Skyhunter: A Arma Secreta | Marie Lu

Skyhunter: A Arma Secreta, da autora Marie Lu, é o primeiro volume da duologia Skyhunter. O segundo livro também já foi lançado no Brasil, com o nome de Skyhunter: A Foice de Ferro. Na trama, que se passa muitos anos no futuro, Mara, a última nação independente da terra, resiste à Federação de Karensa que está disposta a dominar esse país.

Talin é uma Foice de Mara, guerreira do exército mareano preparada para matar os Fantasmas, seres brutais criados em laboratórios. Em uma luta contra um fantasma, o escudo de Mara acaba morrendo, trazendo para ela um momento complicado. Contudo, o inesperado acontece, quando Talin resolve salvar um prisioneiro que está para ser executado. Red, um desertor, desperta o interesse da guerreira, que acredita que ele tem segredos que quer levar para a morte junto com ele. Ao conhecer melhor Red, Talin começa a acreditar que ele é a peça central para acabar com a guerra contra a Federação. Mas nada será fácil para essa dupla e quanto mais eles descobrem, mais eles correm perigo.

Essa foi minha primeira leitura dos livros da Marie Lu. A autora já é famosa em seus lançamentos, mas eu confesso que nunca tive curiosidade. Mas, por forças do universo, Skyhunter chegou até mim. A escrita da autora é muito gostosa e fluida, ela é do tipo que joga a informação e vamos descobrindo mais sobre as coisas, como objetivos universo aos poucos. Eu gosto de livros assim, pois vou construindo aos poucos a realidade apresentada.

Talin não nasceu em Mara, ela é uma refugiada, junto com sua mãe. Talin depois de muita luta conseguiu ser uma guerreira, contudo, por ser uma forasteira ela sofre preconceito. Quando perde seu parceiro e escudo para um fantasma, Talin precisa lidar com o luto e com a resistência do povo. Gostei bastante de Talin, ela é muito determinada e está disposta a cumprir seu propósito.

“Isso é o que a Federação faz conosco. Ele planta essas memórias horríveis em nossas mentes até que nossos corações se tornem vazios.”

Red é um personagem muito peculiar para mim. Eu estava gostando muito dele e da relação que ele cria com Talin, contudo durante a narrativa algo na relação se perdeu pra mim pela facilidade que a autora dá para uma problemática na trama. Marie Lu coloca a barreira da fala entre eles, e eu adoro esse tipo de obstáculo no diálogo de personagens. Isso deixa tudo muito legal a partir do momento que temos personagens que usam a linguagem de sinais para comunicação. Mas, como eu disse, chega em um momento da trama que a linguagem é facilitada e eu não gostei muito disso.

Temos também mais dois personagens, Adena e Jeran, que também são foices. Eles têm papéis importantes dentro da trama. A autora dá um bom desenvolvimento para eles, assim facilitando nossa empatia para com eles. A mãe de Talin também é peça chave na trama, e a relação das duas é muito forte.

Eu gosto muito de ler distopias, mas algo neste livro me fez relacionar ele com fantasia. Durante toda a leitura, eu esquecia que estávamos em um futuro distópico. Aqui, cinco mil anos no futuro, muitos acontecimentos levaram a terra principalmente à regressão tecnológica. Dá para perceber também como o mundo é assolado pela miséria. Há uma questão muito importante a ser discutida através dos refugiados.

Eu gostei muito do começo do livro e da apresentação dos Fantasmas. O modo como a autora descreveu eles, deixou esses seres bem cruéis e assustadores. As cenas de luta entre as foices e os fantasmas são muito bem apresentadas e cheias de energia. A história por trás da criação dos fantasmas também é muito interessante. Foi de longe o que eu mais gostei no livro.

Eu não sabia o que esperar dessa leitura, tive meus altos e baixos, mas é uma história com bons elementos. A autora segue por escolhas clichês durante a trama, mas como há elementos diferentes, acaba que eles falam mais alto. Há guerras acontecendo, um mundo cheio de caos e questões envolvendo o descarte incorreto de lixos eletrônicos e tóxicos. Skyhunter é uma distopia interessante e cheia de elementos para refletir sobre nosso futuro. Além disso, há muitas questões sobre identidade, pertencimento e amizade. Estou curiosa sobre o desfecho dessa história.