Um agente secreto israelense, um banco sujo, um espião russo morto e um violoncelo. O que tudo isto pode criar em um enredo? Algo incrível e que seria pensado apenas por um dos maiores escritores mundiais, que é o caso de Daniel Silva, que chega ao vigésimo primeiro livro da série de Gabriel Allon, o melhor agente secreto da literatura.
Um documento envenenado chega às mãos de um homem russo, Allon é chamado para investigar o caso, ele conhecia o homem e mais que isto, conhecia o modus operandi do assassino. Colocar elementos químicos em embalagens e papeis era um estilo de homicídio muito conhecido, praticado principalmente pelos soviéticos. O que começa a intrigar Allon, e algumas perguntas surgem em sua mente, mas principalmente no que há por trás dele.
Gabriel Allon é fenomenal, sua série é esplendorosa, poderia ser facilmente adaptada para uma série de televisão inacabável, tal qual seus livros. São muitos elementos abordados e que possuem o estilo de filmes e séries que já fizeram muito sucesso. Ele tem um detalhe ainda mais especial: é um livro que funciona muito, e principalmente, com o público masculino. É fácil ver mulheres não gostarem tanto de seu estilo, mas o autor traz uma construção que poucas vezes vimos chegar ao Brasil, transportando para as páginas pontos que chamam muito a atenção masculina em filmes ou até em jogos de vídeo game.
Isto é muito parecido com o que fazia o saudoso Tom Clancy, por exemplo, com suas obras cheias de estratégias de guerra e com tensão entre países. É bem parecido com o que Daniel Silva entrega em seus livros, sem muito romance, sem muita enrolação, mas com um teor estratégico imenso, para quem gosta deste estilo é imperdível.
Desta vez a história não está somente no assassinato, mas em como grupos extremistas ou mercenários se financiam para cometerem seus crimes, e é aí que entra a violoncelista. Teremos uma artista musical fazendo shows e trabalhando próxima a um dos bancos mais sujos do mundo, que financiou o nazismo, já que é óbvio que para praticar essas atrocidades você precisa de dinheiro, de MUITO dinheiro, e que obviamente não pode ser conseguido de maneira lícita, como também não pode ser transportado de um lugar para outro de forma fácil e aparente.
Mas existe um banco, assim como existiu durante o nazismo, que faz este tipo de trabalho, tornando dinheiro sujo em limpo, jogando a grana daqui pra lá, até que elas caiam nas mãos de terroristas.
O livro é sobre este banco, sobre como são financiados atentados terroristas. O assunto, para mim, soou como um absurdo genial, a ponto de me fazer pesquisar qual teria sido o banco durante o nazismo, já que ele é muito falado durante o livro, como sendo o mesmo banco que financia atualmente este novo grupo terrorista. Allon, primeiro precisará descobrir quem é o chefe do banco, para em seguida tentar pará-lo, sem saber se irá realmente conseguir.
A introdução da história, com um assassinato ali logo nas primeiras páginas pode enganar, fazer o leitor imaginar que irá ler um livro repleto de ação e tiros, mas não é o que acontece. O livro tem um desenvolvimento totalmente estratégico, o trabalho de Allon é compatível ao de um agente secreto de verdade, todo na surdina, investigando com calma, se esgueirando, usando disfarces. A tensão está em cima do fato dele poder ser descoberto ou uma guerra explodir antes que ele consiga frear as ações terroristas.,
Daniel Silva é um escritor experiente, sabe como prender a atenção do seu público-alvo, e coloca alguns detalhes para seus fãs em meio ao enredo, trazendo personagens antigos para a trama, como o próprio homem assassinado, que era um amigo que já tinha salvado a vida de Gabriel em outra obra, coisas que não atrapalham em nada a leitura de quem está conhecendo o agente secreto neste livro, mas que para quem já o acompanha a mais tempo, como é o meu caso, tornam a obra ainda mais especial.
O novo livro da série acabou de ser lançado lá nos Estados Unidos, uma daquelas obras que temos certeza de que chegará em breve por aqui, já que a Harper Collins tem trazido todos os livros do escritor para o Brasil. Na nova trama temos o espião em outro cenário, o das obras de arte, chamado “Portrait of An Unknown Woman” e vai levá-lo a investigar a transação de um quadro e o que existe de misterioso por trás daquela pintura.
Esta capacidade de colocar o leitor em lugares que quase nunca foram abordados em obra nenhuma, seja literária ou cinematográfica, faz sua literatura ser única e seus novos livros sempre terem um lugar reservado em minha estante. E aí, você já conhece Daniel Silva e o fabuloso Gabriel Allon?
- The Cellist
- Autor: Daniel Silva
- Tradução: André Gordirro
- Ano: 2022
- Editora: Harper Collins Brasil
- Páginas: 464
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