Aos jovens — talvez não tão jovens assim —, não há no grupo quem não conheça o célebre Chandler Bing. Famoso no grupo de seis amigos (Friends), sendo sem sombra de dúvidas um dos melhores personagens da eterna sitcom mais vista. Entretanto, há o lado por trás de toda essa fama, e existe o ator por trás do personagem: Matthew Perry.
Em Amigos, Amores e Aquela Coisa Terrível, somos guiados de modo linear pela vida do famoso ator. Por seus trabalhos antes de Friends, série que mudou sua vida da água pro vinho, por seus amigos não famosos e nomes conhecidos e citados em cada virar de página.
Seremos apresentados para seus amores, seus erros, e claro, seus vícios. O que acabou guiando-o desde pequeno, levando uma vida conturbada, pais separados, viagens de avião que marcariam o ator pelo resto de sua vida. Perdas de amigos inestimáveis, e claro, a terrível ideia de abrir mão de seus amores por medo de perdê-los.
Idas e mais idas à clínica de reabilitação e centros cirúrgicos. Bebidas, cigarros, remédios que causariam dependência que foram introduzidos na vida do ator antes mesmo de ter a capacidade de falar e escolher.
“Não sou suficiente, não faço diferença, sou carente demais. São pensamentos que me deixam desconfortável. Preciso de amor, mas não confio nele. Se eu baixar a guarda, se eu deixar o Chandler de lado e mostrar quem sou de verdade, talvez você me note, ou pior: talvez você me note e me abandone.”
Com pais que eram fadados a um casamento fracassado, Matthew cresceu criado por sua mãe no Canadá. Uma mulher que se consolidou na política na época trabalhando ao lado do ministro canadense, casando-se depois e construindo uma família na qual o filho mais velho já não se encaixava mais. Abrindo assim as portas para uma mudança de ares, com Matthew indo morar com seu pai em LA, que possuía um rosto famoso por ser a cara de um dos desodorantes mais citados lá fora (EUA).
Terra nova, sonhos novos, visto que o que achava que seria sua profissão dos sonhos (tênis) não o levou longe. Não demorou muito que ator entrasse então no mundo da TV com papéis pequenos e que logo alavancariam sua carreira, deixando o pai para trás. Com tudo isso em jogo, recorrer à alívios momentâneos talvez tenha sido o erro mais recorrente do ator carismático.
“Eu era apenas um garoto do Canadá que realizou todos os seus sonhos. Mas eles eram simplesmente os sonhos errados. E, em vez de desistir, eu mudei e encontrei novos.”
Na época, com milhões na conta, Julia Roberts como namorada, Friends em alta do começo ao fim, ainda assim o vazio que Matthew Perry era preenchido com álcool, opioides e remédios para cortar o barato e ficar acordado. Uma vida que cobrou seu preço. Físico e emocional.
Ainda assim, em Amigos, Amores e Aquela coisa Terrível, vemos como o estimado ator conseguiu reencontrar seu caminho fora do vício, dando um passo de cada vez.
Emocionante do início ao fim, não tem como não se apegar à triste história de um garotinho no voo comercial que impactou toda sua vida ao longo das viagens. Dos amores que perdeu e dos amigos que fez para o resto da vida.
Esse é um livro digno de nota, de leitura e de reconhecimento. Um grito de socorro. Sem dúvidas uma das melhores leituras do mês apesar de seu peso e narrativa quase visceral. Leitura obrigatória para você que é fã de Friends e quer conhecer o lado de um dos rostos mais famosos de uma geração.
Aviso, claro, para quem tem sensibilidade com certos tópicos, atentar-se a isso! O livro abordará: vícios em álcool, opioides, descrições de dor e tratamentos cirúrgicos.
- Friends, Lovers, and the big terrible thing: A memoir
- Autor: Matthew Perry
- Tradução: Carolina Simmer
- Ano: 2022
- Editora: Best Seller
- Páginas: 294
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