Após sair da minha sessão de Duna: Parte 2, percebi que não haveria escapatória, eu chegaria em casa e e imediatamente começaria a leitura de Duna, de Frank Herbert. Essa é a segunda vez que sinto isso, a primeira foi em 2021 com a primeira parte do longa, sentimento esse que só reapareceu graças a excelente adaptação de Denis Villeneuve.

São três horas de um roteiro bem escrito, ritmo impecável, som (Hans Zimmer) e fotografia formidáveis. Quando as luzes se acendem você lamenta pelo fim e anseia pela continuação, fato óbvio para um filme tão bem executado e de um universo bem explorado.

Quando comecei a pensar sobre o que escreveria, percebi que me falta repertório para conseguir desmiuçar essa adaptação, para quem sabe assim, encontrar algo passível de crítica, como não encontrei nada digno de nota, tecerei apenas elogios.

Após ter sido traído pelo Imperium, Paul Atreides (Timothée Chalamet) e Lady Jessica (Rebecca Ferguson) se aliam aos Fremen para buscar vingança. Porém, muito mais do que uma aventura em busca de redenção e da repetitiva jornada do herói, Duna nos apresenta uma trama rica e memorável, uma jornada mística em torno do nascimento de Lisan Al-Gaib, o prometido. É assim que a evolução de Paul como essa possível figura é notada, do herdeiro que busca vingança, a um líder disposto a enfrentar uma guerra santa.

Seguindo essa cronologia, o que me fascina nesta obra é a irmandade das Bene Gesserit. Essas mulheres são a força dessa história, elas estão presentes nos dois principais polos deste universo, no político e no religioso. A manutenção dessas vertentes e da relevância da irmandade as mantém no poder e no controle de Arrakis, mesmo com uma figura masculina a frente. São as Bene Gesserit que regem as peças desse jogo, mantendo as memórias e profecias vivas.

E por mais que essa parte da história me fascine, destacar só alguns núcleos neste texto é quase que injusto. Contando com um grande elenco, podemos dizer que Duna deve levar todos os públicos para os cinemas. Atores e atrizes se sobressaem com atuações convictas e dignas de seus personagens e isso só é possível de captar devido ao tempo de tela que Villeneuve separa para contar todas as histórias subjacentes. Destaque aqui para Chani (Zendaya), que finalmente ganha mais destaque e para Stilgar (Javier Bardem), no seu papel fundamental como líder na trajetória de Paul como o “escolhido”.

Mesmo achando que nada do que escrevi aqui seja digno do que assisti, só quero destacar que Duna é uma experiência única, uma adaptação que honra sua obra, que é complexa e refinada, cheia de nuances detalhadamente percebidas pelo olhar preciso de Denis Villeneuve. O cineasta captou toda essência e complexidade do universo criado por Frank Herbert, tal feito após adaptações nada favoráveis. Dito isso, Duna: Parte 2 consegue ser melhor que seu introdutório sucessor e como é bom quando isso acontece.

Confira a crítica de Duna: Parte 1

Enquanto muitas perguntas ficaram sem respostas durante o primeiro filme, neste segundo somos jogados finalmente para esse universo e a imersão é impactante e de arrepiar. Separe três horas do seu dia e vá aos cinemas, eu garanto que, você fã de uma boa ficção científica, será muito bem recompensado.

Avaliação: 5 de 5.

Assista ao trailer

  • Dune: Part Two
  • Lançamento: 2024
  • Com: Timothée Chalamet, Zendaya, Rebecca Ferguson
  • Gênero: Ficção Científica
  • Direção: Denis Villeneuve

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