Cientista, vegana, visual marcante e cabelo — atualmente —, roxo. E talvez, quem sabe, um pequeno (enorme) vício em lingeries. Conheça Bree Konigswasser, com um sobrenome tão complicado quanto sua paixão de estudo: neurociência! Descolada demais para cientista e fofa demais para seu estilo, o que a torna mais autêntica aos olhos do leitor.
Em contraponto, Levi Ward, alto, olhos claros e um senso de moda altamente polido. O equilíbrio para a boa convivência… exceto que não. Quase rivais desde o começo, assim ao menos Bee pensa durante boa parte, ou quase toda sua vida acadêmica. E só reforça o pensamento ao chegar no seu mais novo emprego dos sonhos dando de cara com seu detestável colega lindo-charmoso-e totalmente nem aí pra ela. O que deveria ser um sonho na NASA, para ela pode ser um pesadelo de proporções espaciais! Ainda mais já chegando com o pé direito e deixando uma excelente impressão no primeiro dia.
“É uma verdade universalmente reconhecida que uma comunidade de mulheres tentando cuidar da própria vida deve estar querendo a opinião de um homem aleatório.”
Com tanta química que até Marie Curie* é invocada, o novo romance da autora Ali Hazelwood publicado no Brasil pela Arqueiro, traz a leve comédia tão amada pelos leitores, as informações que só alguém no ramo científico poderia nos propor com exatidões e diversão, e claro, a condição de quase vício ao querer devorar o livro numa tacada!
A narrativa tem tiradas engraçadas e bons diálogos envolvem o leitor do início ao fim, não apenas pelo possível romance, mas pelo ramo científico, amizade e a curiosidade sobre como um vegano sobrevive num café da manhã com apenas uma opção viável de guloseima para aplacar a vontade de doce.
Aqui vamos encontrar projetos, estudos, ocasionais momentos de convivência forçada e momentos de desabafo na internet com uma página no twitter que havia começado como desconto de frustração acadêmica e tornou-se farol, tanto para quem escreve quanto para quem lê (onde, curiosamente, Marie Curie é citada na história trazendo maior embasamento e uma pitada extra de diversão, afinal: @OQueMarieFaria?). E claro, como todo bom romance… o “vilão” chamado amor!
“O verdadeiro vilão é o amor: um isótopo instável, passando constantemente por uma desintegração nuclear espontânea. E ele vai ficar impune para sempre.”
Para os já fãs da autora, essa é uma leitura mais que obrigatória, tão bom quanto A Hipótese do Amor, com tantas ou mais reviravoltas, apesar de não usar a tática do fake-dating. Para quem ainda não se aventurou com a escrita de Ali Hazelwood, essa também pode ser uma boa pedida como porta de entrada. Sempre trazendo uma pitada ou outra de representatividade de forma fluida e natural, como o dia a dia deve ser. Com uma pitada de humor um tanto estranho, mas excelente no decorrer do livro.
O livro não aborda nenhum gatilho pesado, leitura recomendada a QUASE todas as idades, respeitando, claro, o 16+.
- Love on the Brain
- Autor: Ali Hazelwood
- Tradução: Raquel Zampil
- Ano: 2022
- Editora: Arqueiro
- Páginas: 336
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