Minha segunda experiência com Harlan Coben foi através de O Menino do Bosque, lançado por aqui ano passado pela Arqueiro. No livro conheceremos primeiramente a história de Wilde, que há trinta anos foi encontrado vivendo como uma criança selvagem em uma floresta de Nova Jersey.
Hester Crimstein é uma famosa advogada criminalista e os anos a aproximaram de Wilde. Ambos compartilham uma conexão trágica e por isso ele se sente na obrigação de ajudar Mathew – neto de Hester – no desaparecimento de sua amiga Naomi, uma garota que mora nos arredores da floresta e que vinha sofrendo com um constante bullying na escola.
Devido ao seu passado sombrio, Wilde logo se vê envolvido pelo caso, porém para saber o paradeiro de Naomi, Wilde deverá ingressar em um mundo no qual nunca lidou, um lugar onde o poder fala mais alto que a verdade.
De cara, a premissa de O Menino do Bosque me pareceu bastante interessante, mas logo nas primeiras páginas somos surpreendidos com a solução do desaparecimento da garotinha e a trama se transforma em algo muito maior do que parecia ser. As habilidades de Wilde na floresta não são tão necessárias, porém ele está envolvido demais ao caso para desistir no meio do caminho, e é assim que veremos o protagonista, com pouca experiência em investigação criminal, tomando a frente de um caso mais complexo do que um simples caso de bullying.
Mesmo essa sendo minha segunda experiência com o autor, já percebi que Harlan Coben tem o dom de entrelaçar os acontecimentos da história, dando um desfecho para cada ponta solta, mesmo que esse trabalho não seja tão surpreendente assim no final das contas. Falando sobre os personagens, andei pesquisando e descobri que Hester Crimstein já é uma personagem conhecida pelos fãs, o que explica sua presença e autoridade em cena. Eu amei ela e será muito legal vê-la em outras tramas do autor.
Por outro lado, somos apresentados a Wilde um personagem um tanto quanto complexo, que com certeza guarda muitos segredos e isso que torna ele tão instigante. O que me frustrou em relação a ele, foi não saber mais ainda sobre ele.
De qualquer maneira, Coben é muito assertivo em trazer um thriller investigativo com um “homem comum” à frente da investigação e abordando assuntos bastantes atuais da nossa realidade, como o bullying entre os adolescentes, o poder das fakes news, política e os privilégios como consequência da disparidade social.
Mas apesar de ter me mantido fisgada durante toda a leitura, ainda não foi dessa vez que Harlan Coben roubou meu coração, mas como disse, esse é recém meu segundo contato com o autor. Com certeza continuarei desbravando as obras dele e estou louca para encontrar aquela história que vai me arrebatar de vez. A dica vai para quem procura uma leitura leve (dentre o gênero) que te prende até o fim, daquelas que quando você percebe, já leu mais da metade do livro.
Talvez seja essa a genialidade do autor, ir te convencendo aos poucos por sua capacidade e originalidade. Potencial e ideias surpreendentes ele tem para isso.
- The Boy from the Woods
- Autor: Harlan Coben
- Tradução: Ivanir Calado
- Ano: 2021
- Editora: Arqueiro
- Páginas: 336
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