A Maldição do Ex | Rachel Hawkins

Vivienne sofreu uma grande decepção amorosa quando descobriu que Rhys, o homem que amava, estava prometido para outra mulher. Vindo de uma família de bruxos de renome, ele teve um compromisso indesejado selado por seu pai, mas antes que pudesse contar esse pequeno detalhe, Vivi descobriu tudo e não quis mais ouvir suas explicações.

Chateada e depois de se entorpecer com muita bebida, algo extremamente não recomendado para quem curte usar magia em momentos de desespero, ela e a prima decidem lançar uma maldição, só de brincadeirinha, a título de vingança, em cima do ex-namorado. Era simplesmente injusto imaginar que Rhys deveria sair sem consequências depois do término conturbado, pois era impossível aceitar que ele tivesse esquecido de falar sobre um detalhe tão importante para o casal.

Naquela noite de afogar as mágoas, tudo parecia uma grande farsa, um ato bobo para duas jovens que se apoiavam em uma situação de coração partido. Além do mais, Vivi demorou para ter conhecimento de sua herança mágica, o que a levava a pensar que seria incapaz de amaldiçoar alguém de verdade.

– Vivi, se a gente fosse mesmo capaz de amaldiçoar pessoas, aquela ridícula que sempre me dá leite integral quando eu peço de soja no Café Caldeirão estaria morta a essa altura…

Entretanto, por mais ilógico que parecesse, sua praga atinge Rhys em cheio e anos depois a cidade de Graves Glen, onde mora, acaba em perigo devido à sua peripécia com a magia. O pai de Rhys envia o filho para lidar com as linhas de ley da cidade, mas por conta da maldição o poder é canalizado de maneira errada, fazendo com que fantasmas e outras coisas mágicas saiam de controle. Agora, ela e o ex precisarão superar a raiva que sentem um do outro para salvar a magia da cair em ruína.

Um livro totalmente hilário, com diversas cenas que me fizeram gargalhar, cheio de diálogos espirituosos e uma dose de romance na medida certa.

O casal protagonista é no estilo “haters to lovers” (do ódio ao amor) e têm uma química maravilhosa, mesmo em momentos onde seria impossível imaginar uma tensão amorosa (vide a cena da casal mal assombrada). A autora conseguiu trazer leveza na hora de trabalhar a grande maldição imposta à cidadezinha e criou personagens secundários que mereciam, inclusive, livros à parte, pois são igualmente interessantes.

Rhys e Vivi se desentendem ao longo de todo o processo, mas nunca deixam de demonstrar que, apesar dos anos, o sentimento que compartilharam no passado os marcou para sempre, e a tensão romântico paira entre os dois em todos os olhares e toques. O protagonista é encantador e, por incrível que pareça, lida com toda a situação, inclusive a maldição, de maneira leve e divertida, pois tem um jeito brincalhão e despojado.

Destaque para a própria Graves Glen, um lugar cheio de estilo próprio e super bem ambientado. Deu até vontade de conhecer pessoalmente, se existisse de verdade.

Claro que, como todo romance que opta por uma solução mais clichê, o final fica previsível, mas ainda assim foi extremamente satisfatório e me deixou muito contente. É claro que o casal vai terminar junto, óbvio, mas mesmo assim eu adorei acompanhar essa trama incrível e cheia de personalidade.

Queria mesmo era que esse livro fosse maior, pois adoraria saber mais sobre a ascendência da Vivi e a razão de sua mãe ter deixado ela às cegas quanto ao seu lado bruxa, entender como ela aprendeu sobre sua magia e a forma como tudo isso a transformou. O lapso de tempo entre a maldição lançada e o reencontro do casal poderia ser menor ou melhor explicado, pois na realidade eles só estiveram juntos por três meses, o que na minha cabeça não justificaria uma reação tão passional no instante em que o destino os reúne novamente.

Outra coisa que poderia ter sido mais abordada era a relação de Rhys com sua família e as razões de seu pai ser um cara tão ranzinza e apegado aos valores de sua família bruxa, ao ponto de viver em casas ao estilo gótico extremamente caricaturais.

Por fim, queria dizer que essa leitura foi super rápida e me lembrou bastante o estilo de escrita da Ali Hazelwood, que eu amo. O humor sagaz e inteligente da autora foi o ponto forte dessa narrativa e, embora esse não seja nem de perto o meu livro favorito do ao, é impossível deixar de recomendá-lo por aqui. Super, super recomendo e, já aviso, prepare-se para chorar de rir.