Não Era para Ser uma História de Amor – Sarah Adler

Após perder uma grande amiga, Millie resolve gastar todas as suas economias para levar as cinzas da Sra. Nash até sua antiga paixão do passado que está sob cuidados paliativos em um lar para idosos. Naquela época da Segunda Grande Guerra, a paixão entre as duas mulheres era algo tolerado, entretanto jamais seria aceito pela sociedade. Por isso, elas viveram esse amor enquanto puderam, até que os anos e as circunstâncias as separaram por conta de um mal entendido.

Você sempre deve fazer o que é certo para si mesma, Millie. O que é certo para os outros não importa, porque você é a única pessoa que vai ter que viver com as suas decisões.

Durante sua rápida permanência no aeroporto, tudo começa a dar errado para Millie quando o sistema aéreo sofre um problema e agora só resta fazer a longa viagem até Key West de carro. Sua companhia de última hora é Hollis, escritor, amigo do seu ex, com olhos heterocromáticos, um humor azedo e sarcástico. Eles já se conheceram no passado, mas seu rosto se perdeu em meio a relação problemática de Millie com o antigo namorado.

Ela não tem medo de sua cara feia, até porque todo o resto lhe enche os olhos e a faz suspirar. Talvez essa viagem seja tudo o que eles precisam para descobrir se o amor verdadeiro ainda pode existir, mesmo num curto espaço de tempo. Será?

Aos 45 do segundo tempo, veio aí o melhor romance romântico de 2023. Um grumpy-sunshine que vai te render boas gargalhadas e uma dose de realidade no limite certo para fazer dessa história uma ótima trama contemporânea que poderia sim acontecer na vida real. Sarah Adler já entrou no meu rol de autoras favoritas depois dessa leitura.

Eu adorei a interação desse casal que tinha tudo para dar errado, mas que encontrou algo único dentro da situação cômica que acabaram vivendo juntos. Foram passagens divertidas, que mesclaram o passado da Sra. Nash e seu romance mal resolvido com o presente dos protagonistas tentando resistir um ao outro enquanto vivem uma sequência de eventos caóticos durante o trajeto.

O lance do casal acontece rapidamente, mas não chega a ser um amor à primeira vista na minha opinião. Hollis é totalmente fisgado pela personalidade reluzente de Millie e sua predisposição em ver o melhor nas pessoas, ainda que isso deixe seu senso de autopreservação deturpado, algo que tira o mocinho do sério.

Todas as cenas da trama têm um lado engraçado e me deixaram completamente rendida pelo enredo, tanto do passado, quanto do presente.

…de repente entendo que não foi no ‘para sempre’ que eu quase perdi a fé. Foi nos milhões de ‘agora’ ao longo do caminho.

O livro também é recheado dos clichês mais queridinhos do gênero como “só tem uma cama”, aproximação forçada, haters to lovers, etc. Um verdadeiro deleite para quem gosta de leituras que tragam uma sensação gostosa no final, ainda que a gente já saiba como a narrativa vai terminar.

Só tenho elogios para esse romance e espero muito que a editora traga outros livros da autora.