Queenie Jenkins tem 25 anos e é jamaicana-britânica. Ela é a única mulher negra trabalhando em um grande jornal de Londres. Após um fim de relacionamento de três anos, ela se vê precisando lidar com muitas questões internas. Além disso, sua autoestima não está das melhores, então isso vai fortalecer ainda mais o comportamento que ela assume depois do término do relacionamento. ela resolve buscar conforto com outros homens.

O problema é que Queenie não está em seu melhor momento, então ela começa a se envolver com homens problemáticos e que não fazem bem a ela. Além disso, traumas da sua infância vêm à tona, as comparações com suas amigas ficam maiores. Isso tudo vai mexer diretamente na sua identidade como mulher negra. 

Esse livro me pegou. Achei impressionante que mesmo o livro tendo como foco muitas questões raciais e a solidão da mulher negra, eu tenha me identificado com Queenie em várias questões que são universais às mulheres. Com um misto de humor e drama, a autora trabalha assuntos, como baixa autoestima, traumas, família, amizade, ansiedade e amor. Todos esses assuntos de forma muito real e complexa. 

“Tudo bem ser rejeitada, rejeição era uma grande parte da vida, mas eu tinha sido humilhada duas vezes no mesmo dia por dois homens que realmente haviam se esforçado para se certificar de que conseguiriam transar comigo.”

Mas o que mais impacta na trama é o modo como a autora trabalha o racismo, muitas vezes ela mostra como situações e falas do dia a dia que estão intrínsecas nas pessoas fazem parte de um racismo estrutural. Queenie em um momento delicado de sua vida, começa a transar com homens brancos que a desejam somente pelo fato de ela ser negra. Assim a autora fala sobre a objetificação e a hiper sexualização da mulher negra. 

Quando o tópico e o trabalho e a amizade, vemos a questão mais de solidão dela, pois suas amigas brancas não entendem o que ela passa. Além disso, é claro, no trabalho, sua dedicação tem que ser sempre maior. Eu fico muito triste quando reflito sobre essas questões, mas me sinto grata por poder ler esse livro e compreender como as mulheres negras se sentem em várias questões.

Em meio a esse mar de temas para refletir, a autora consegue ser leve em muitos momentos. Há várias situações engraçadas, Queenie me fez rir em vários momentos. E há muitos momentos legais dela com as amigas. Candice Carty-Williams tem uma escrita ótima e dosou tudo muito bem. 

Queenie é uma mulher linda, determinada, divertida e competente. Vamos ver ela fazendo escolhas que a levam a se prejudicar. Contudo, quando vemos que ela compreende que esse não deve ser o caminho a seguir, é ainda mais legal. A narrativa o tempo todo é de fácil identificação e eu ficava imaginando o que faria no lugar dela. Acredito que toda mulher já passou por algo que aconteceu na trama.

Queenie é um livro maravilhoso! Ela vai apresentar de forma bem estruturada relações tóxicas e questões psicológicas. Com um final que me deixou feliz, saí dessa leitura mais empática.

  • Queenie
  • Autor: Candice Carty-Williams
  • Tradução: Carolina Candido
  • Ano: 2021
  • Editora: Astral Cultural
  • Páginas: 352
  • Amazon

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