha decidido ficar mais um tempo na rua, mas começa a se assustar quando tenta contato com ela pelo celular e não consegue. As coisas só pioram, já que Rosie também não aparece na escola.

Agora é oficial, Rosie está desaparecida, a polícia da Dinamarca começa a investigar o caso, e rapidamente, um corpo é encontrado. Tudo indica ser Rosie sem vida, e isso é confirmado pelo reconhecimento feito pelos pais dela, a adolescente realmente estava morta. A partir da descoberta do corpo as investigações em busca do assassino, ou dos assassinos, é iniciada e a pessoa mais empenhada em resolver este caso é Sarah Lund, a detetive que está preste a ir embora de Copenhague, mas precisará se envolver neste caso antes de conseguir se mandar da cidade.

Este é o enredo central do livro, não só do livro, mas da série de TV também. E aqui cabe uma informação muito importante, esta obra vai na contra mão do que estamos acostumados a ver no que diz respeito a séries de TV ou streaming. É muito comum termos um livro muito bom, que faça bastante sucesso e que tenha um enredo que seja roteirizado para outras mídias na sequência, em The Killing temos primeiro a série de TV, originalmente lançada em 2011, com 4 temporadas, exibida no canal AMC. Depois, em 2014, a série passou a ser uma das principais séries do início da Netflix, que tinha sido lançada em meados de 2012, e recém ia galgando seus primeiros assinantes e fez com que a fama da história aumentasse.

O primeiro livro da série é de 2012, um ano após a primeira temporada da série ter feito sucesso, e aí entra a principal questão do livro para mim e seu grande problema: ele é a série passada para o livro e isso sempre dá muito errado.

Na minha opinião, é muito mais simples você adaptar um livro de fantasia ou ficção científica por exemplo, onde o leitor é obrigado a criar seu próprio cenário na sua mente enquanto lê. No momento em que isso ganha as telas, acaba recebendo um formato que torna visível algo que foi sempre só imaginado, e o resultado quase sempre está ligado ao carinho que se tem por este determinado livro. A não ser que, o que está sendo adaptado, seja algo muito diferente do ambiente criado nos livros e aí o que temos é uma imensa decepção.

Outros estilos literários são bem mais complicados de serem adaptados, como por exemplo os thrillers psicológicos, que muitas vezes ao ganharem as telinhas do cinema acabam arrasando com a questão imaginária.

Quando isso tudo acontece de trás pra frente, é ainda pior, em The Killing nós já sabemos o ambiente onde as coisas acontecem, os personagens já têm rosto, sem contar todos os spoilers que todos temos assistindo à série antes, o que já torna um desafio este livro ser bom, porém, algo ainda mais complicado acontece na leitura: o livro é idêntico a série e o que temos é praticamente o roteiro que os atores devem ter recebido.

Confira a resenha de As Sombras de Outubro

Porque isso é tão complicado? Porque não funciona com o público que já assistiu à série, que apenas reviverá os momentos que passou na frente da TV. Acredito até, que quem não conhece ainda essa história acabará não tendo a descrição correta dos ambientes, já que a descrição é bem falha e os diálogos tomam conta de todo desenvolvimento do livro. Mais um ponto que complica o livro é o fato de ele ser enorme e ter seus capítulos também gigantescos, divididos entre os dias da caçada pelo assassino, alguns deles passam das 100 páginas e isso é algo que complica muito a qualidade da leitura, pelo menos para mim.

Mas não são só críticas que eu tenho, muito pelo contrário, sou um profundo admirador da série, e ver Sarah representada em um livro, com sua personalidade, com todos conflitos internos que passam na sua mente, com seus problemas familiares, tudo isso em meio a uma busca importantíssima, é muito legal, mesmo no enredo televisivo a que o livro se propõe. Algo que me agradou muito mais no livro é a relação da história com a política, não que o assunto não seja abordado na série, mas a abordagem do livro é bem mais próxima e os detalhes políticos parecem estar mais em foco nele que na série.

Se você está desanimado com a minha opinião sobre o livro, não fique! O desenvolvimento da história melhora bastante depois da metade do livro, quando já se passaram todas apresentações de personagens, onde o leitor já está acostumado com o ambiente onde ela se passa, e aí é só o suspense e a luta emocional dos personagens que estará enchendo as paginas.

Gostei da leitura, mas esperava que ela fosse muito mais simples e melhor, a série é roteirizada por Søren Sveistrup, o autor de Sombras de Outubro, que acabou de virar série da Netflix, adaptado como O Homem das Castanhas. Porém David Hewson, o autor do livro baseado na série The Killing, não é Søren Sveistrup, não possui nem a qualidade sangrenta dos thrillers nórdicos, já que é britânico e não dinamarquês como Soren. Apesar de escritor e de ter outras obras, atua neste livro como um grande espectador que coloca nas páginas só aquilo que viu na tela, infelizmente, e acredito que o outro volume da série de livros vá pelo mesmo caminho.

  • The Killing
  • Autor: David Hewson
  • Tradução: Gustavo Mesquita
  • Ano: 2021
  • Editora: Record
  • Páginas: 849
  • Amazon

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