Ao terminar de ler Me Ame ou Me Odeie, não consegui segurar os ânimos por saber que haveria uma continuação. Quando surgiu um trabalho universitário resolvi entrar em contato com a autora Maria Isabel de Mello, Bel como prefere ser chamada, para uma entrevista. Em um primeiro momento, nunca achei de fato que ela responderia, mas estou realmente agradecida pelo enorme prazer que me concedeu de seu tempo.
1- Bel, quando começou a escrever?
Comecei com 12 anos, com as fanfics no Spirit. Não me planejei nenhum pouco, simplesmente gostava de ler e pensei “hum, por que não tentar escrever uma?”. Desde então, não parei mais. E quando dava pausas e pensava em desistir, não aguentava muito tempo e logo voltava a criar minhas histórias. Ela ri no final com sua própria frase.
2- Me fale sobre sua família. Eles sempre a apoiaram nesta caminhada?
Como eu escrevia nas sombras de um pseudônimo até 2020, minha família não sabia de nada. Era algo meu. Minha válvula de escape e o momento em que todos os meus problemas desapareciam. Mas assim que parei de escrever pelo pseudônimo e comecei a usar meu nome, eu contei para eles. E a reação foi muito melhor do que eu esperava. Nós somos muito unidos, e eles me apoiam demais em cada etapa e fase da minha carreira.
3 – Qual seria plano B, se não fosse escritora?
Eu cursava nutrição, mas, apesar de ser algo que gosto muito, nunca pareceu 100% certo, sabe? Já a escrita, sempre fez meu coração bater mais forte.
Confira a resenha de Me Ame ou Me Odeie
4 – Você possui algum ritual de escrita? 5 – Fale um pouco de sua rotina atual.
Não. Minha rotina é a mais bagunçada possível. Às vezes gosto de escrever de tarde, às vezes de madrugada. A única coisa que não pode faltar é música (sorri). Adoro ouvir a playlist do livro quando estou escrevendo. Minha rotina se baseia em escrever. Nos dias da semana, vou à academia de manhã e depois chego em casa para trabalhar. Sendo uma autora com a versão online dos livros publicada de forma independente, meu trabalho vai muito além de apenas escrever. Tenho que contatar capistas, diagramadoras, influenciadoras e também preparar posts para a divulgação das histórias na internet, o que leva muito tempo.
5 – Que histórias você não vê ninguém se interessar?
Olha, sendo bem sincera, acho que quando você trabalha de forma independente, publicando suas histórias na Amazon, você percebe que o gênero mais “procurado” e lido é o romance. Autores de outros gêneros tendem a demorar mais para ganhar reconhecimento na plataforma. E digo isso porque fui uma delas, com “Além da Ponta do Iceberg”, um mistério que publiquei em março desse ano. A diferença de leitura desse livro para Me Ame ou Me Odeie é gritante.
6 – Acredita na existência de um núcleo fechado que dá privilégios apenas aos autores do exterior? E como você vê isso? O fator de depreciação ou melhor, de indiferença com escritores nacionais, começa nos leitores ou na indústria editorial?
Com certeza. Acredito que em ambos. O Brasil sempre foi muito coberto pela síndrome do vira-lata, que acredita que o que vem de fora é melhor. Hoje em dia, as editoras nacionais estão abrindo cada vez mais portas para autores brasileiros publicarem seus livros e serem reconhecidos cada vez mais. Algumas, inclusive, acolhendo escritores independentes. Em relação aos leitores, muitos ainda têm o preconceito que diz que “todo livro nacional é ruim”. O que não faz sentido, já que é necessário entender que “livros nacionais” não são um gênero. São histórias, criadas e planejadas por pessoas, assim como as que vêm de fora. Os autores nacionais, além de serem mais cobrados pelos leitores, também são muito generalizados. Não é só porque você leu um livro de um escritor brasileiro que não te agradou, que todos os outros são ruins. Assim como os gringos, vão existir livros que não te agradam. E isso é normal, mas não significa que todos são ruins.
7 – Diante de um cenário onde o número de leitores no Brasil é menor do que maior, pensa que há alguma relação ou influência com a obrigatoriedade de leitura dos clássicos da literatura nacional em escolas?
Com certeza. Apesar de ser importante para o conhecimento, quando escolas entregam livros clássicos para crianças de 11 anos, elas estão a apresentando a um mundo que não conhecem, com palavras complicadas demais. E isso dificulta a criação do gosto pela leitura. Eu costumo muito dizer que “se você não gosta de ler, é porque ainda não encontrou o livro certo para você” e acho que essa é a mais pura verdade (ri). Digo por experiência própria. Na escola da minha prima, por exemplo, a professora de leitura pediu recomendação de livro para os alunos. E quando começou a trabalhar em cima do que foi pedido por alguns deles, ficou extremamente nítido o aumento do interesse nas aulas e nas histórias escolhidas.
8 – Soubemos que a vida de escritor não é fácil por vários motivos, mas quais são os desafios de uma jovem escritora ?
Muitas vezes eu esqueço que tenho que viver a minha vida, longe do trabalho. A escrita é o ar que eu respiro, e se não tomar cuidado, posso facilmente passar meus dias e noites em frente ao computador, apenas trabalhando. Outro ponto é que demora um pouco até que você faça com que as pessoas ao seu redor, que convivem com você diariamente, levem o seu trabalho a sério (sem incluir minha família aqui, porque eles sempre reconheceram). Antes da publicação de Me Ame ou Me Odeie, eu via que muitas pessoas ainda consideravam o que eu fazia como uma brincadeira ou um passatempo.
9 – E por fim, o que podemos esperar de Fora do Eixo, continuação de Me Ame ou Me Odeie?
Um casal caótico e fofo ao mesmo tempo, diferente de tudo que já escrevi. Costumo dizer que cada história é única, e Austin e Riley estão me mostrando isso cada vez mais. Quando tive a ideia do livro, não imaginava que ele fosse tomar o caminho que tomou, mas (mais uma vez) fui surpreendida pelos meus personagens, que parecem insistir em não seguir o roteiro. Austin Crawford veio para me ensinar muito, assim como a Riley. Com um namoro proibido, um segredo e uma amizade colorida, esses dois estão alegrando meus dias. Fora do Eixo é um dos livros mais leves que já escrevi, focado em ser uma comédia romântica. Espero que com ele, consiga levar reflexões para os meus leitores, além de arrancar algumas boas risadas.
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