Mackenzie Cabot vem de uma família rica. O pai é da política e vive um casamento de “comercial de margarina” com sua mãe, exigindo da garota um comportamento rígido e exemplar, baseado no futuro que eles planejaram para ela. Mas, Mac sempre tentou lutar pela sua individualidade, ainda que Preston, seu namorado de mais de quatro anos também baseie seus passos de acordo com a cartilha da família.
Se eu aprendi alguma coisa com as comédias românticas, foi que não se deve ter amizade com pessoas por quem nos sentimos atraídos.
Já Cooper, um mocinho bonitão da cidadezinha, que tem um irmão gêmeo, trabalha dobrado para conseguir se sustentar depois que os pais foram embora. Ele sente raiva da alta sociedade de Avalon Bay, a quem chama de clones, e depois de uma briga séria com Preston durante um trabalho no bar local, decide se vingar fazendo uma aposta ousada: conquistar a namorada de seu inimigo e humilhar os dois em público com essa infidelidade.
O problema é que Mac é super certinha e, também, muito mais do que uma garota padrão. A amizade dos dois vira admiração quando percebem que, mesmo sendo tão diferentes, compartilham de valores parecidos e têm o mesmo desejo poderoso de realizar seus sonhos. A grande virada agora é que levar esse esquema de vingança adiante não vai ser tão fácil depois que ele acaba se apaixonando pela menina boazinha dos clones.
Viver sem alegria, sem a expectativa de que o futuro pode ser extraordinário, isso acaba com a alma da pessoa.
Esse é um livro com uma boa carga dramática e que me remeteu aos filmes antigos de romance que passavam na Sessão da Tarde e, mesmo sendo bem água com açúcar, entrega uma trama que entretém até o final, pois flui super bem, ainda que a gente já saiba como vá terminar.
Mac não tem nada de boa garota nessa história, pelo contrário. Essa, provavelmente, é a visão que o mocinho tem sobre ela, pois a moça se envolve rapidamente com Cooper, mesmo tendo namorado e se gabando dessa união perfeita. A falta de novidade no seu relacionamento atual e a previsibilidade do futuro provocam esse fascínio pelo perigo e ela percebe que talvez não queira continuar agindo como certinha e decide se arriscar.
O romance evolui na medida em que eles trocam confidências sobre a vida e tudo pelo que já passaram. Embora vivam realidades diferentes, são carentes de um cuidado familiar e ambos enxergam um no outro o que precisam para serem felizes.
Infelizmente, a trama poderia desenvolver melhor as amizades de Mac, que são escassas, ao invés de trazer tanta rivalidade feminina, que é algo desnecessário e improdutivo para um enredo que seria mais forte se optasse pela sororidade. As garotas desse livro são coniventes com o plano maldoso de Cooper e chega a ser perverso ver que elas não se importam com os sentimentos da menina, que nada teve a ver com a briga de bar de Preston e do mocinho, aliás, ela nem sabe que o namorado é uma pessoa horrível até a metade da leitura. A própria colega de quarto dela ficou de escanteio na narrativa, mas merecia mais atenção, pois é uma personagem que apresenta a Mac as possibilidades de viver a vida como bem entende, sem as amarras da família.
Confira a série Amores Improváveis
Mesmo assim, consegui ler super rápido e acho que a autora soube prender a atenção do leitor até o desfecho, quando a farsa de Cooper e sua aposta para ficar com a garota são reveladas.
Essa foi minha terceira tentativa com a Elle Kennedy. No passado eu li os dois primeiros volumes da série Amores Improváveis e não consegui dar seguimento nas histórias, mas acredito que ela evoluiu bastante na escrita e, dessa vez, entregou uma leitura que cumpre o que promete: um romance de verão divertido e envolvente.
- The Good Girl Complex
- Autor: Elle Kennedy
- Tradução: Alexandre Boide
- Ano: 2023
- Editora: Paralela
- Páginas: 352
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